quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Benção: receber ou ofertar.



“Seja uma benção para os outros. Pode ser a sua ultima chance!”  Eclesiastes 11:2.

             A palavra ‘benção’ está ligada á palavra latina ‘benedit’ que significa ‘fazer o bem’. Assim, benção não é necessariamente algo que se recebe mas aquilo que se oferece. O uso original da palavra tinha mais a ver com uma ação  de doar. Ser uma benção implica em ter tornado a vida de alguém neste mundo um pouco melhor e menos desigual. Significa ter feito a diferença e sinalizado a Graça de Deus em ambientes onde nada seria diferente por falta de participação e de disponibilidade em ajudar. È preciso romper com a tendência em fazer da vida uma série de ganhos e acúmulos que vão apenas se somando e nos fazendo concluir que o objetivo de tudo é lutar para não perder nada e chegar ao topo.


               Nossa geração é fortemente marcada pelo narcisismo e estamos cercados o tempo todo de homens e mulheres que agem como crianças mimadas, reclamando que não lhe deram o que mereciam, nem supriram o que precisavam, nem os trataram como eles desejavam. O verdadeiro sofrimento não é aquele que resulta das feridas que a vida causou, comuns a todos os seres humanos. È por isso que sempre vamos encontrar alguém que está em piores condições do que nós. O sofrimento verdadeiro acontece quando concluímos que nós somos o centro de tudo e que as pessoas nos devem: amor, respeito, carinho, afeto, consideração, elogios, recompensas.



          Esse é o pior tipo de prisão que um ser humano pode receber porque o impede de enxergar que seu histórico, permeado de alegrias e tristezas, é, na verdade, uma ferramenta que Deus quer usar para socorrer outros carentes. Que tudo que aconteceu conosco tem um objetivo – ser utilizado para ajudar quem está passando pela mesma condição. Deus nos conforta por meio de outros que nos repassam suas lutas e como conseguiram supera-las. Deus nos ajuda por meio das mãos abertas de outros que não se negam a colaborar. Deus se faz presente na dor quando comparecemos na dor de quem sofre.

   
               Nós podemos representa-lo neste mundo, como Jesus deixou claro no seu sermão de despedida:"Afirmo esta verdade solene: toda vez que vocês fizeram essas coisas a algum marginalizado ou excluído, aquele era eu - estavam ajudando a mim". Mateus 25:40. Precisamos parar de pedir as bênçãos de Deus, até porque estas já estão garantidas para aqueles que fazem a sua vontade. Consulte o texto biblico de  Deuteronomio 28:1-3. Quando optamos em nos tornar uma benção, Deus aparecerá naquelas situações desesperadoras e naqueles lugares miseráveis. Nossa vida terá um sentido, uma finalidade. E seremos conhecidos não pela quantidade de coisas e de dinheiro que ajuntamos, mas pelo coração bondoso e cheio de amor.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

GENTILEZA.




“Não como mandões, dizendo aos outros o que fazer, mas apontando o caminho com toda a gentileza”. 1 Pedro 5.3.

             Lidar com pessoas é, sobretudo, um grande exercício de paciência  Envolve mais do que dar ordens e comandar. Inclui participar de demandas que aparecem em qualquer núcleo corporativo e familiar: tristezas, crises, medos. Pedro diz que cuidar das pessoas é participar dos sofrimentos de Cristo. “Tenho uma preocupação especial por vocês. Sei o que é ser líder, participar dos sofrimentos de Cristo e também da gloria futura”. 1 Pedro 5.1.

           É mais simples dar ordens e condenar uma atitude não esperada, mas nem sempre essa é a melhor estratégia na abordagem dos conflitos.


           A Bíblia conta a historia de Balaão, contratado para amaldiçoar o povo de Israel. Enquanto ele teimava em viajar até a cidade para fazer o serviço, a sua mula apertou seu pé contra um muro. Ele a espancou sem pena até que Deus a fez falar, dizendo que ela nunca lhe tinha feito nenhum mal para ser espancada. Se a agressividade não funciona nem com animais, menos ainda com as pessoas com quem vivemos. Amar é se dispor a detectar alguma necessidade e ajudar a supri-la, antes de exigir qualquer mudança de alguém.



            Para Pedro, a verdadeira tarefa de um líder é mostrar como fazer e não simplesmente detectar e apontar o erro. Em todas as instancias onde existam relacionamentos existe a tendência em querer somente aferir a quantidade de imperfeições. Nas empresas, igrejas, lares, nas escolas, aqueles que não se comportam de um determinado modo esperado são rotulados. É muito mais fácil condenar aqueles que não atingiram certas metas  e exclui-los porque assim se cria a falsa sensação de que se possui o controle sobre um grupo. Mas o chamado de Deus é que ajudemos uns aos outros a nos erguermos e superarmos determinadas atitudes que prejudicam.

               O objetivo de Deus é sempre nos curar mas a sua terapia é permeada de acolhimento, bondade e gentileza. Primeiro ele nos garante que nos recebe, mesmo com todos os nossos pecados e depois ele nos convoca a contar com ele para aprendermos a fazer o que é certo. Não adianta apenas dizer a alguém que está errado e que se distanciou do caminho – mais do que isso, é necessário caminhar ao lado de quem está caído para auxilia-lo a voltar para o caminho. 

        Quando eu fazia meu estágio para conclusão do curso de Pedagogia, acompanhei uma 'classe problema' em determinada escola. A direção, os professores e a coordenação diziam que aqueles eram os piores alunos da instituição porque seus lares eram desestruturados e todos procediam de um mesmo bairro carente e marcado pela violência  Ouvi e entrevistei cada aluno, num total de 30. Deste total, apenas 5 eram do tal bairro; 3 não identificaram qual a profissão dos pais, e somente 10 viviam com um dos genitores. O restante era procedente de diversos bairros, com família estruturada(pai e mãe) e com profissão reconhecida dos mesmos.

          O verdadeiro 'problema' era a generalização daqueles educadores, forjada em preconceitos e desconhecimento da verdadeira realidade.

          Quando Jesus ressuscitou, ele se reencontrou com Pedro, que o negara antes por 3 vezes, mas, em nenhum momento o condenou pela traição- apenas o convidou para prosseguir e ajuda-lo a pastorear outros.

          Pessoas podem mudar com gentileza, dedicação, e amor. Será  que temos disposição para acreditar nisso?