quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Benção: receber ou ofertar.



“Seja uma benção para os outros. Pode ser a sua ultima chance!”  Eclesiastes 11:2.

             A palavra ‘benção’ está ligada á palavra latina ‘benedit’ que significa ‘fazer o bem’. Assim, benção não é necessariamente algo que se recebe mas aquilo que se oferece. O uso original da palavra tinha mais a ver com uma ação  de doar. Ser uma benção implica em ter tornado a vida de alguém neste mundo um pouco melhor e menos desigual. Significa ter feito a diferença e sinalizado a Graça de Deus em ambientes onde nada seria diferente por falta de participação e de disponibilidade em ajudar. È preciso romper com a tendência em fazer da vida uma série de ganhos e acúmulos que vão apenas se somando e nos fazendo concluir que o objetivo de tudo é lutar para não perder nada e chegar ao topo.


               Nossa geração é fortemente marcada pelo narcisismo e estamos cercados o tempo todo de homens e mulheres que agem como crianças mimadas, reclamando que não lhe deram o que mereciam, nem supriram o que precisavam, nem os trataram como eles desejavam. O verdadeiro sofrimento não é aquele que resulta das feridas que a vida causou, comuns a todos os seres humanos. È por isso que sempre vamos encontrar alguém que está em piores condições do que nós. O sofrimento verdadeiro acontece quando concluímos que nós somos o centro de tudo e que as pessoas nos devem: amor, respeito, carinho, afeto, consideração, elogios, recompensas.



          Esse é o pior tipo de prisão que um ser humano pode receber porque o impede de enxergar que seu histórico, permeado de alegrias e tristezas, é, na verdade, uma ferramenta que Deus quer usar para socorrer outros carentes. Que tudo que aconteceu conosco tem um objetivo – ser utilizado para ajudar quem está passando pela mesma condição. Deus nos conforta por meio de outros que nos repassam suas lutas e como conseguiram supera-las. Deus nos ajuda por meio das mãos abertas de outros que não se negam a colaborar. Deus se faz presente na dor quando comparecemos na dor de quem sofre.

   
               Nós podemos representa-lo neste mundo, como Jesus deixou claro no seu sermão de despedida:"Afirmo esta verdade solene: toda vez que vocês fizeram essas coisas a algum marginalizado ou excluído, aquele era eu - estavam ajudando a mim". Mateus 25:40. Precisamos parar de pedir as bênçãos de Deus, até porque estas já estão garantidas para aqueles que fazem a sua vontade. Consulte o texto biblico de  Deuteronomio 28:1-3. Quando optamos em nos tornar uma benção, Deus aparecerá naquelas situações desesperadoras e naqueles lugares miseráveis. Nossa vida terá um sentido, uma finalidade. E seremos conhecidos não pela quantidade de coisas e de dinheiro que ajuntamos, mas pelo coração bondoso e cheio de amor.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

GENTILEZA.




“Não como mandões, dizendo aos outros o que fazer, mas apontando o caminho com toda a gentileza”. 1 Pedro 5.3.

             Lidar com pessoas é, sobretudo, um grande exercício de paciência  Envolve mais do que dar ordens e comandar. Inclui participar de demandas que aparecem em qualquer núcleo corporativo e familiar: tristezas, crises, medos. Pedro diz que cuidar das pessoas é participar dos sofrimentos de Cristo. “Tenho uma preocupação especial por vocês. Sei o que é ser líder, participar dos sofrimentos de Cristo e também da gloria futura”. 1 Pedro 5.1.

           É mais simples dar ordens e condenar uma atitude não esperada, mas nem sempre essa é a melhor estratégia na abordagem dos conflitos.


           A Bíblia conta a historia de Balaão, contratado para amaldiçoar o povo de Israel. Enquanto ele teimava em viajar até a cidade para fazer o serviço, a sua mula apertou seu pé contra um muro. Ele a espancou sem pena até que Deus a fez falar, dizendo que ela nunca lhe tinha feito nenhum mal para ser espancada. Se a agressividade não funciona nem com animais, menos ainda com as pessoas com quem vivemos. Amar é se dispor a detectar alguma necessidade e ajudar a supri-la, antes de exigir qualquer mudança de alguém.



            Para Pedro, a verdadeira tarefa de um líder é mostrar como fazer e não simplesmente detectar e apontar o erro. Em todas as instancias onde existam relacionamentos existe a tendência em querer somente aferir a quantidade de imperfeições. Nas empresas, igrejas, lares, nas escolas, aqueles que não se comportam de um determinado modo esperado são rotulados. É muito mais fácil condenar aqueles que não atingiram certas metas  e exclui-los porque assim se cria a falsa sensação de que se possui o controle sobre um grupo. Mas o chamado de Deus é que ajudemos uns aos outros a nos erguermos e superarmos determinadas atitudes que prejudicam.

               O objetivo de Deus é sempre nos curar mas a sua terapia é permeada de acolhimento, bondade e gentileza. Primeiro ele nos garante que nos recebe, mesmo com todos os nossos pecados e depois ele nos convoca a contar com ele para aprendermos a fazer o que é certo. Não adianta apenas dizer a alguém que está errado e que se distanciou do caminho – mais do que isso, é necessário caminhar ao lado de quem está caído para auxilia-lo a voltar para o caminho. 

        Quando eu fazia meu estágio para conclusão do curso de Pedagogia, acompanhei uma 'classe problema' em determinada escola. A direção, os professores e a coordenação diziam que aqueles eram os piores alunos da instituição porque seus lares eram desestruturados e todos procediam de um mesmo bairro carente e marcado pela violência  Ouvi e entrevistei cada aluno, num total de 30. Deste total, apenas 5 eram do tal bairro; 3 não identificaram qual a profissão dos pais, e somente 10 viviam com um dos genitores. O restante era procedente de diversos bairros, com família estruturada(pai e mãe) e com profissão reconhecida dos mesmos.

          O verdadeiro 'problema' era a generalização daqueles educadores, forjada em preconceitos e desconhecimento da verdadeira realidade.

          Quando Jesus ressuscitou, ele se reencontrou com Pedro, que o negara antes por 3 vezes, mas, em nenhum momento o condenou pela traição- apenas o convidou para prosseguir e ajuda-lo a pastorear outros.

          Pessoas podem mudar com gentileza, dedicação, e amor. Será  que temos disposição para acreditar nisso?

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Lata de Lixo.



"Joguei tudo no lixo para abraçar Cristo e ser abraçado por ele. Comparado com o alto privilégio de conhecer Cristo Jesus, tudo o mais é insignificante". Filipenses 3.7-9.

                A lata de lixo é uma testemunha silenciosa. Ela revela tudo o que usamos e descartamos, o que um dia foi útil e que agora já não serve. Desde lixo orgânico a reciclável, os conteúdos que nela se depositam são registros da história de cada um.

               Paulo também tinha a sua. Ele descartou nela tudo quanto antes lhe era significativo: títulos acadêmicos que lhe rendiam reputação; nome de família; cargos destacados na elite de seu circulo de influencias. Tudo usado e protegido com extrema cautela porque isso era o sentido da existência.

           Mas quando conhece a pessoa de Cristo e sente o seu profundo amor ele descobre alguém que não o valoriza porque conseguiu sucesso na vida. Que não o bajula porque é tido como referencia  entre seus pares. Mas que o ama porque tem para ele um propósito mais sublime e elevado: torna-lo mensageiro do recado mais importante do mundo: que Deus chama homens e mulheres para uma caminhada, revelando-lhes a cada dia um plano particular e irretido,  uma missão centrada no Evangelho e uma contínua transformação que produza maturidade nos relacionamentos.

        Saber que há alguém que o ama independentemente de seus rendimentos, acertos, sentimentos, circunstâncias, erros, traz para Paulo a certeza de uma aceitação que há tempos buscava na sociedade. Agradar pessoas para receber delas o diploma de validação que permite ser incluído na lista dos 'bons' deste mundo.

               Ele descobre em Jesus o quanto foi enganado pelo sistema de meritocracia, presente nas escolas, nas empresas, nas igrejas, nas rodas de amigos. E ele manda para o lixo o que agora é insignificante. Porque não traz mais sentido para a sua história. 

           Paulo não está revoltado com o mundo. Ele se reinsere nele com uma outra consciência.  Quer ama-lo e as pessoas que nele habitam, porque deseja colaborar com Deus no processo de cura desta gente, machucada e ferida, estressada e esgotada, por buscar um amor que nunca está suficientemente pronto nem adequado - sempre há algo que se deixou de fazer pelo meio do caminho.

            A lata de lixo mostra, assim, que quando coisas mais significantes chegam na vida, nós optamos pelo descarte daquilo que tanto amávamos, mas que no fundo, nos iludiam, por não passarem de um sistema de trocas, interesseiro, vil e desprezível.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

DUAS PALAVRAS.

               

           "Eu também não a condeno. Agora, vá, e abandone sua vida de pecado".  João 8.11.

                        No conhecido encontro com a mulher adultera, que quase morreu apedrejada pelos religiosos, salva pela palavra de Jesus: "Aquele que estiver sem pecado seja o primeiro a atirar a pedra" existem duas palavras importantes ditas à ré.

                   A primeira é uma palavra de perdão. Jesus não a condena pelo seu ato porque ela mesma já se condenara, desde o momento em que, não se sabe por qual motivo, decidiu romper com algum principio de dignidade e respeito consigo mesma, e se entregou a outro homem que não era seu marido. Muitas justificativas poderiam ser escolhidas para desculpa-la pelo que fez, mas, todas elas não invalidariam o ato que causou vergonha, culpa e ameaça à sua integridade e futuro. Mesmo assim, Jesus não a condena, mais do que ela própria já se sentia, porque isso seria acrescentar mais um peso a quem já está curvado pelas consequências da sua própria escolha.

                A segunda palavra é também fundamental. Jesus a adverte para parar com aquele habito de se deitar com outros homens e readquirir o autorrespeito  a decência, e a fidelidade conjugal. Não se teria qualquer certeza se seu marido a receberia de volta, mas, em todo caso, o necessário é que ela pusesse um freio naquele hábito nada saudável de ter relações sexuais sem compromissos a longo prazo sem nenhum vinculo conjugal.

              O peso da questão não é tanto a sexualidade. Poderia ser qualquer outro assunto, pecado, transgressão. Jesus diria a mesma coisa. Que é preciso parar com o hábito que provoca a culpa, a condenação, e o aprisionamento da consciência  Abandonar o pecado não é uma questão meramente religiosa.

              Porque se desejarmos podemos trocar a palavra 'pecado' e defini-lo como 'vicio', 'habito', 'tendencia'. O que pesa não é uma definição conceitual, mas sim uma pratica escravizante e contínua, que acarreta este efeito de ser jogado ao chão, ao pó, e não conseguir se levantar porque há muitos acusadores.
O que estava errado na historia não era a condenação. 

                A Lei realmente condenava o adultério  como até hoje as Escrituras condenam. O errado estava nas pessoas que se esqueceram de seus próprios pecados. Jesus não absolveu a mulher porque ela era uma vitima. Ela era, de fato, culpada, mas precisava de perdão para recomeçar. 

                 Ele não a manda embora em paz, apenas. Ele condiciona a paz ao abandono do seu pecado. Porque em pecado ninguém terá paz, mesmo que acredite no perdão de Deus. Na continuada pratica do condenável ninguém dorme tranquilo. 

              A doutrina da Graça não elimina a necessidade do arrependimento. Jesus não morreu na cruz só para perdoar, mas para vencer o pecado. Por isso, é necessário tanto uma palavra quanto outra:  o perdão e o convite ao arrependimento. Somente assim é que poderemos voltar em paz para nossas atividades, nossa vida, nossos relacionamentos.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

MARTA, MARIA E SUAS DIFERENÇAS.

              



                   "Marta os interrompeu: Mestre, o Senhor não se incomoda em saber que minha irmã deixou todo o trabalho da cozinha para mim? Mande-a me ajudar" -   Lucas 10:40.

                       Marta faz parte do grupo daquelas pessoas que tem um funcionamento mais voltada para a execução de projetos. Ela gosta de conjugar o verbo 'fazer'. Por isso continua lavando a louça mesmo com Jesus presente na sua casa tendo sido convidado por ela. 

                      Maria, a irmã, tem um funcionamento mais voltada para pessoas. Ela foca nos relacionamentos e é capaz de deixar tudo para depois só para dar atenção à alguém  Marta se irrita porque a irmã fica conversando com Jesus enquanto ela lava a louça. Dá uma bronca até em Jesus. A grande heroína da historia é Maria e a vilã, Marta, certo? Errado. 

                   Porque Jesus não desvaloriza o trabalho de Marta - ele apenas a orienta para não sacrificar pessoas no seu afã de deixar as coisas todas certinhas e bem organizadas. Maria permanece ouvindo Jesus e assim descansa um pouco das cobranças continuas que com certeza deveria ouvir da irmã. Os conflitos naquele lar eram frequentes e o sinal mais evidente é a 'explosão' de Marta na frente de Jesus. 

                Não é comum alguém descarregar sua raiva na frente de uma visita importante. Marta estava exausta por conta da agenda que ela própria montara para sua vida. Não era culpa de Maria, era sua escolha viver assim. É uma questão de funcionamento e adaptação. 

             Temos um funcionamento que pode ser voltado para empreendedorismo ou para relacionamentos. Os que fazem parte do primeiro grupo reclamam das suas dificuldades com pessoas. O segundo grupo se queixa da falta de organização e de mais êxito nas suas realizações. 

                Jesus ao visitar as duas irmãs elabora um meio para atingir tanto uma necessidade quanto outra. Tempos depois, quem vai primeiro ao tumulo de Jesus no dia da ressurreição, alta madrugada, carregada de especiarias previamente compradas e preparadas, é Maria e não Marta.

                E numa outra ocasião, depois de Jesus ter ressuscitado Lazaro da morte, ele comparece de novo aquela casa dos três irmãos e Marta se contenta em servir a mesa. Ela já não reclama, não explode, apenas serve com amor.

                       Nossas diferenças de funcionamento não são, em si, problemas de caráter  são apenas diferenças. A presença de Jesus, no entanto, sempre pode nos fazer ajustar algumas imperfeições, para que, sejamos mais eficientes e, ao mesmo tempo, mais amorosos uns com os outros.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

PERDÃO




“Preserva-nos perdoados por ti e perdoando os outros.
Guarda-nos de nós mesmos e do Diabo.”   Mateus 6.12-13



             Jesus nos motiva a crer no poder do perdão de Deus. Ele pode nos conservar saudáveis e equilibrados no meio do difícil processo que é viver num mundo onde tudo conspira para fazermos as piores escolhas, a sofrermos por causa da culpa e a não termos bons relacionamentos no convívio com os demais. 

               Quando erramos somos atacados por 3 acusadores implacáveis: nossa consciência; a sociedade; e o Diabo. Todos eles em conjunto tentam nos convencer que provavelmente Deus removeu o seu olhar e se recusa a nos ajudar nos nossos fracassos. Estes três acusadores desacreditam da realidade do perdão não apenas declaratório, contido na maior parte das afirmações da Biblia, mas no perdão efetivo conseguido pela morte de Jesus na cruz justamente com a finalidade de redimir a cada um de nós de nossos pecados e das consequências deles.   


           Por esta razão Jesus nos lembra da necessidade constante de pedirmos perdão a Deus e de darmos o perdão a quem nos magoou. A ausência de perdão  escraviza a consciência e aniquila qualquer possibilidade de prosseguir. Na parábola que Jesus ensina sobre o assunto, o credor que não perdoa o seu devedor o lança na prisão até que pague a divida. Mas como alguém pode pagar algo sendo obrigado a estar preso, sem poder produzir nada? 

          Assim também a ausência do perdão nos coloca em nossas cadeias emocionais nos fazendo acreditar que não teremos novas chances. E assim fazemos com todos que não queremos perdoar. A oração de Jesus é muito esclarecedora:


            ‘Guarda-nos de nós mesmos e do Diabo.’  Significa que diante dos nossos erros não temos que olhar para nós mas para o Redentor que na cruz resolveu o problema da iniquidade humana. E que quando alguém errar  conosco não podemos fazer o que o Diabo faz: condenar, punir, destruir a reputação.

         Precisamos perdoar como Deus faz conosco. 

              No filme “Cronicas de Narnia”, o garoto Edmundo desrespeita as regras de Narnia. A feiticeira conversa com o leão e lhe diz: “há um traidor aqui” e o leão responde: ‘Não foi a você que ele ofendeu’. E decide morrer em lugar do garoto.

            A quem de fato ofendemos ao pecar?

              Não a nós, nem pessoas, mas principalmente a Deus. Davi adulterou com Bate Seba, mandou matar o seu marido, mas na sua oração do Salmo 51 ele diz: "Contra Ti pequei, contra Ti somente". Quando Deus lhe garante o perdão, Davi fala novamente de alegria, de paz, de serenidade. Ele não tenta se punir para se redimir; não culpa a ninguem mais nem fica ressentido com o que aconteceu. Se apropria de fato do perdão de Deus e supera aquela fase ruim da sua vida.

          Precisamos viver mais o perdão e menos a culpa. Tanto em relação a nossos atos como em relação aos erros que outros cometem contra nós.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

PIMENTA NOS OLHOS DOS OUTROS...


                 
 
 
            Como gostaríamos que as pessoas nos tratassem se descobrissem algum ato que não temos coragem de contar para ninguém? Se isso fosse divulgado nas redes sociais ou entre os amigos?
 
                 O Brasil tem uma forte tendência a valorizar a difamação da vida alheia. Desde atores, políticos, personalidades do esporte e das artes, todo mundo fica sabendo das virtudes e dos vícios destas pessoas. E todos emitem sua opinião geralmente condenatória.
 
            As novelas são a expressão deste desejo de servir como juiz do procedimento alheio. Na novela: "Avenida Brasil"  todos condenaram ‘Carminha’ por sua maldade, mas ela é o ‘alter-ego’ de muitos de nós. Tambem sabemos ser maus com a nossa família, também desejamos eliminar aquelas ‘Ninas’ que nos incomodam.

                  Todos erramos em muitos itens e com varias pessoas e não apreciamos qualquer critica a nosso respeito. Por esse motivo, se não queremos que ninguém se atreva a funcionar como juiz de nossas atitudes, temos a reponsabilidade de não fazer a mesma coisa que condenamos.
 
              Pode ser que algum dia venhamos precisar de misericórdia, paciência, perdão. Jesus diz que devemos dar às pessoas aquilo que queremos receber. Trata-las como queremos ser tratados.  Porque a vida é um eco. Se você não está gostando do que está recebendo, preste atenção no que está emitindo. 
 
            Diante da mulher adultera, Jesus se abaixa e começa a escrever algo na terra. Para alguns ramos da teologia, ele escrevia o pecado da mulher ou os pecados dos acusadores.
 
          Em todo o caso, o que ele escreveu na areia, o vento apagou. Para mostrar que nenhum erro humano pode ficar registrado para sempre, porque o que importa é redimir, perdoar e oferecer a mão para levantar aquele que caiu.
 
        Que sejamos mais apagadores e menos giz quando o assunto é o pecado alheio. Miquéias, o profeta, diz que Deus perdoa nossos pecados e os lança no mais fundo dos mares. O interesse dele é oferecer uma nova pagina para aqueles que erraram escreverem uma nova historia.  Que tal começarmos a imita-lo?

terça-feira, 16 de outubro de 2012

OS DOIS CAMINHOS.



         

     Essa gravura teria evoluído a partir de uma primeira versão, impressa em Londres, em 1856, intitulada 'The two ways of life', em pleno governo da Rainha Vitória.
 Além de um recurso pedagógico que ensinava o caminho da salvação e o caminho da perdição, o quadro revela mais do que tudo as consequências inevitáveis das nossas escolhas. O caminho da salvação não tem atrativos que seduzem e nada que mexa com os prazeres. Por isso poucos andam no caminho estreito enquanto a maioria vai pelo caminho largo. 

            Mas o final do quadro mostra a bem-aventurança daqueles que optam por Deus, enquanto revela a desgraça dos que o rejeitaram no caminho da existência. Mesmo que tirássemos o principal ensino do quadro: o caminho da salvação, nós ficaríamos com uma lição secundaria que ele revela: que o caminho para Deus é sempre permeado pela Graça enquanto o caminho da perdição envolve tudo aquilo que o capital exige para dar : o cassino, o salão de baile e o teatro ao fundo.

             O cassino é o lugar onde se investe dinheiro com a meta de faze-lo crescer, o salão de baile onde se diverte e gasta-se dinheiro, e o teatro, a ultima cena, a constatação de que a vida toda foi uma representação, uma espécie de fuga da realidade, para fazer com que a vida fosse menos doída. No caminho da salvação há uma mãe guiando seu filho através da Lei de Deus, ajudando os pobres na estrada, a imagem de Jesus, a igreja e uma série de cenas que mostram o desprendimento em favor dos outros, a falta de amor ao dinheiro e aos bens em prol de uma vida mais plena e com propósitos. 

           Mesmo que o quadro mostre a grande diferença entre o mundo rural e o mundo urbano, uma das mensagens mais importantes que ele evidencia é que nossa escolha por um caminho ou por outro vai nos levar a desorientação, falta de sentido(caminho largo) ou ao equilíbrio e paz(caminho estreito). Na Inglaterra vitoriana o receio era que o progresso e a urbanização trouxessem vários pecados sociais(cassino-teatro-salão de baile) que terminariam por desviar os crentes do Caminho e faze-los mudar de direção.

           Hoje, a questão não é tanto o fato de que estes atrativos estejam no caminho largo, mas sim, que eles ‘pularam o muro’ e se instalaram do lado de cá, do caminho para a salvação. Temos nossos próprios ‘cassinos’ a prometer prosperidade sem fim aos fiéis; nossos salões de baile são nossos cultos, cada vez mais cheios de ‘tietes’ e ‘DJs’ da adoração, fazendo a todos embalarem no ‘mover do Espirito’. E por que não, nossos ‘teatros’ são perfeitas representações de que parecemos ser de Jesus mas apenas simulamos segui-lo, pois cada dia mais distantes do seu ensino, chamado e compromisso. 

             Andar no Caminho hoje está cada vez mais difícil, porque não se sabe ao certo se ele está do lado de lá, o ‘mundo’ ou do lado de cá, a ‘igreja institucional’. Será que Jesus está edificando sua igreja em algum canto que ainda não descobrimos?

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

PAVIO CURTO.


                 

        Janice Williams, pesquisadora da Universidade da Carolina do Norte, EUA,  acompanhou por seis anos 13.000 homens e mulheres com idade entre 45 e 64 anos e, tomando o comportamento como base, descobriu que as pessoas que se irritam intensamente, e com freqüência, têm três vezes mais chances de sofrer um infarto do que aquelas que encaram as adversidades com mais serenidade.Isso ocorre porque, a cada episódio de raiva, o organismo libera uma carga extra de adrenalina no sangue . O aumento da concentração de adrenalina aumenta o número de batimentos cardíacos e, simultaneamente, torna mais estreitos os vasos sanguíneos, o que aumenta a pressão arterial.  


                Adiar a resolução de um conflito pode não apenas nos deixar de mau humor, como também afetará diretamente a saúde do nosso coração. È necessário seguir a recomendação de Paulo em Efesios 4.26-27 que nos orienta a não permitirmos que o sol se ponha sobre a nossa ira. Porque a ira modifica a pessoa que a alimenta, não a pessoa a quem é dirigida. Se você chutar um muro é você quem se machuca, não o muro.

               Jesus diz no seu famoso Sermão da Montanha que, em caso de ira, devemos fazer um esforço para procurar a pessoa envolvida e tentar um acordo com ela. Para que a ira não nos consuma; para que a amargura não mate nossa oração; para que o corpo não cobre a conta no final.


                  Segundo a linha de raciocínio de Jesus esperar que a outra parte nos procure para resolver a demanda pode demorar muito e enquanto isso nós nos prejudicamos na medida em que vamos acumulando o ressentimento no corpo e na alma. Tanto para ter paz de espirito como para evitar que as enfermidades nos acometam, a melhor medida é tentar um acordo, por minimo que seja. È melhor um mau acordo do que uma boa demanda. Porque o acordo, ainda que não satisfaça no momento, vai abrir caminho para novas conversas e novas possibilidades.



                     Mas uma demanda que se arrasta pode levar anos sem solução. A tendência em geral é de ficarmos esperando que aquele que nos prejudicou se arrependa, se humilhe, peça perdão. Mas como não temos a capacidade de controlar a decisão de ninguém, nem força-lo a fazer o que achamos que deve, o melhor é não protelar a questão e tentar resolve-la. Isso é inclusive sinal de maturidade, a capacidade de não deixarmos que as nossas emoções nos dominem e escravizem. Porque a ira é o principal problema instalado em nós depois de um tempo em que a situação ocorreu.


                Pode ser que a outra pessoa esteja até conseguindo superar e retomar a vida, o que vai irritar você ainda mais. Porque a ira não foi tratada nem combatida em seu coração ela só  vai aumentar. Para o seu próprio beneficio procure solucionar o que o entristece para ficar livre da opressão e do poder da ira. Não podemos saber como as pessoas vão nos tratar mas podemos escolher como vamos reagir a elas. O rei Herodes Agripa mandou matar Tiago, discípulo de Jesus, com ódio dos cristãos para conseguir mais popularidade entre os judeus. José perdoou seus irmãos que queriam mata-lo, e os sustentou no Egito nos anos de fome. 

                 Herodes morreu em um discurso publico todo comido por vermes. 
                 José se tornou governador do Egito.
                Vamos querer o fim de José ou o de Herodes?

terça-feira, 2 de outubro de 2012

DIAS MELHORES VIRÃO.







1
“Por saber que o governo do Eterno será vencedor, sinto-me fortalecido e encorajado”. Habacuque 3.19.

             Habacuque é um dos profetas que acompanhou a deportação do povo judeu para a Babilônia onde eles permaneceram durante 70 anos até voltarem para sua terra, anos depois, sob a liderança de Esdras e Neemias, já sob o domínio mundial da Pérsia.

                  Quando ele escreve estas palavras falando que 'mesmo que a figueira e oliveira não produzam e nos currais não haja gado, ele se alegrará no Senhor' , ainda está presenciando o inicio desta partida para a terra estrangeira. Mesmo assim ele se obriga a acreditar que o final da historia será diferente do atual sofrimento e desolação. 

            Ele sabe que Deus tem a ultima palavra e que o sofrimento terá um ponto final.Os setenta anos se passaram e eles agora retornam em varias levas, a mais conhecida liderada por Esdras e Neemias que reconstroem os muros da cidade, as casas, o templo, a economia, a sociedade como um todo.


                    Não era mais a mesma cidade dos antepassados que tinha sido queimada pelos babilônios mas era uma cidade construída por um povo que tinha consciência do valor da liberdade e da obediência a Deus. Eles sofreram na pele a dor de ter deixado de ouvir a palavra inspirada dos profetas que os advertia dia e noite a se voltarem para Deus. 

                   Agora a devoção tinha um profundo impacto sobre eles. Eles ouvem o ensino da Escritura e choram arrependidos. Não era mais o mesmo templo de Salomão, suntuoso e cheio de riquezas mas era um lugar onde o que importava era orar e ouvir e não mais fingir e dissimular espiritualidade.



                    As relações trabalhistas não eram mais regidas pela exploração de mão de obra mas por um respeito ao próximo e à sua família. No fim a perda trouxe um ganho. 

                  O país ganhou uma nova população que aprendeu a respeitar o valor da vida.  E cada um deles ganhou uma nova perspectiva: nada pode ser bom e prazeroso se procede do sacrifício do amor a Deus e ao próximo.

                Há uma cena na série “Edição de amanhã” em que o ator principal chora a perda de uma vida, um homem que ele não teve tempo de salvar. E o personagem que primeiro recebeu o jornal volta do passado em uma visão e lhe diz: “conte os vivos, não os mortos”.  

                As perdas tem o poder de nos arrastar em direção à contagem de tudo que se foi. Mas quando as entendemos sob o ponto de vista do governo de Deus ele nos mostrará que o presente e o futuro serão melhores. 

                       Porque não eram aquelas coisas que perdemos que nos faziam viver. Quando elas se vão, notamos que ainda estamos vivos graças á essa manutenção incessante do nosso Pai com a nossa vida.  Perdas podem trazer dias melhores, se eu e você as entendermos sob o ponto de vista de que Deus está por trás de cada cenário que um novo dia nos traz.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

DISCURSAR OU DEMONSTRAR.




"Mostrando-se acessíveis aos outros, vocês motivarão as pessoas a se aproximar de Deus, o generoso Pai do céu".    Mateus 5.16.

              O grande objetivo pelo qual nós somos chamados por Deus é torná-lo conhecido das pessoas. Fazer com que Ele apareça mais neste cenário complexo e cheio de escuridade. 

             A grande pergunta que todos fazem é: como podemos mostrar Deus para este mundo? Já estamos saturados de pregadores que povoam a televisão prometendo milagres instantâneos  a todo aquele que preencher um cheque e pela fé doar para sua missão.         


              Nos decepcionamos com os crescentes níveis de intolerância religiosa no mundo, uns provocando os islâmicos e outros querendo matar quem ofende Maomé. A religião definitivamente não é o veiculo mais adequado para mostrar Deus. Então como fazer para que Deus efetivamente compareça no dia a dia das pessoas e seja por elas percebido?



                    O apostolo Paulo usa uma metáfora para isso. Ele diz que nós somos a carta de Deus que precisa ser lida pelo mundo, e o perfume de Deus que deve ser sentido por todos. Deus escreve em nós os seus atributos e quando estamos diante dos outros estes atributos como misericórdia, solidariedade, bondade, gentileza e mansidão são lidos. Pessoas percebem que Deus vive em nós sem que precisemos dizer isso. Elas notam que há algo em nós que elas desconhecem mas que também desejam. È como o perfume que é notado assim que alguém entra num recinto. Então tornar Deus conhecido não é tanto falar dele mas mostra-lo.

                   Temos aprendido que nossa missão é basicamente proclamar, anunciar. Mas parte desta tarefa é melhor cumprida se nos preocuparmos mais em demonstrar, em imitar um modelo. O único modelo correto quanto á personalidade de Deus é o seu Filho Jesus Cristo. Nele nós encontramos a semelhança exata da imagem de Deus. E o desejo de Deus é fazer com que todos nós pareçamos com seu Filho. Tornar Deus mais atuante neste mundo é imitar seu jeito de ser e de tratar pessoas.

              Viver intencionalmente imitando Jesus porque ele disse: 'quem vê a mim vê o Pai'. Mas quem não o imita caricaturiza Deus e o transforma em um monstro que mete medo, que causa neuroses, que intimida, que dá ordens e que apenas obediencia cega. Deus como dogma é a mais perversa forma de engano. Deus como doutrina é frio como gelo porque não se insere nos bastidores da problematica humana - apenas aponta o erro mas jamais ajuda a melhorar. 

           Jesus em seus dias tornou a vida na Galiléia muito melhor por meio de seu estilo de vida e manifestações de Deus. A Galiléia não se tornou mais religiosa, apenas mais viva, mais cheia de alegria, mais plena de satisfação e humanidade. Que nossos braços falem mais que as nossas bocas; que as nossas mãos convençam mais do que o discurso; que Ele seja visto não quando entramos numa igreja mas quando atuamos no mundo.



        Francisco de Assis dizia a seus discipulos: "Preguem o Evangelho em todo o tempo, se for preciso, usem palavras’. 



         “Que te aproveita discutires sabiamente sobre a  Trindade, se
não és humilde, desagradando, assim, a essa mesma Trindade?
Na verdade, não são palavras elevadas que fazem o homem justo;
mas é a vida virtuosa que o torna agradável a Deus. Prefiro sentir a
contrição dentro de minha alma, a saber defini-la. Se soubesses de
cor toda a Bíblia e as sentenças de todos os filósofos, de que te
serviria tudo isso sem o amor e a graça de Deus?”
“A imitação de Cristo” – Tomás de Kempis, escrito em 1441.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Semana-Tranquila: A SOGRA QUE TODA NORA DESEJA.

BOM DIA QUERIDOS: ACABO DE POSTAR NO BLOG UM ARTIGO SOBRE A RELAÇÃO ENTRE SOGRAS E NORAS. BOA LEITURA, É SÓ SEGUIR O LINK...

A SOGRA QUE TODA NORA DESEJA.


         


                        “Por isso, tome um banho e use perfume. Arrume-se e desça para o campo. Mas não deixe Boaz saber que você está ali até depois de ter comido e bebido. Quando você o vir saindo para se deitar, observe para onde ele vai e siga-o. Deite-se aos seus pés, para que ele saiba que você está disponível para se casar com ele”. Rute 3.3-4.


                Rute é uma jovem natural da terra de Moabe que se casa com um judeu. Ele morre depois de alguns anos de casamento e a sua mãe, Noemi, aconselha Rute, viúva como ela, a regressar à casa de seus pais. Rute não deseja se separar da sogra porque a relação entre ambas sempre foi boa, nutrida com amizade e respeito. Por que ?

         Primeiro, na historia você pode notar que Noemi não disputava seu filho com a nora. Ela aconselha a jovem viúva a se casar de novo, com um parente seu, Boaz, que é rico e latifundiário. Que sogra diria isso? Ela sugere que Rute se perfume, se apresente sedutora para o candidato e vá procura-lo. Uma sogra comum diria para a sua nora continuar vestindo luto, cobrir-se com uma burca e nunca mais pensar em romance. Tudo para preservar a memoria do seu filho falecido. Noemi, no entanto, deseja o melhor para sua nora: um marido mais rico e um novo romance.

          Segundo, Noemi, a sogra, chama a nora de 'minha filha'. Ela não só liberou o filho da condição embrionária como adotou a nora como parte da sua família. Ela entendia que nora não é concorrente, mas uma filha do coração que veio acrescentar companhia, amor, solidariedade e celebração à casa. Rute cuida de Noemi o tempo todo e ela, a sogra, já envelhecida, sabe com gratidão, que deu o passo certo ao tomar aquela jovem como parte da sua tarefa materna. Ela não perdeu o filho, ela ganhou uma filha. Não é sem motivo que Rute diz: 'Onde fores eu também irei, onde morreres eu também morrerei'.

          Terceiro, Noemi e Rute eram viúvas. Ambas sabiam que estavam em pé de igualdade pela circunstancialidade da vida. Havia respeito pela dor mútua. Havia cumplicidade em partilhar alegrias e tristezas. Isso produzia união entre nora e sogra. O problema com os modelos decadentes desta relação é que nora e sogra se enxergam como uma ganhando e outra perdendo; a disputa dá o tom da convivência e a meta é vencer e provar quem tem razão.

              Nora e sogra podem se dar melhor. A sogra, se entender  que a nora é uma filha do coração, uma companheira que entende e que está pronta a ajudar e fazer companhia, e não uma pessoa que 'roubou' o coração do seu filho. Toda sogra tem que parar de alimentar o complexo de Édipo com filhos que já passam da adolescência e, ás vezes, ainda não se casaram por causa da pressão emocional da mãe que não quer largar o rebento, nem desmamá-lo.

          A nora pode se dar melhor com a sogra se enxerga-la como mãe. Ela tem sim, mais experiencia, mais vivencia, e conhece defeitos e qualidades do filho. Pode orientar a nora a descobrir o caminho do coração do filho para que o casamento seja mais pavimentado e menos cheio de obras a fazer. Noras precisam estar dispostas a aprender com a sogra, tratando-as com admiração e respeito, para que assim tenham uma aliada ao seu lado. Não disputa seu marido com sua sogra - você vai perder esta briga - em vez disso, tente conquista-la com amor. Você só tem a ganhar.










quarta-feira, 12 de setembro de 2012

CRIATIVIDADE.


1.        


“Isaque saiu dali e cavou outro poço em outro lugar. Dessa vez, não houve disputa por causa da água, e o poço foi chamado Reobote( Espaço Amplo). Isaque disse: ‘Agora sim, o Eterno nos deu espaço de sobra para nos espalharmos sobre a terra”.

              Outro poço em outro lugar. O principio da perseverança aliado à diversificação. È preciso não desistir e mudar para conseguir superar a perda. Isaque não insiste no mesmo lugar porque sabe que sempre haverá uma disputa ou uma tentativa de sufocar ou obstruir suas iniciativas. Ele não desiste de cavar novos poços porque sabe que existe muita água no subsolo – o único trabalho é procura-la. 

            O novo poço, o terceiro que ele cava recebe o nome de ‘espaço amplo’ porque ele entende que agora Deus está lhe concedendo não apenas um poço mas um território sem medidas que lhe permita se espalhar pela terra. O terceiro e ultimo poço cria em Isaque a percepção real da vida: existe sempre grandes oportunidades e muitos recursos para todo aquele que desejar ser perseverante e criativo.


                  Quando Benjamim Franklin, inventor da lâmpada e outras patentes perdeu tudo o que tinha num incêndio, disse: ‘o bom das perdas é que elas queimam todos os nossos erros’. Quatro meses depois ele criou e patenteou o fonógrafo. Nem o incêndio foi capaz de destruir sua criatividade e perseverança. 

          Enquanto permanecermos lamentando o que foi perdido deixamos de enxergar estes espaços amplos da vida que podem nos ajudar a recomeçar ou a criar coisas novas. A palavra de Isaque é fundamental para olharmos por cima das dificuldades com a visão de Deus: “O Eterno nos deu espaço de sobra”. Limitações existem só em nossos pensamentos, porque, assim como garantiu Jesus, ‘tudo é possível para aquele que crê”.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

DESEMBRIONAR.

                     
      Você não vai encontrar esta palavra no Aurélio. Eu a inventei para me referir à experiência de Davi quando perdeu um de seus filhos. Ele permanece sete dias deitado no chão, orando a Deus pela criança, em absoluto jejum e sem cuidar do asseio corporal. Mas infelizmente a criança falece. O que Davi faz na sequencia é impressionante:

                      "Davi percebeu que os criados estavam cochichando e imaginou que o menino tivesse morrido. Ele perguntou: ‘O menino morreu?’ Eles responderam: ‘Sim, morreu’. Davi se levantou do chão, lavou o rosto, arrumou o cabelo, trocou de roupa e foi ao santuário adorar ao Eterno. Depois, voltou para o palácio e pediu algo para comer. Puseram a comida diante dele, e ele comeu tudo”.  2 Samuel 12:15-20.


                      A reação de Davi mostra a sua atitude de desembrionar. Desembrionar é cortar os laços com o embrião, com a vida que se foi, com aquele que tanto se amava. Sua reação é vista no ato de se erguer do chão, lavar o rosto, arrumar o cabelo, trocar de roupa e ir ao templo para adorar a Deus. 


                   Desembrionar nunca é fácil porque existe uma ligação embrionária entre nós e as pessoas que mais amamos. A ponto de até sentirmos algo quando elas não estão bem, sermos afetados pelas mesmas dores que elas passam, ficarmos ansiosos com as suas preocupações, chorarmos com as suas tristezas e gargalharmos com seus momentos de alegria. 

                 Quando elas partem, em qualquer sentido que seja esta partida, o cordão que nos prende a essa ligação embrionária é rompido, da parte delas, mas, nem sempre da nossa parte. Continuamos presos a um cordão que, na outra ponta, já começa a se decompor, mas lutamos para que ele se mantenha vivo, presente, mantendo a mesma rotina que sempre existiu.


            No entanto, nosso sofrimento só cresce, aumenta, angustia. Davi percebeu que não era mais possível manter-se ligado ao cordão embrionário, então, ele o corta nas atitudes de se levantar, cuidar da sua aparência, ir ao templo e se alimentar novamente. Algo muito forte colaborou com Davi para ajuda-lo a desembrionar : sua ida ao templo para estar com Deus.


                  Quando ele volta de lá, a própria libido retorna, ele tem relações com sua mulher e ela engravida. Salomão,  o seu filho com Davi, é o próximo rei de Israel, cujo nome tem a ver com 'paz'. Davi estava de novo em paz porque sentiu que Deus estava em paz com ele. 

           E Salomão veio ocupar o lugar daquele filho que partiu. È preciso ocupar o lugar vazio que alguém deixou com uma nova presença: um novo filho, um novo projeto, uma nova relação, uma nova atitude. Desembrionar é necessário para dar continuidade à própria vida.

               Desembrionar é possível com este contato vital com Deus na oração. Desembrionar não é esquecer daquele que se foi. É, em memoria dele, ocupa-lo com uma nova realidade. 


                A melhor coisa a se fazer na hora da perda é acrescentar algo ou alguém no lugar. A Bíblia diz que o desejo de Deus é que as viúvas se casem e que os órfão vivam em família. Pode estar sendo difícil para você desembrionar.

          Mas, acredite: este é o desejo de Deus para a sua vida, para que tudo recomece, com a ajuda dele, para um novo tempo, diferente mas surpreendente e melhor.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

A MATURIDADE DO AMOR.




“Deus é amor. Quando passamos a habitar permanentemente no amor, vivendo uma vida de amor, vivemos em Deus e Deus vive em nós. Assim, o amor tem o controle da casa, fica à vontade e amadurece em nós, e não temos mais preocupação com o dia do juízo – nossa situação no mundo é idêntica à de Cristo. No amor, não há espaço para o medo. O amor amadurecido expulsa o medo. Considerando que o medo causa uma vida vacilante e cheia de temores – medo da morte, medo do julgamento – podemos dizer que quem tem medo não está completamente aperfeiçoado no amor. Mas nós podemos desfrutar o amor – amar e ser amados, pois primeiro fomos amados; por isso, agora podemos amar. A verdade é que ele nos amou primeiro”.   1 João 4:17-19.

       João diz no texto que é o amor amadurecido que expulsa o medo. Porque o amor que vivemos nem sempre é maduro. 

     Ele é condicionado às respostas positivas, retribuições, sensações de prazer. Amamos porque esperamos ser amados. Amamos com base na troca, na expectativa da contrapartida. Se alguém não retribui o bem que fizemos pensamos em não ajudar a mais ninguém. 

          Se somos mal tratados quando ajudamos alguém nunca mais queremos ajudar. Quando as pessoas se retiram sem dizer pelo menos um ‘muito obrigado’ nos decepcionamos com a humanidade toda dizendo que não vale a pena amar. Esse é o amor infantil, imaturo.


        Esse tipo de amor sempre vai estar dominado pelo medo porque ele ama na expectativa de ganhar algo em compensação. O amor de Deus, no entanto, é adulto. Ele envia o sol e a chuva sobre maus e bons, sobre justos e injustos. Ele é capaz de amar os maus sem ter medo de ser ferido por eles. 

       Continua amando ainda que eles não o invoquem, nem reconheçam sua presença. O amor maduro ama não porque tenha amor para dar mas porque não sabe fazer outra coisa na vida. Não sabe odiar, não sabe punir, não sabe se vingar, não pode reter, nem segurar, nem limitar. 

     Já o medo opera pelo mecanismo da autodefesa - sempre age com base no instinto de preservação, e, ao fazer isso, recusa contatos, riscos, experiencias.O resultado mais perverso do medo é o ato dele excluir o amor. 

      O medo fecha mas o amor abre. O medo desconfia mas o amor acredita. O medo condena mas o amor absolve.  O medo pune mas o amor perdoa. O medo fere mas o amor cura. O medo foge mas o amor enfrenta. O medo se omite mas o amor participa. O medo teme a morte mas o amor celebra a vida.


     Se o amor maduro não amar sempre, indiscriminadamente, ele morre. Este é o amor de Deus – e como Deus é eterno, jamais morre, ele se perpetuará por toda a eternidade. O apóstolo Paulo diz em 1 Corintios 13 que 'o amor jamais morre'. 

           A decisão, em viver ou morrer, deixar uma marca e um legado, ou ser esquecido de todos, é uma decisão exclusivamente nossa. Podemos optar em viver o amor infantil ou viver o amor maduro. 

         A diferença entre o amor humano e o amor divino. O amor humano nunca se liberta do medo. O amor divino o mantém sob controle.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

JESUS, O EXCLUÍDO.


               
         Tenho sérias dúvidas de que, se Jesus visitasse alguma de nossas igrejas hoje, ele seria aceito como membro delas. A começar pelo fato de que em toda a sua curta vida na terra ele visitou o templo pelo menos duas vezes apenas. A primeira quando foi ensinar e deixou os doutores da Lei de queixo caído. A segunda, quando entrou no templo e expulsou os vendedores da fé.
          
               Curiosamente, quando ele entra, atrás dele entram também três categorias de pessoas que estavam excluídas do templo: as crianças, os cegos e os aleijados. Os responsáveis pelo templo ficam furiosos porque Jesus perturbou o culto deles. Afinal, o que essa gente estranha, cheia de doença e economicamente não rentável tem para fazer no templo?  

                   Jesus entrou na casa de Zaqueu e prometeu salvação para ele - que absurdo, como ele, um 'crente', tem coragem de conviver com fraudadores da Receita Federal? Ele disse para a mulher apanhada em adultério: 'eu não te condeno'. Como assim, que 'crente liberal' é este que não impõe nem uma disciplina mínima? Ele bebia vinho, pronto, membro de igreja que se preze jamais faria isso.  

                 Jesus curou em dia de sábado, trabalhou e fez o bem no "Dia do Senhor", totalmente inapropriado para ser membro de igreja. Ele despediu o jovem rico, deixou-o ir embora. Como pode fazer isso, sem dizer para ele que seu dizimo poderia abrir as portas do céu e lhe dar a vida eterna?

           Jesus não seria aceito em nenhuma igreja contemporânea porque ele não cumpre nenhum preceito que elas estipulam. Mesmo assim, ele nem precisaria frequenta-las porque é o Senhor e Cabeça de todas elas. Ele é o noivo da sua Igreja e diariamente a visita para corrigir  as distorções que nela produzimos. 

           Jesus nunca desiste da Igreja porque ela é ideia sua, ainda que pouco tenha falado nela. Seu tema constante sobre o "Reino de Deus" evidencia que o que ele anseia é um grupo de pessoas que expressem e estendam este Reino e valores do Evangelho durante toda a semana, em todos os lugares. Pessoas que sejam à sua imagem e semelhança. 
  
             Porque, quanto aos templos eles por si só serão destruídos, não ficará pedra sobre pedra, afinal, quando ele nasceu não havia lugar para ele, e quando tentou entrar no templo, também não. O texto que fala da expulsão dos vendilhões encerra com esta nota melancólica: "Aborrecido, Jesus saiu dali" (Mateus 21.17).

         Embora ele não tenha a intenção de condenar a Igreja, eu acredito, que ultimamente, Jesus anda saindo das nossas reuniões também aborrecido. Principalmente porque nós insistimos em criar critérios para aqueles que podem e os que não podem estar na igreja. 

            Queremos dizer a Jesus, o verdadeiro chefe da Igreja, como é que ele deve administra-la e assim o deixamos calado enquanto 'fazemos a igreja' do nosso jeito. 

            Ainda bem que ele é paciente e um dia vai se casar com a Igreja - com aquela igreja que ele mesmo está preparando, nos bastidores dos nossos templos.