sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Primeiro eu vou viver.



Ontem eu falava para um grupo de jovens em recuperação sobre o dia em que Jesus se deparou com um homem de uma região chamada Gadara. Este homem há muito tempo havia se tornado o personagem da cidade devido a motivos nada agradáveis.

Ele tinha saído do convívio da sua família, tinha mania de andar nu, era violento e morava no cemitério. Encontrar com alguém assim na rua não devia ser uma experiencia desejável. 

Para piorar, ele era habitado por uma comunidade de maus espíritos que o atormentavam dia e noite, meses e anos. Jesus chega naquelas terras e liberta o homem que estava sob o domínio do mal.
E o texto sagrado diz que este mesmo homem, antes nu, agora está vestido. Antes violento, agora está assentado em perfeito juízo. Sem mais um lar, agora retorna para sua família.

 Perturbação, agitação, inquietação. Isso soa familiar para você?

 O século 21 é chamado de ‘era do estresse e da depressão’. Não porque seja um século dominado por demônios. Mas porque sutilmente foram impostas a nós culturas mais desenvolvidas (?) baseadas no comercio e consumo. 

Pressionados pelo culto ao tempo e ao dinheiro nós vivemos com as costas pesadas de tanto carregar pesos que nos levem a estarmos minimamente ajustados á pressão por enquadramento e ‘normalidade’.

Me refiro ao fato de que somos cobrados para viver dentro de um ‘padrão’. E tal padrão se baseia na capacidade de consumo e de produção. Mais produzimos para mais consumirmos. Mais consumimos e precisamos produzir mais. Neste circulo vicioso a vida em si tem pouco espaço para existir a não ser em pausas pequenas de intervalo.

Os intervalos são o que nós permitimos para que a vida aconteça. Um fim de semana, umas horas durante o dia, umas férias cada ano. No mais é produzir e consumir. Trabalhar, ter e gastar. Trabalhar e pagar o que gastamos.  Seríamos nós prisioneiros de um espirito de aprisionamento? O espirito desta era de hiperconsumo?

Comentei esta semana com um grupo de amigos uma reportagem que assisti de uma casa que abriu em São Paulo destinada a promover encontros de pessoas reais para jogar xadrez, dama, ludo, e outros jogos de tabuleiro. Com direito a degustação e professor para ensinar quem não saiba o jogo. A casa está fazendo o maior sucesso e não é por acaso.

As pessoas sempre desejaram o olho no olho, conversar sem a interrupção do celular, abraçar sem olhar o relógio, divertirem-se sem o mundo virtual. Viver, enfim. Este é um exemplo moderno da busca por reencontro com a vida. 

Uma vivência que nos liberte da obrigação pelo estar adequado e nos leve ao prazer da vida simples. Eu já tomei decisões neste sentido. Meu WhatsApp não fica conectado o tempo todo. Depois eu leio e-mails, depois eu vejo postagens, depois eu olho a tela.
Primeiro eu vou viver.
Caleb Mattos.

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Você pode vencer o diabo e ser feliz.



As três tentações que Jesus sofreu do diabo foram diferentes quanto á oferta, mas não quanto á essência. Tudo que vem do maligno tem uma capa de sutileza, de escondido, de estratégico, como uma armadilha fatal. Ele não diz tudo o que de fato pretende quando nos tenta. Sua característica é omitir para não ser facilmente descoberto.

Jesus foi tentado a comer na hora da fome, transformando pedra em pão. Foi tentado a se jogar do alto do templo para ser apanhado pelos anjos nas mãos. Foi tentado a possuir glorias e riquezas dos reinos do mundo em troca de adorar o mentiroso. A tríplice tentativa de derrubar Jesus foi, no entanto, unida num mesmo objetivo. Porque o diabo é chamado de ‘Satanás’ uma palavra grega que significa ‘acusador’. 

Ele faz isso desde o principio de tudo.
O dedo apontado é a sua marca registrada. Por trás de cada tentação estava uma ordem dirigida ao Filho de Deus: ‘Prove para mim, prove para você’. A sugestão era que Cristo tivesse como ser humano duvidas sobre sua verdadeira personalidade e valor. Na medida em que o diabo pede para ele provar quem é está tentando confundir a mente do Salvador com a possibilidade de ele não ser realmente quem acredita.

Pense um pouco e veja se não é essa também a mesma coisa que ele continua a fazer com cada um de nós. Todos os momentos em que nos levantamos para empreender aquilo que sabemos termos sido capacitados para realizar, com um senso de missão a cumprir, bate por alguns momentos aquela insegurança se realmente somos a pessoa certa para aquilo, se não é arrogância, pretensão da nossa parte assumir tal compromisso.

Diminuir nosso valor e nos fazer caminhar pela senda da desvalorização pessoal é o que o acusador tem como especialidade. Mesmo quando não acertamos, ainda que querendo acertar, ele envia dos infernos acusações inúmeras que poluem nossa mente e tornam nosso céu cheio de nuvens escuras.

O que temos a aprender com Jesus que venceu estas malignas tentações é repetir sempre para nós mesmos que somos queridos e amados pelo nosso Criador. Deus nos ama não quando fazemos ou deixamos de fazer. Ele nos ama porque nos fez e gostou de ter feito. E vibrou, celebrou e separou um dia só para apreciar ter feito a mim e a você.

O diabo é um mal querido e um mal-amado. Ele sempre vai sugerir que eu e você somos como ele. Mas não somos. Combata o sentimento de autodesprezo com a certeza de ser muito amado.
Caleb Mattos.

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

O amor não é deste mundo.



‘Sabemos quanto Deus nos ama e confiamos em seu amor’         (João, o discipulo amado).
Ah, o amor...

Tão fácil no verbo, mas tão difícil na experiencia. Isso porque, embora ele seja aquilo que existe de mais poderoso para curar doenças do mundo e dos seres em individualidade, é tão bom que se torna quase inacreditável. Sim, pergunte a quem já foi ferido por amar ou a quem nunca o foi de fato. Ele parece coisa de outro mundo.

E, na verdade, ele é. Amor não é daqui. Ele está inserido numa categoria extraterrestre. Existe aqui, mas como reflexo mínimo do seu potencial enorme e ilimitado lá de cima. Aqui nós o provamos com certo cuidado quando de fato o conhecemos e acho até que não suportaríamos a sua intensidade plena. Seria demais tentar colocar o Todo numa parte. 

Acredito eu que a dificuldade com aquilo que nós chamamos de ‘amor’ seja exatamente provarmos algo falso. Muitos de nós falamos de um amor que é cópia, mas não o original. E cópia não tem exatamente valor e poder terapêutico. Por isso é que precisamos autenticar toda copia em cartório. O fato de termos de provar amor a alguém já mostra que isso não é amor. Se for original não precisa ser provado.

Mas, como Deus conhece nossos medos (o maior inimigo do amor é o medo) ele, ainda assim, prova seu amor para conosco. Prova não porque precise e sim porque eu e você precisamos. Eu disse ‘seu’ amor, o dele. Porque ele sabe que não acreditamos muito nessa palavra e gesto, neste sentimento e vivencia. Então ele resolveu colocar nossas culpas e pecados sobre a pessoa do seu Filho, Jesus. Ele nos amou tanto que morreu por nós pagando toda nossa dívida, culpa e tudo o mais que nos enlouquece. Deus e Jesus são aliados de amor. Fizeram juntos isso em absoluta concordância num amor que não dá mesmo para decifrar.

Não dá para decifrar, mas dá para experimentar. João, que escreveu o texto do topo foi o que mais redigiu sobre essa coisa bonita do amor. Cinco livros do Novo Testamento são dele. E nos cinco ele fala, adivinha sobre o que?  Só podemos saber o quanto Deus nos ama provando amor.  E só somos curados de toda moléstia da condição humana confiando no amor de Deus. Não se trata de repetir mantras sobre amor. Não é aquela ‘coisa bonitinha’ de falar que se sente amado sem jamais ter confiado. Amor e confiança são gêmeos. O que você vê em um, enxerga no outro.

Mas o amor genuíno, incondicional e que é derramado dentro de nós, maior do que nossa existência, infinito, é fruto de uma aliança de Deus com indivíduos que entram com ele nesse enlace de fé e confiança. M.Scott Peck, em sua obra ‘Um mundo esperando para nascer’ comenta que Deus faz aliança sempre com pessoas, nunca com instituições. Porque as instituições, como governo, família, igreja, ONGs, ora estão a serviço de Deus, ora estão contra ele. Dizer que Deus defenderá uma Instituição em detrimento do individuo é mentir sobre quem ele é.

E mesmo quando a Instituição falhar ou acabar, porque esta é a sua condição própria, é possível sobreviver ao fim dela. E sobreviver, aliás, a qualquer tragédia da vida. Diz o salmista no capitulo 27 do Livro: ‘Se meu pai e minha mãe me abandonarem, então o Senhor me acolherá’.  Deus faz alianças o tempo todo com quem estiver disposto a receber amor e estiver disposto a confiar nele. 

Desejo que você seja amado. Mas se o amor daqui não for bom e saudável, se criar feridas e memorias melancólicas, abrace o amor lá de cima. O amor que vem do alto tem feito milagres extraordinários ontem, hoje e sempre.
Caleb Mattos.

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Se não dá para viver perto, viva longe.



Li sobre um paciente de Jung que não suportava convívios.
Tomado por uma irritação constante que nada acalmava, agredia verbalmente todos da família, amigos e próximos. 

O doutor o aconselhou a ficar varias horas por dia trancado no quarto na companhia de livros e de musica clássica. Ele seguiu a recomendação, mas voltou semanas depois ainda mais irritado.

Qual seria o motivo? A resposta que ele deu foi que não suportava conviver consigo mesmo dentro de um quarto, ainda que com livros e música. Imagina com pessoas. Um estranho dentro da sua própria alma. Um prisioneiro da sua existência. Um homem em conflito com seu eu.

A dificuldade não estava nos parentes. Ele impunha este ser que nem mesmo suportava aos outros, cotidianamente. E quando descobriu que nem mesmo a si suportava percebeu a necessidade de alterar o padrão ruim de suas abordagens.

Mas nem sempre o final é feliz assim. Existem os que nem sequer se incomodam por incomodar. Adaptados á sua infelicidade e rancor, despejam sobre vítimas a maldade que respiram. Sentem-se bem quando agridem. Gozam quando impõem sofrimento.

 São capazes de fazer jogo de cena como se ninguém se importasse com suas realidades. Mas dramatizam até o instante que conseguem atenção para, a partir daí maldizer e ferir, de novo, os que já estão suficientemente feridos.

Nem mesmo o tempo resolve. Às vezes até potencializa o que sempre foram e fizeram. Eles precisam usar seus ferrões caso contrário o veneno que portam os intoxica, de tão cheios que dele se acham.

Em casos como estes a melhor atitude é o distanciamento estratégico. Jamais negar ajuda, mas faze-la rapidamente e depois se ausentar em segurança. Criar dentro de si um lugar de refrigério onde tal veneno acumulado e nunca extinto continua a ameaçar. 

José, quando tentado pela mulher de Potifar não uma, mas varias vezes, saiu correndo em fuga para não lhe atender o desejo. Ainda assim, inocente, acusado pela mesma, permanece preso até que lhe provem a inocência.  Elias, diante da maldade de Jezabel, foge para o monte afim de não ser envenenado pela crueldade da rainha pagã. Davi, por muitas vezes, fugiu de Saul que, carregado de inveja, queria mata-lo dia e noite.

Sim, existem pessoas ruins e malignas. É possível infelizmente se tornar uma vitima delas. Se for o caso, fuja. Corra. Afaste-se. Mantenha sua mente saudável e sossegada. A Bíblia recomenda: ‘Resistí ao diabo e ele fugirá de vós’. Às vezes o diabo faz seu caminho pela terra.
Caleb Mattos.

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Você prefere a roda ou a escada?



Revendo a noção grega sobre a História lembrei que os clássicos a entendiam como um processo de repetição, um ato cíclico. Tudo o que vem, vai. Tudo o que foi, volta. No conceito cíclico não há interrupção de nenhum processo, portanto, não há possibilidade de nada novo acontecer.

Desta maneira, a História como a conhecemos, seria uma mera repetição ao longo de todas as gerações. Um ‘dejavú’, portanto, interminável e sem possibilidade de alteração. Não há aqui nada que se possa chamar de ‘esperança’, ‘mudança’, ‘melhoria’. Se estamos à mercê da roda do destino cabe a nós aceita-lo passivamente.

O cristianismo, por sua vez, tem um conceito diferente sobre a História. Nos escritos de João ela é vertical, ligando o mundo de cima ao mundo de baixo. Já presente no sonho de Jacó, que viu uma escada ligada do céu à terra, em que anjos subiam e desciam por ela, fazendo assim contato e influindo no curso dos acontecimentos.

João, além de ver a História como vertical, classifica a mesma como ‘mundo das trevas’ e ‘mundo da luz’. O primeiro, para ele, é o mundo inferior; o segundo, é o superior. Quando ele declara que Jesus, Filho de Deus, desceu ao mundo em carne, quer dizer que a eternidade penetrou no mundo humano. E com essa visitação lançou luz sobre a escuridade.

Criou assim a possibilidade de o mundo inferior deixar de ser inferior já que pode se tornar elevado, sublime, transformado, melhor. Claro que cada um aceita a noção de História que lhe convém. Você pode decidir viver pela noção do cíclico e assim, do destino aleatório sobre a sua vida. Passividade e aceitação resignada.

Ou, pode decidir viver pelo conceito vertical da História. Neste caso, convidado á crer e, justamente por isso, decidido a alterar cenários, você mudará sua condição, sua realidade, seu presente, seu futuro. Ao lado daquele que desceu aqui para fazer você subir lá.

Sim, eu estou falando de fé em um Deus que se detém para salvar, ajudar e socorrer. É verdade que a roda nos leva de um lugar a outro. Mas a escada nos leva de baixo para cima. Ir de um ponto a outro e voltar tudo como no começo. Ou sair do inferior e subir para o sublime. Eis aí a sua alternativa.

Caleb Mattos