sexta-feira, 10 de abril de 2020

O SONHO DE CONSUMO DO ANO 2020.


Um item de suma importância nestes dias que vivemos não é o novo lançamento da Honda, nem uma roupa de grife, nem joias de ouro, calçados refinados, banda larga de altíssima velocidade, um Iphone de última geração, um cruzeiro pelos continentes, um voo de São Paulo a Paris.
O item mais urgente e imprescindível hoje é o respirador artificial. Cotado em altíssimo preço, disputado por todas as nações, alvo de brigas comerciais, o respirador artificial é a ultima chance de manter um paciente infectado vivo com a chance de sobreviver ao vírus.
Os hospitais clamam por ele, os médicos suplicam aos diretores do corpo clinico, as famílias envolvidas imploram por sua aquisição, os mercados aquecidos trabalham a pleno vapor para produzi-lo.
Tempos estranhos, onde uma maquina ambulatorial vale mais do que tudo que antes atribuíamos preço. Perto dela nada se compara. Tudo é desprezível diante do seu poder de oferecer respiração ao agonizante paciente contaminado. Poder respirar é hoje a maior benção que qualquer ser humano na face da terra deseja. Me lembrei do que Paulo disse aos atenienses muitos séculos atrás:
‘O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens. Nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, E A RESPIRAÇÃO, e todas as coisas’.
Quantos anos nós vivemos até agora sem prestar atenção numa coisa básica, mas crucial: poder respirar. Acho impossível calcular quantas vezes ao longo de uma vida nós inspiramos e expiramos. Fazemos isso mecanicamente sem prestar a menor atenção. E por ser algo tão mecânico e automático nem nos detemos a refletir que, sem esses dois movimentos nossa vida acaba em minutos.
Durante um tratamento de um acidente politraumatico eu recebia diariamente uma fisioterapeuta no hospital. Ela me passava exercícios para respirar no leito a fim de que eu não contraísse qualquer doença respiratória. Sou muito grato a ela porque os exercícios valiosos não só me mantiveram longe de uma pneumonia, mas me conduziram a agradecer a Deus o dom de respirar.
Durante esse tempo de pandemia, respirar pode ser uma coisa muito cara, só possível mediante um aparelho que, já disse, é disputado no mundo inteiro. Mas quando tudo passar o desejo divino é que saibamos de uma coisa: é ele quem diariamente nos dá a respiração. Para mostrar que, se nem respirar conseguimos fazer sozinhos, quanto mais viver e dar conta das inúmeras preocupações da existência.
È um convite para chegar mais perto dele, para prestar atenção nos seus sinais diários de carinho, de afeto e de salvação. Adão só respirou depois que Deus soprou em suas narinas o folego de vida. Fora isso, meus amigos, todos nós não passamos de um boneco de barro. Deus é o ar da vida. Pare de tentar viver sem ele.
Caleb Mattos.