quarta-feira, 12 de março de 2014

DISCOS DE VINIL.

       


    Os antigos discos de vinil possuíam dois lados: o lado A e o lado B. Para se ouvir todo o conteúdo musical do álbum era preciso finalizar um dos lados do disco, remover o braço do aparelho,em cuja ponta havia uma agulha de diamante, virar o lado do disco no prato, para então começar a ouvir a segunda parte da composição. 

        Eramos obrigados a comprar centenas de vinil porque apenas uma certa quantidade de música cabia em um disco. Às vezes o som chiado de um risco fazia a musica perder a sua qualidade, ou então, um risco mais fundo fazia a musica pular de um ponto para outro. A fragilidade do disco era notória, nos obrigava a cuidar dele com carinho para preservá-lo. 

        Hoje com as novas mídias podemos acumular centenas de musicas em um pen-drive. Não há perigo de riscos, nem de chiados, nem de pulos. A alta qualidade do som nos permite ouvir o que jamais escutamos num vinil. 

       Mas algo profundo mudou. Antes tínhamos o tempo dedicado a escutar um álbum. Momento de lazer, relaxamento e reflexão. Nossas emoções mais profundas se misturavam e afloravam enquanto ouvíamos o compositor. Hoje no entanto a musica serve a um outro fim - ajuda a passar o tempo no trânsito e serve apenas como um fundo sonoro entre um compromisso e outro.

        Mesclada ao uso do celular e outros aparelhos ela não é mais desfrutada - ela apenas é mais um som no meio de tantos outros. 

Não sentimos mais tão profundamente as emoções, ouvindo inumeráveis canções em sequencia. 

      Não há pausa, não há parada, tudo é sequencial, rítmico e rápido. Ouso dizer que a musica deixou o seu ambiente de transcendência - ela hoje é um barulho que concorre com outros que povoam nossa mente o dia todo.

A vida se tornou assim.
Não é mais um momento de desfrute, de contemplação do belo, de admiração ao Criador.
Ela não tem, para muitos, a sacralidade de parada e reflexão, de admirar os lados A e B.


Ela não é mais preservada com cuidado quando tem riscos e arranhões.
Ela é compactada á força em um minusculo espaço e posta para tocar o tempo todo.
Todos os sons que enchem as ruas todos os dias são vidas tocando em som alto mas não como significado e construção e sim como grito, talvez para chamar a atenção de alguém que escute - mas como escutar o outro se eu mesmo estou gritando junto com ele?

Fiquei sabendo que o mercado do vinil está de volta com força total.
Que novos discos de vinil estão sendo fabricados juntamente com os velhos toca discos.
Isso é um recado: nossa alma não suporta mais tanto barulho e pressão da vida moderna.

È hora de buscarmos um lugar sossegado para estarmos com Deus e dele ouvir o som que acalenta, que tranquiliza e orienta nossos passos pela vida.

È tempo de desacelerar para voltarmos a viver.
È hora de tocarmos, de novo, a nossa voz na vitrola divina produzindo assim um sinfonia que nos faça bem.

Deus nos quer desfrutando dele e da vida - que ela não tenha apenas uma função, que ela tenha o mistério do encantamento, do encontro e da comunhão com Aquele que nos ama.