quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

CUIDADO COM O ‘DEUSINHO’ QUE HABITA EM MIM.




Como teólogo e pastor eu fico cada dia mais preocupado com as afirmações que se fazem no baixo nível da comunicação teológica, via de regra, nas redes sociais. São afirmações sobre Deus que passam muito longe daquele que se revela em Jesus nas Escrituras.

 Ditos e frases curtas postas nas bocas de líderes religiosos ‘cult’ e ‘pop’ do Brasil que, no meio de entrevistas da TV em horário de Ibope, falam de Deus como se estivessem tratando de um Doril: tomou, a dor sumiu.

E os incautos cada dia mais longe de um profundo estudo bíblico vão engolindo e reproduzindo estas pequenas ‘teologias de garagem’ que são eleitas como a pérola da semana e pior, a norma da própria vida.

Com muita regularidade este ‘deusinho’ a que elas se referem só existe mesmo em suas mentes rasas do Evangelho mas cheias do amor a si mesmas. Não há referencias a sujeição da própria vontade, não há uma palavra sobre senhorio de Cristo, não há uma menção ao conserto do caráter.

Mas abundam e transbordam referencias ao que este ‘deusinho’ faz por elas: ‘ele tira algo que as incomoda e faz sofrer para dar algo melhor’; ‘ele remove tropeços para lhes fazer saltar sobre montanhas’; ‘ele as tira do monturo para coloca-las como princesas do mundo’; ‘ele faz com que os que zombam de você hoje aplaudam a você amanhã’ e outras baboseiras do gênero.

È preciso tomar cuidado ao depositar fé neste ‘deusinho’. Porque ele existe sim, mas foi você quem o imaginou e o segue como cego sem saber que corre perigo.

Leia a Biblia que é a verdadeira fonte do conhecimento do verdadeiro Deus e pare de seguir as estrelas da mídia que falam sobre Deus como se estivessem arrotando o almoço que acabaram de comer.

Deus não é o que você pensa dele. Nem o que dizem por aí nas grandes massas.
Melhor, para o bem da sua alma, ir para seu quarto, fechar a porta, orar, e com tempo e dedicação construir uma relação verdadeira com o Deus da Eternidade que o ama em Jesus.
Caleb Mattos.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Por entre os dedos.




A música de Isabella Taviane, ‘Ùltimo grão’, menciona em uma de suas estrofes o seguinte: 

“Às vezes o amor
Escorre como areia entre os dedos
Não tem explicação para tantos erros
É melhor partir
Antes do último grão cair”.

Eu me deparei com essa frase e na hora me lembrei do conceito que Bauman faz da sociedade contemporânea, falando da sua liquidez em todos os sentidos. Nada é feito mais para durar e permanecer. Os antigos marcos já foram removidos e a manutenção de valores e princípios não conta mais num tempo em que a velocidade da comunicação e velocidade da informação se convertem em velocidade da interação e velocidade da decisão. 

Tudo hoje escorre como areia entre os dedos, inclusive o amor. Ele, que antes era considerado o cimento que ligava a toda discordância e o remédio que a todo mal curava hoje não mais liga e nem cura. Porque o amor que hoje conhecemos também passou pela liquidez. Ele é tão relativo como a mesma teoria que leva este nome na Ciência. 

Hoje se ama porque o amor é um bem consumível, tenha ele o nome de sexo, casamento, fraternidade ou coisa parecida.
Como vamos a uma conveniência (atente para este nome) e ali consumimos sem demora o que nos traz sede e fome, fizemos do amor uma conveniência e não uma vivência. 

Amamos e deixamos de amar por qualquer razão fútil, como, depois, voltamos a amar por qualquer carência mais ardente que sintamos. E neste pega e larga vulgarizamos elos mais fixos e duradouros, perdemos a bênção antiga da paciência construída justamente no calor das provas, que nos tornava maduros e mais propensos a ouvir o outro e entende-lo. 

Relações atuais são, em todos os níveis, como fogos de artifício: brilham intensamente num segundo e logo se apagam. A geração anterior á nossa preferia ver no amor a figura da fogueira.

 Iam apanhar a lenha, ajeitavam-na uma sobre a outra, para com certa demora conseguirem acender o fogo. Depois, tomavam o cuidado de soprar sempre as brasas da mesma fogueira acesa horas antes, sem esquecer de colocar ainda mais lenha nela . 

Por isso é que não muito tempo atrás dizia o poeta Camões:

“Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.


É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade”.

E então? O que faremos com ele, o remédio de todos os males da vida? Deixaremos que em nós se torne rápido estouro de luzes ou decidiremos recuperar a velha fogueira?
Caleb Mattos

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

TRUMP, NOSSO ANTICRISTO DO MOMENTO.





O ser humano é mesmo complicado.
Ele é capaz de opinar com conhecimento de causa sobre determinado assunto e acirradamente defender seus pontos de vista. 

Contudo, quando se depara com opiniões contrárias ás suas acusa os que pensam diferente de uma série de vícios que ele combate, e que, no entanto, ao protestar contra aquele que de si diverge, comete a mesma coisa que condena.

Não entendo absolutamente nada do mundo da política. Nem da brasileira quanto mais da norte-americana. Mas eu sei que por aqui durante muito tempo se dizia que brasileiro ou era de Direita ou de Esquerda. 

E é claro que, ser de uma posição ou outra implicava em abraçar um leque de causas e valores próprios a cada lado.
Nos últimos tempos, contudo, ficou escancarada para todos nós a falácia destas polarizações. 

Porque os que antes se diziam de Esquerda agora protestam contra coisas que eles mesmos fizeram na premissa de que, apenas por serem da Esquerda, o fariam diferente. Combatiam, por exemplo, ditaduras, mas acabaram eles próprios com práticas e leis ditatoriais, para não falar em estilo de vida absolutamente capitalista, eles que se declaravam confessadamente socialistas.

Já os de Direita, que se tinham por juízo moral da Nação, envergonhados, tem agora seus nomes incluídos na vasta e interminável lista de corrupção, fazendo coro aos da Esquerda contra os quais protestavam pela falta de lisura e decoro parlamentar.

Quanto a América de Trump, o mesmo se dá em poucos dias de mandato do milionário. Conhecido por seu jeito turrão de ser e governar, Trump vai demolindo tudo o que seu antecessor aprovava e apoiava, especialmente no que diz respeito á questões que envolvem mulheres(aborto) e mercado financeiro.

Para mim o que há mesmo é um ser humano que está sempre á frente das coisas. Que apesar de se dizer desta ou daquela posição acaba mesmo é fazendo o que lhe dá na telha, seguindo sua cartilha e a daqueles que o apoiam porque receberão dele as benesses em troca de apoio. Isso, contudo, acontece em qualquer ajuntamento de pessoas: famílias, condomínios, igrejas e empresas.

Jesus certa vez disse que nós temos a mania de coar um mosquito e engolir um camelo. Elegendo o tema da política como bode expiatório que explica e dá fundamento a todo o mal social vamos, contudo, atirando pedras em telhados de vidro.

 Porque, no fundo, o mal está dentro de nós, que diante de outro ser humano em estado de igual competição pela vida, vamos tender a buscar o nosso lado, fazendo de tudo para ocupar a primeira posição.

Lembro aqui outra palavra do Mestre: ‘não façam aos outros o que não querem que façam com vocês’. Quem sabe praticando este princípio simples mas efetivo conseguiremos melhorar o mundo a partir do nosso próprio quintal.
Caleb Mattos.