terça-feira, 26 de novembro de 2013

COMO DOMAR O LEÃO QUE HABITA EM NÓS.



           Uma das primeiras atitudes de Jesus, depois de escolher aqueles que seriam os seus discípulos e continuadores da proclamação do Evangelho no mundo, foi ensina-los a orar. A sua mais conhecida oração, chamada de ‘oração do Pai nosso’ se encontra registrada em Mateus 6.9-13.

            A principal ênfase desta oração como em toda a vida de Jesus se encontra na frase: ‘Seja feita a tua vontade, assim na terra como nos céus’. Jesus entendia que, a partir do momento em que decidisse cumprir a missão deste seu envio à terra, lutaria dia e noite com uma contradição que compõe o mundo dos homens desde Adão.

        Ele disse em João 6.38: ‘Porque eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou’. No céu, enquanto estava ao lado do Pai, Jesus não tinha contato com esta luta interior humana, que, desde Adão vem tomando conta dos nossos corações. Deus no Èden, dá uma ordem ao primeiro homem mas este sofre da tentação entre cumprir a vontade de Deus(‘não comer do fruto’) ou cumprir a sua vontade(o que de fato ele fez).

         E toda a consequência que veio a partir daí, com a entrada do pecado no mundo, a desestruturação psíquica, afetiva, relacional, espiritual, a violência, a agressão contra o planeta e todos os males sociais, surgem com a opção do ser humano em fazer o que quer, cumprir assim sua vontade. Mas todas as vezes em que acreditamos na falsa premissa de que ‘liberdade’ é se fazer o que se quer, sem prestar contas a ninguém, na verdade incorremos na prisão e na dependência daquilo que escolhemos como objeto da nossa liberdade.

     A grande pergunta è: longe de Deus e do seu Evangelho, somos de fato, livres?

        Filme ‘Matrix’, dialogo entre Morpheus e Neo:
       ‘Há algo de errado com o mundo, você não sabe o que é, mas há. O mundo que é colocado diante dos seus olhos para que você não veja a verdade. A verdade de que você é um escravo. Como todo mundo você nasceu num cativeiro. Nasceu numa prisão que não consegue nem sentir nem tocar. Uma prisão para a sua mente.’

        Temos que entender que nós nascemos neste mundo com um projeto já pronto e não com uma liberdade incondicional de atendermos os nossos caprichos, dando as costas a Deus a vida inteira. Paulo diz que a vontade de Deus para nós nunca será algo que nos fará mal ou sofrer. Mas a recusa consciente desta sua vontade, como disse Morpheus, nos leva a viver no cativeiro.

        Nós sofremos muito na vida quando deixamos de lado esta vontade de Deus para atendermos a nossa própria. Porque cumprirmos a nossa vontade implica na conclusão de que existem algumas questões na vida sob as quais Deus não tem nenhuma ingerência ou opinião a respeito.

            Mas a sua Palavra é um compendio completo sobre viver bem e sob a direção de um Deus que nos ama. Fazer a vontade de Deus em vez da nossa é um grande desafio conforme foi demonstrado por Jesus o tempo todo. E segundo ele, aqueles que de fato compõem sua família, aqueles que de fato ele considera seus irmãos e discípulos são os que em nome da obediência ao Pai, deixam de lado suas vontades e caprichos e lutam diariamente para andar no caminho da vontade de Deus. Seu pai, sua mãe, seu irmão e sua irmã são aqueles que amam e fazem a Sua vontade.

       Na ultima cena da sua vida Jesus está no Getsemani, orando a noite toda. Ele sente o seu corpo e a sua mente pedindo uma coisa diferente daquela que Deus desejava: "Pai, se possível, passa de mim este cálice'.
        Sua noite passada em agonia, até a sua resposta: 'Não se faça a minha vontade mas a tua'  revela que para fazermos efetivamente a vontade de Deus isso exige uma dose de sacrifício.

        È sacrificial não dar ao corpo o desejo que ele pede. È sacrificial não revidar uma ofensa e em seu lugar perdoar. È sacrificial perder um relacionamento que nos está levando para muito longe dos princípios do Evangelho e do bom senso. È sacrificial não escolher o caminho mais rápido para se atingir o que necessitamos.


          Para Jesus a grande tentação é deixar Deus falando sozinho e partir em direção á realização da própria vontade. Mas esse é o nosso maior desafio. E Jesus o venceu, mostrando que ele pode nos ajudar quando formos em algum momento tentados a fazer a nossa vontade e não a de Deus. Seja feita a tua vontade , continua a ser a oração mais importante a fazermos todos os dias da nossa vida.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

CONVITE AOS AMARGURADOS.



          A historia de Noemi é marcada pela passagem de um período de felicidade para um outro momento de amarguras. Ela morava com seu marido e os dois filhos em Belém de Judá, quando todos foram obrigados a se mudarem para a região de Moabe por conta da escassez em sua terra. Lá todos vivem por 10 anos, os meninos se casam com mulheres moabitas. Mas a tragédia os assola e morrem o marido e os dois filhos de Noemi.

             Ela então decide regressar à sua terra. Uma de suas noras, Rute, insiste em permanecer ao seu lado, mesmo com toda a insistência da sogra para que ela, ainda jovem, se case novamente e tenha filhos. Rute, no entanto, decide permanecer junto á sogra que tanto ama numa das declarações mais comoventes da Biblia: ‘Aonde você for, eu também irei. Onde você viver, eu viverei. O seu povo será o meu povo, e o seu Deus será o meu Deus. Onde você morrer, eu também morrerei e ali serei sepultada. Que o Eterno me ajude. Nem a morte nos separará’.

            Quando ambas chegam a Belém de Judá todos os antigos moradores reconhecem Noemi, cujo nome em hebraico significa ‘agradável’. Todos estão felizes pelo seu regresso. Mas ela não. Sua face mudou. Seu humor não existe mais. Ela prefere que a chamem de ‘amargurada’. Ele atribui a Deus o lhe ter tirado toda a razão da alegria e o sentido para viver. Ela não tem mais sentimentos de amor, de ternura; a emoção foi embora. Noemi ainda está viva mas seu coração parou de bater. Ela está insensível, adoecida, e desejosa de morrer.


1. Noemi tem o coração tomado pela amargura.

‘Não me chamem de Noemi, mas de Amarga’.

O nome hebraico ‘Noemi’ pode significar: ‘agradavel, encantadora, delicada’.

          Antes da tragédia que se abateu sobre a sua vida tudo leva a crer que Noemi era o símbolo da feminilidade e da beleza. Porque os nomes judaicos expressavam a aparência e a conduta. Esta mulher extremamente bela e delicada perde seus filhos e marido e, ao voltar para sua terra de origem deseja ser chamada de ‘Amarga’. Com um coração invadido pela tristeza e rancor ela agora transparece no rosto a dor que tem por dentro. Diz inclusive que não quer mais se casar. Rejeitou o amor e a ternura. Trancou os sentimentos a sete chaves. Sua relação com Deus já não é a dos dias passados. Agora ela acusa o Criador de te-la castigado com severidade, de ter se colocado contra sua vida.



           No momento em que alguém se revolta contra Deus o efeito mais imediato disso é a amargura contra si mesma e contra todos. Contra a vida e contra a beleza. Contra o amor e contra a bondade. Ela faz de tudo para que sua nora, Rute, volte para sua terra. Não quer a companhia de ninguém. Quer a solidão e o silencio. Se você se sente assim é preciso prestar atenção na providencia de Deus aos que sofrem. Ao enviar Rute para permanecer com Noemi, vemos nisso a ação de Deus em fornecer o amor, a amizade e a companhia a uma mulher que fechou-se para tudo e para a vida.


           Quando a dor se instala, a solidão, o isolamento, não são a melhor atitude. È preciso entender que o amor ainda existe – ele está apenas sufocado pela amargura. Que a bondade das pessoas ainda é real – nós apenas duvidamos disso por estarmos adoecidos. Que tudo pode melhorar – nós é que achamos isso bobagem por termos permitido que a tristeza dominasse a nossa alma.



2. Noemi perde o sabor de viver.

‘Saí daqui cheia de vida, mas o Eterno me fez voltar sem nada, apenas com a roupa do corpo’.

         Noemi faz um jogo de palavras: ‘vida’ e ‘roupa’. Ela diz que saiu dali, da sua cidade, cheia de vida – o marido, os filhos, as noras. Mas voltou só com a roupa do corpo.



          Ao dizer isso, que só lhe sobrou a roupa ela está declarando que morreu. Só a roupa existe, a vida não mais. Há nela uma vontade de morrer, que também se manifesta em todas as pessoas que enfrentam um duro golpe em algum momento na sua historia.

Noemi enxerga apenas objetos e não a existência: o corpo, não a vida.

          Assim também são aqueles que trocam a alegria de viver pelos seus bens, por suas aquisições materiais, dinheiro, e tudo quanto aos olhos da sociedade simboliza a felicidade, o bem-estar.Pessoas que reprimiram sentimentos se tornam compulsivas em comprar. Possuem muitas coisas guardadas sem uso algum porque o ato da compra traz uma sensação de sentido, finalidade.

         Elas terminam admirando suas prateleiras tentando se convencer de que ainda estão vivas. Mas como a vida tem a ver com sensações, experiências relacionais, amor, interação e convívio, quem se fecha decreta a falência da sua alma. Como diz Jorge Camargo, ‘A felicidade é uma porta, e abri-la, é escolha sua : quem se fecha, não se arrisca, mas a alegria está na rua’.


3. Noemi é surpreendida pela chegada de uma boa noticia.ser restaurados pela intervenção de Deus.

Rute 4:13-17.

       A parte final da historia de Noemi é radicalmente alterada pela chegada de uma boa noticia. Um de seus parentes, rico proprietário de nome Boaz, contrata Rute, sua nora para trabalhar, se apaixona pela moça e casa com ela. Dessa união nasce um filho de nome Obede, que será o avô do rei Davi. A noticia do nascimento desta criança altera em absoluto o comportamento de Noemi. Ela destranca seus sentimentos. Ela volta a sorrir, a se encher de vida. Ela sente novamente o gosto da maternidade ao se tornar avó. Sua ternura desabrocha. Sua bondade regressa. Seu carinho é estendido ao bebê. As mulheres de Israel dizem até que ela está mais jovem na aparência.


           O texto diz que Noemi põe o neto no colo, o acaricia, o beija e o trata com muito carinho. Ela está novamente cheia de vida e de ternura, a tal ponto que as suas amigas dizem: ‘este é o menino de Noemi’. Tudo isso aconteceu apenas pela intervenção de Deus naquela tragédia familiar. Mas onde quer que exista a dor ali chegará a boa nova do Evangelho. Para aqueles que só conhecem o lado sofrido da vida brilhará sobre eles a luz da esperança. E a todos que estão cansados de lagrimas e da colheita da escassez a promessa de Deus é surpreendente: Salmos 146.


        O nascimento de uma criança trouxe uma vida nova para Noemi. Sempre que uma criança nasce em uma família isso é automaticamente lido como o nascer de um novo dia, de um novo período cheio de coisas alegres e restauração. A mensagem do Evangelho começa justamente com o nascimento de Jesus. Num mundo confuso, dominado pela mão de ferro do Império Romano, pela colonização de uma parte considerável do mundo. Tempos de escassez, de medo, de revolta, de violência. Tempos em que o rei Herodes manda matar todos os meninos de dois anos para baixo.


         Mas quando nasce Jesus os anjos cantam no céu, os pastores cantam no campo, a estrela brilha no espaço. E a mensagem é: ‘Gloria a Deus nas alturas e paz na terra aos homens’. Se você, como Noemi, sente que seu coração foi arrancado, roubado e agora é incapaz de sentir coisa alguma, permita que esse nascimento, ou novo-nascimento, aconteça dentro de seu coração. Porque o convite de Jesus para que o amor dele, o único que pode curar corações doentes, ainda está de pé: 'Venham a mim, todos vocês, que estão cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei'.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

A SABEDORIA DO EVANGELHO.

                  

             
              Os gregos tinham como valor maior da vida a sabedoria.  A SOPHIA era inclusive cultuada como deusa em alguns lugares. Esta sabedoria consistia em buscar em tudo a virtude como contraponto ao vicio. Eles estabeleciam varias escolas, cada uma delas com uma linha de pensamento como a de Platão, Sócrates  Epicuro, Zenão, Aristóteles.

        Nem sempre a sabedoria era de fato virtuosa e respeitosa, especialmente se determinados conceitos eram conflitantes com o padrão estabelecido. Quando Paulo anuncia Jesus Cristo no  Areópago os alunos das escolas de Zenão e de Epicuro o chamam pejorativamente de 'tagarela', 'inventor de fábulas'. 

        Em Corinto Paulo estabelece uma igreja cristã mas ele percebe que alguns de seus membros tinham sérios problemas com o Evangelho porque a leitura que faziam dele era a da antiga visão das escolas gregas de sabedoria.

      Um dos efeitos era o entendimento de que os pregadores eram apenas mestres do saber, e por isso, eles dividiram-se em grupos de interesse conforme a linha filosófica que colocavam erroneamente sobre o Evangelho. Isso os fazia debater entre si e discordarem, abrindo mão da tolerância e da boa convivência, já que numa mesma comunidade havia os de Paulo, os de Apolo, os de Pedro e os de Cristo.

       Isso apenas revela um fato:  para o Evangelho a sabedoria de Deus não envereda pelos mesmos caminhos da sabedoria humana porque esta, no parecer de Paulo não conduz o ser humano a Deus.


         O problema não é o conhecimento em si, mas a arrogância que ele produz naqueles que vivem para disputar opiniões e impor as suas.  Para quem decide conhecer o Evangelho, o importante não é adquirir um conhecimento distintivo e que classifica pessoas. Seu objetivo é unir em uma mesma fé naquele que é o Senhor todos os que pensam de maneira diferente sem que isso seja um problema para a convivência.

          Os valores do Evangelho percorrem uma distância enorme ao que se espera do conhecimento em si. Ele não ensina a preservar-se para não ser ferido mas a amar mesmo que se sofra. No lugar da entronização do Eu, ele convida ao ato de servir uns aos outros. Finalmente,  o Evangelho centraliza a Cristo e não o homem.

        E isso é uma mensagem profundamente contraria a cultura contemporânea que endeusa a felicidade pessoal e subjetiva acima de tudo. O Evangelho vai adotar a postura de Cristo em amar por meio do serviço aos outros. Além disso, para Paulo, o critério de pertencimento a Deus não é o mesmo critério de pertencimento a uma escola de sabedoria. 

           Enquanto para essa o que importa é o curriculum familiar, financeiro e social, os que são convidados ao Evangelho não reúnem em si mesmos nada que seja referencial ou digno. Deus chama para compor sua família os que nada são, os fracos, desajustados, e os que estão á margem do valor ditado pela sociedade.

         Isso nos leva a uma diferença substancial entre a sabedoria segundo Deus e a sabedoria humana. Elas diferem tanto quanto a sua origem quanto a seu objetivo. Na de Deus a finalidade sempre é nos levar a aprender o amor e o bom relacionamento, o respeito, a destruição de preconceitos, a simplicidade. A sabedoria segundo Deus não coloca pessoas em sistema de competição mas as une em um mesmo amor.

         A sabedoria de Deus não nos leva a desprezarmos a ninguém pela diferença que possui em algum nível mas nos faz conviver com todos que são diferentes de nós em qualquer aspecto. Esta sabedoria não vê cor, raça, sexo, religião e escolhas mas aprende a amar porque imita um modelo que vem da cruz.

         Ao pé da cruz estavam inimigos políticos como Herodes e Pilatos; inimigos sociais como romanos e judeus; religiosos e pecadores como prostitutas e corruptos; gente que amava Deus e gente que venerava ídolos;  crianças e velhos. Ao lado da cruz estavam o santo de Deus e dois ladrões.


        Somente a sabedoria do Evangelho poderia unir tamanhas diferenças. Por isso, toda sabedoria que procede do Evangelho é a única capaz de mudar um ambiente, transformar o mundo, perdoar ofensas e dar sentido a tudo. 

          O sábio, afinal, não é o que acumula conhecimentos para se vangloriar de quanto sabe mais do que alguém, mas sim aquele que, como Jesus, desce ao nível dos menos favorecidos para promover o crescimento deles, seu progresso e sua transformação.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

AS COMPETÊNCIAS HUMANAS E A ORAÇÃO.



          Davi não precisou das 5 pedras para atingir e derrubar o gigante. Apenas uma, e a primeira.

      Mas à sua capacidade de excelente atirador ele aliava a profunda confiança na atuação de Deus nas horas cruciais da sua vida. O que havia nele era a somatória da fé com a pratica que melhorava cada vez mais, graças á sua competência em exercitar e repetir sua função. 

      Ele diz que já havia matado antes um leão e um urso para defender as ovelhas. 

     Em geral, existe uma divisão que as pessoas fazem com relação ao seu papel e a ação de Deus. E isto geralmente leva a um extremo ou a outro. Uns alegam que basta confiarmos e orarmos que tudo vai se resolver automaticamente. Estes são os que defendem a lei do esforço mínimo ou nulo.

      Para eles todo trabalho, competência, dedicação humana é inútil e mais que isso uma ofensa ao poder de Deus. Segundo este raciocínio nós precisamos apenas da fé para viver porque ela é a chave que abre todas as portas e capaz de resolver todos os grandes e pequenos problemas da vida. 

      O outro grupo é constituído daqueles que entendem que Deus apenas criou este Universo mas delegou aos homens agora todo o cuidado e responsabilidade por suas próprias vidas. Confundem a fé com a perseverança humana e com o ato de pensarem positivo e valorizam mais a realização humana do que as ações eficazes de Deus por meio da oração. 

       Olhando para a historia de Davi nós encontramos a verdadeira forma pela qual as coisas funcionam. Ele foi capaz de associar em um mesmo peso à oração e a competência humana. Deus precisava da experiência e da competência de Davi.

      Ele poderia sozinho derrubar o gigante com um ato que viesse do céu sem interferência de exercito algum  e sem contar com Davi. Mas ele prefere trabalhar em regime de parceria conosco. Paulo dirá em sua primeira carta aos Corintios que 'nós somos cooperadores de Deus'.

      Frequentemente Deus se utilizou da sabedoria de artistas, artesãos e construtores para edificar tanto o tabernáculo como o templo de Salomão. Disse a Moises para escolher homens de reconhecida capacidade e sabedoria para guiarem com ele o povo pelo deserto. Fez o mesmo quando ordenou a escolha de diáconos para a Igreja primitiva. 

        Escolheu Esdras e Neemias que eram estrategistas muito competentes para reconstruir a cidade de Jerusalém depois do exílio da Babilônia. Mas, estes mesmos homens sabiam que nada poderiam fazer somente contando com suas qualificações. Eles precisavam estar com Deus frequentemente para que fossem orientados no melhor procedimento. 

        Se vivermos apenas esperando que Deus faça tudo em nosso lugar estaremos praticando um ato de irresponsabilidade com nossa vida porque há determinadas questões que ele não resolve por nós mas delega-nos a função de tratarmos pessoalmente destes assuntos. 

     Sobre o perdão Jesus diz que temos que procurar o ofendido e acertar com ele a situação(Mateus 5.23-24).Afirma que quem semeia pouco terá poucos resultados( 2 Corintios 9.6-7). Sobre  os relacionamentos domésticos exalta a necessidade do amor do marido, da submissão da esposa e da obediência dos filhos(  Efesios 5.22-25 – Efesios 6.1-3). Condena a preguiça e o ato de ficarmos dependendo da caridade alheia em vez de trabalharmos responsavelmente( 1 Tessalonicenses 4.11-12) .

       No entanto, não podemos omitir o fato de que somos dependentes de Deus em todo o tempo, carecemos da sua orientação para tomar escolhas certas e principalmente para desenvolvermos nossa amizade e caminhada com ele. 


       Sendo assim, a competência humana é uma ferramenta frequentemente usada por Deus para ajudar pessoas em situações de risco. E a oração é aquele elemento que mobiliza tais ferramentas para que isso possa acontecer . No milagre da multiplicação de pães e peixes notamos que os pães e peixes eram o fruto do trabalho humano; mas a oração de Jesus os multiplicou e saciou a fome das pessoas. 

Santo Agostinho dizia:
‘Ore como se tudo dependesse de Deus e trabalhe como se tudo dependesse de você’.