quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

RELIGIÃO É COBERTURA DA MENTIRA.



            Jesus, certo dia se encontrou com uma mulher à beira de um poço de água na antiga cidade de Samaria.
            Ao entabular uma conversa, começou a desvendar suas mais profundas necessidades e anseios.
          Disse que ela possuía uma carência e que somente ele poderia ajuda-la.
        Quando ela diz que deseja o que ele pode fazer, Jesus começa, então, o processo de cura.
       Ele pede que ele vá chamar seu marido.

       Mas, ela que já estava no sexto casamento não oficial, recua ao perceber que o mestre tocou numa ferida há muito tempo aberta.
       Então ela muda o tom da conversa e começa a falar de Religião.
      Diz que o lugar onde Deus pode ser adorado tem que ser num templo, só não sabe se o templo de Jerusalém ou o templo de Samaria.

     Perguntas teológicas tem, sim, o seu lugar. Mas não agora. Ela usa a Religião para fugir do encontro consigo mesma.
     Assim agimos,com uma certa regularidade.

     Quando Deus começa a querer estabelecer a saúde em nosso sistema interior adoecido, nos refugiamos na Religião para acobertar hábitos que tem causado a enfermidade e as feridas. A pior das pragas já criadas, que mais mal tem causado ao ser é justamente o refugio da Religião. 
      Porque o refugio da Religião não é o mesmo que o refugio de Deus.

        Refugiar-se sobre Deus é amar a verdade e abraçá-la. E Jesus disse que 'quando conhecermos a verdade, ela nos libertará'. No texto grego, o verbo 'conhecer' tem a ver com relação sexual.            Verdade não é discurso certo; não é o melhor argumento; não é um contato á distância.
Verdade é intimidade. 

        Eu sou o que faço, eu faço o que sou. Eu vivo o que digo e digo o que vivo. Eu não me importo com a opinião do politicamente correto. Eu aceito o fato de que tenho um coração dividido, que tenho lutas contraditórias na minha mente.
   
 Eu confesso como Edward Sanford Martin :

"Dentro do meu templo terrenal há uma multidão;
Há um de nós que é humilde, um que é orgulhoso,
Há um abatido por seus pecados,
Há um que não se arrepende e ri à vontade;
Há um que ama o seu vizinho como a si mesmo,
E um que só se importa com a fama e a fortuna.
Eu estaria livre de tão desgastante preocupação
Se alguma vez pudesse descobrir qual deles eu sou".

     Jesus não quer saber de templo, de doutrina, se eu sou arminiano, calvinista, católico, espírita, ortodoxo, se eu batizo com muita ou pouca água, se eu pratico as regras da minha religião ou se eu dou uma moeda para um pedinte no meio da rua.
Ele quer saber com quem ele está lidando. Com uma caricatura ou com uma pessoa de verdade.

       Por isso, assuma sua verdadeira cara. Pare de mentir para si mesmo. Não dissimule mais. Não dê importância ao ato de parecer melhor do que é, se refugiando numa encenação religiosa.
         A Igreja está cheia de pessoas sofridas, mas muito desta dor é causada pela rejeição da verdade e não pela ferida que alguém tenha causado. 

         No dia em que estivermos face a face com a Verdade ele não vai querer saber de relatório, nem de performance espiritual.
Lembre, que segundo ele diz, a pergunta será apenas uma:
"Eu te conheço?"

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

ESPONJA.


   'Venham! Vamos parar e descansar um pouco'. Era tanta gente indo e vindo que eles não tinham tempo nem para comer'.  Marcos 6.30-31.

      Admito que sou meio semelhante a uma esponja.
Preciso absorver a Palavra de Deus e a sua voz e espremer-me para compartilhar seus conteúdos com aqueles a quem amo, a quem Deus me confiou como suas ovelhas.

       Já faço isto a algum tempo com muito prazer e senso de realização.
      Tenho visto o maravilhoso efeito que esta palavra divina opera nas vidas daqueles que entram em contato com seu autor.

         Mas, quanto mais o tempo passa, mais eu percebo que a demanda de espremer é mais intensa do que o tempo necessário á absorção.
Tenho demandas a tratar na vida, e preciso estar mais tempo com aquele que me ama.

         Porque as exigências desta função são cada dia maiores.
Há pessoas famintas, sedentas, sem rumo e sem estoque nenhum de afeto e de alguém que se interesse por seus dilemas. Aí o meu trabalho de espremer a esponja aumenta consideravelmente.

          E o contato com as tristezas e limitações de cada um, a empatia necessária á dor alheia me adoecem a alma.
Tem dias que me sinto exausto, mas não no corpo, nem na mente, mas na alma.

       Parece que tudo me foi sugado, que eu não tenho mais nada por dentro.
Tudo foi usado, doado, entregue.
E só Deus é quem me preenche de novo nestas horas.

      No final do ano eu reduzo o ritmo, a esponja para de ser espremida.
São os dias de festas, do Natal e da entrada do ano novo onde eu permaneço apenas com minha família, quase mais em silencio do que falando, mais observando e agradecendo do que fornecendo algo.

      A esponja então apenas absorve.
Se enche, se deleita, comemora.
Não é usada temporariamente, permanece em estado de descanso.

      Retiro e interrupção fundamental para prosseguir na obediência ao chamado daquele que renova os meus dias.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

GERAÇÃO RIVOTRIL.



       Ele é um dos ansiolíticos mais vendidos no mundo e no Brasil tem sido consumido como a mais recomendada opção para as crises de ansiedade e insegurança emocional.
       Como toda droga destinada a este fim, o Rivotril ajuda na melhora sintomática da crise mas não foi desenvolvido para resolver a causa originária.
         Porque a causa originária é a sensação de incapacidade em lidar com tensões, o não saber resolver os problemas e angústias, a aflição em ser dominado por medos maiores que o poder de reação.
          Assim a nossa geração tem feito uso indiscriminado do medicamento mas não lidado de forma adequada com os motivos geradores da ansiedade.
         Paulo na sua carta aos Filipenses escreve o seguinte: 'Não andem ansiosos por coisa alguma, mas, em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus' (4.6-7).
          Segundo ele, a oração dirigida a Deus é uma apresentação de nossos pedidos a Ele. É uma forma eficaz de conversa, dialogo e desabafo. 
          É o extravasar, sozinho, com alguém que está nos escutando e que deseja nos instruir em como proceder com cada situação da vida. 
         O momento da oração traz a paz aos sentimentos porque nos faz perceber que estamos exercendo confiança no Criador que nos fez, que é cheio de recursos e de amor. 
         Ele nos dará a sua paz quando orarmos para que o nosso coração(nossos órgãos mais internos) e a nossa mente( as nossas emoções ) sejam mantidas equilibradas e estáveis.
         Não que eu seja contra o Rivotril. Mas eu acho que ele é circunstancial e paliativo. A oração é algo que ataca a raiz do nosso problema de ansiedade: o medo do amanhã. 
         Quando oramos a Deus recebemos garantias de que ele nos dará a sabedoria necessária para tratar de cada situação que hoje nos imobiliza. E acima de tudo a sua paz encherá a nossa mente.                   Desejo que você ore mais do que consuma Rivotril. Para que, um dia, ele permaneça na caixa de remédios porque já não é mais necessário.
            No dia em que a paz que vem da oração com Deus seja uma realidade na sua vida.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

COMO DOMAR O LEÃO QUE HABITA EM NÓS.



           Uma das primeiras atitudes de Jesus, depois de escolher aqueles que seriam os seus discípulos e continuadores da proclamação do Evangelho no mundo, foi ensina-los a orar. A sua mais conhecida oração, chamada de ‘oração do Pai nosso’ se encontra registrada em Mateus 6.9-13.

            A principal ênfase desta oração como em toda a vida de Jesus se encontra na frase: ‘Seja feita a tua vontade, assim na terra como nos céus’. Jesus entendia que, a partir do momento em que decidisse cumprir a missão deste seu envio à terra, lutaria dia e noite com uma contradição que compõe o mundo dos homens desde Adão.

        Ele disse em João 6.38: ‘Porque eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou’. No céu, enquanto estava ao lado do Pai, Jesus não tinha contato com esta luta interior humana, que, desde Adão vem tomando conta dos nossos corações. Deus no Èden, dá uma ordem ao primeiro homem mas este sofre da tentação entre cumprir a vontade de Deus(‘não comer do fruto’) ou cumprir a sua vontade(o que de fato ele fez).

         E toda a consequência que veio a partir daí, com a entrada do pecado no mundo, a desestruturação psíquica, afetiva, relacional, espiritual, a violência, a agressão contra o planeta e todos os males sociais, surgem com a opção do ser humano em fazer o que quer, cumprir assim sua vontade. Mas todas as vezes em que acreditamos na falsa premissa de que ‘liberdade’ é se fazer o que se quer, sem prestar contas a ninguém, na verdade incorremos na prisão e na dependência daquilo que escolhemos como objeto da nossa liberdade.

     A grande pergunta è: longe de Deus e do seu Evangelho, somos de fato, livres?

        Filme ‘Matrix’, dialogo entre Morpheus e Neo:
       ‘Há algo de errado com o mundo, você não sabe o que é, mas há. O mundo que é colocado diante dos seus olhos para que você não veja a verdade. A verdade de que você é um escravo. Como todo mundo você nasceu num cativeiro. Nasceu numa prisão que não consegue nem sentir nem tocar. Uma prisão para a sua mente.’

        Temos que entender que nós nascemos neste mundo com um projeto já pronto e não com uma liberdade incondicional de atendermos os nossos caprichos, dando as costas a Deus a vida inteira. Paulo diz que a vontade de Deus para nós nunca será algo que nos fará mal ou sofrer. Mas a recusa consciente desta sua vontade, como disse Morpheus, nos leva a viver no cativeiro.

        Nós sofremos muito na vida quando deixamos de lado esta vontade de Deus para atendermos a nossa própria. Porque cumprirmos a nossa vontade implica na conclusão de que existem algumas questões na vida sob as quais Deus não tem nenhuma ingerência ou opinião a respeito.

            Mas a sua Palavra é um compendio completo sobre viver bem e sob a direção de um Deus que nos ama. Fazer a vontade de Deus em vez da nossa é um grande desafio conforme foi demonstrado por Jesus o tempo todo. E segundo ele, aqueles que de fato compõem sua família, aqueles que de fato ele considera seus irmãos e discípulos são os que em nome da obediência ao Pai, deixam de lado suas vontades e caprichos e lutam diariamente para andar no caminho da vontade de Deus. Seu pai, sua mãe, seu irmão e sua irmã são aqueles que amam e fazem a Sua vontade.

       Na ultima cena da sua vida Jesus está no Getsemani, orando a noite toda. Ele sente o seu corpo e a sua mente pedindo uma coisa diferente daquela que Deus desejava: "Pai, se possível, passa de mim este cálice'.
        Sua noite passada em agonia, até a sua resposta: 'Não se faça a minha vontade mas a tua'  revela que para fazermos efetivamente a vontade de Deus isso exige uma dose de sacrifício.

        È sacrificial não dar ao corpo o desejo que ele pede. È sacrificial não revidar uma ofensa e em seu lugar perdoar. È sacrificial perder um relacionamento que nos está levando para muito longe dos princípios do Evangelho e do bom senso. È sacrificial não escolher o caminho mais rápido para se atingir o que necessitamos.


          Para Jesus a grande tentação é deixar Deus falando sozinho e partir em direção á realização da própria vontade. Mas esse é o nosso maior desafio. E Jesus o venceu, mostrando que ele pode nos ajudar quando formos em algum momento tentados a fazer a nossa vontade e não a de Deus. Seja feita a tua vontade , continua a ser a oração mais importante a fazermos todos os dias da nossa vida.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

CONVITE AOS AMARGURADOS.



          A historia de Noemi é marcada pela passagem de um período de felicidade para um outro momento de amarguras. Ela morava com seu marido e os dois filhos em Belém de Judá, quando todos foram obrigados a se mudarem para a região de Moabe por conta da escassez em sua terra. Lá todos vivem por 10 anos, os meninos se casam com mulheres moabitas. Mas a tragédia os assola e morrem o marido e os dois filhos de Noemi.

             Ela então decide regressar à sua terra. Uma de suas noras, Rute, insiste em permanecer ao seu lado, mesmo com toda a insistência da sogra para que ela, ainda jovem, se case novamente e tenha filhos. Rute, no entanto, decide permanecer junto á sogra que tanto ama numa das declarações mais comoventes da Biblia: ‘Aonde você for, eu também irei. Onde você viver, eu viverei. O seu povo será o meu povo, e o seu Deus será o meu Deus. Onde você morrer, eu também morrerei e ali serei sepultada. Que o Eterno me ajude. Nem a morte nos separará’.

            Quando ambas chegam a Belém de Judá todos os antigos moradores reconhecem Noemi, cujo nome em hebraico significa ‘agradável’. Todos estão felizes pelo seu regresso. Mas ela não. Sua face mudou. Seu humor não existe mais. Ela prefere que a chamem de ‘amargurada’. Ele atribui a Deus o lhe ter tirado toda a razão da alegria e o sentido para viver. Ela não tem mais sentimentos de amor, de ternura; a emoção foi embora. Noemi ainda está viva mas seu coração parou de bater. Ela está insensível, adoecida, e desejosa de morrer.


1. Noemi tem o coração tomado pela amargura.

‘Não me chamem de Noemi, mas de Amarga’.

O nome hebraico ‘Noemi’ pode significar: ‘agradavel, encantadora, delicada’.

          Antes da tragédia que se abateu sobre a sua vida tudo leva a crer que Noemi era o símbolo da feminilidade e da beleza. Porque os nomes judaicos expressavam a aparência e a conduta. Esta mulher extremamente bela e delicada perde seus filhos e marido e, ao voltar para sua terra de origem deseja ser chamada de ‘Amarga’. Com um coração invadido pela tristeza e rancor ela agora transparece no rosto a dor que tem por dentro. Diz inclusive que não quer mais se casar. Rejeitou o amor e a ternura. Trancou os sentimentos a sete chaves. Sua relação com Deus já não é a dos dias passados. Agora ela acusa o Criador de te-la castigado com severidade, de ter se colocado contra sua vida.



           No momento em que alguém se revolta contra Deus o efeito mais imediato disso é a amargura contra si mesma e contra todos. Contra a vida e contra a beleza. Contra o amor e contra a bondade. Ela faz de tudo para que sua nora, Rute, volte para sua terra. Não quer a companhia de ninguém. Quer a solidão e o silencio. Se você se sente assim é preciso prestar atenção na providencia de Deus aos que sofrem. Ao enviar Rute para permanecer com Noemi, vemos nisso a ação de Deus em fornecer o amor, a amizade e a companhia a uma mulher que fechou-se para tudo e para a vida.


           Quando a dor se instala, a solidão, o isolamento, não são a melhor atitude. È preciso entender que o amor ainda existe – ele está apenas sufocado pela amargura. Que a bondade das pessoas ainda é real – nós apenas duvidamos disso por estarmos adoecidos. Que tudo pode melhorar – nós é que achamos isso bobagem por termos permitido que a tristeza dominasse a nossa alma.



2. Noemi perde o sabor de viver.

‘Saí daqui cheia de vida, mas o Eterno me fez voltar sem nada, apenas com a roupa do corpo’.

         Noemi faz um jogo de palavras: ‘vida’ e ‘roupa’. Ela diz que saiu dali, da sua cidade, cheia de vida – o marido, os filhos, as noras. Mas voltou só com a roupa do corpo.



          Ao dizer isso, que só lhe sobrou a roupa ela está declarando que morreu. Só a roupa existe, a vida não mais. Há nela uma vontade de morrer, que também se manifesta em todas as pessoas que enfrentam um duro golpe em algum momento na sua historia.

Noemi enxerga apenas objetos e não a existência: o corpo, não a vida.

          Assim também são aqueles que trocam a alegria de viver pelos seus bens, por suas aquisições materiais, dinheiro, e tudo quanto aos olhos da sociedade simboliza a felicidade, o bem-estar.Pessoas que reprimiram sentimentos se tornam compulsivas em comprar. Possuem muitas coisas guardadas sem uso algum porque o ato da compra traz uma sensação de sentido, finalidade.

         Elas terminam admirando suas prateleiras tentando se convencer de que ainda estão vivas. Mas como a vida tem a ver com sensações, experiências relacionais, amor, interação e convívio, quem se fecha decreta a falência da sua alma. Como diz Jorge Camargo, ‘A felicidade é uma porta, e abri-la, é escolha sua : quem se fecha, não se arrisca, mas a alegria está na rua’.


3. Noemi é surpreendida pela chegada de uma boa noticia.ser restaurados pela intervenção de Deus.

Rute 4:13-17.

       A parte final da historia de Noemi é radicalmente alterada pela chegada de uma boa noticia. Um de seus parentes, rico proprietário de nome Boaz, contrata Rute, sua nora para trabalhar, se apaixona pela moça e casa com ela. Dessa união nasce um filho de nome Obede, que será o avô do rei Davi. A noticia do nascimento desta criança altera em absoluto o comportamento de Noemi. Ela destranca seus sentimentos. Ela volta a sorrir, a se encher de vida. Ela sente novamente o gosto da maternidade ao se tornar avó. Sua ternura desabrocha. Sua bondade regressa. Seu carinho é estendido ao bebê. As mulheres de Israel dizem até que ela está mais jovem na aparência.


           O texto diz que Noemi põe o neto no colo, o acaricia, o beija e o trata com muito carinho. Ela está novamente cheia de vida e de ternura, a tal ponto que as suas amigas dizem: ‘este é o menino de Noemi’. Tudo isso aconteceu apenas pela intervenção de Deus naquela tragédia familiar. Mas onde quer que exista a dor ali chegará a boa nova do Evangelho. Para aqueles que só conhecem o lado sofrido da vida brilhará sobre eles a luz da esperança. E a todos que estão cansados de lagrimas e da colheita da escassez a promessa de Deus é surpreendente: Salmos 146.


        O nascimento de uma criança trouxe uma vida nova para Noemi. Sempre que uma criança nasce em uma família isso é automaticamente lido como o nascer de um novo dia, de um novo período cheio de coisas alegres e restauração. A mensagem do Evangelho começa justamente com o nascimento de Jesus. Num mundo confuso, dominado pela mão de ferro do Império Romano, pela colonização de uma parte considerável do mundo. Tempos de escassez, de medo, de revolta, de violência. Tempos em que o rei Herodes manda matar todos os meninos de dois anos para baixo.


         Mas quando nasce Jesus os anjos cantam no céu, os pastores cantam no campo, a estrela brilha no espaço. E a mensagem é: ‘Gloria a Deus nas alturas e paz na terra aos homens’. Se você, como Noemi, sente que seu coração foi arrancado, roubado e agora é incapaz de sentir coisa alguma, permita que esse nascimento, ou novo-nascimento, aconteça dentro de seu coração. Porque o convite de Jesus para que o amor dele, o único que pode curar corações doentes, ainda está de pé: 'Venham a mim, todos vocês, que estão cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei'.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

A SABEDORIA DO EVANGELHO.

                  

             
              Os gregos tinham como valor maior da vida a sabedoria.  A SOPHIA era inclusive cultuada como deusa em alguns lugares. Esta sabedoria consistia em buscar em tudo a virtude como contraponto ao vicio. Eles estabeleciam varias escolas, cada uma delas com uma linha de pensamento como a de Platão, Sócrates  Epicuro, Zenão, Aristóteles.

        Nem sempre a sabedoria era de fato virtuosa e respeitosa, especialmente se determinados conceitos eram conflitantes com o padrão estabelecido. Quando Paulo anuncia Jesus Cristo no  Areópago os alunos das escolas de Zenão e de Epicuro o chamam pejorativamente de 'tagarela', 'inventor de fábulas'. 

        Em Corinto Paulo estabelece uma igreja cristã mas ele percebe que alguns de seus membros tinham sérios problemas com o Evangelho porque a leitura que faziam dele era a da antiga visão das escolas gregas de sabedoria.

      Um dos efeitos era o entendimento de que os pregadores eram apenas mestres do saber, e por isso, eles dividiram-se em grupos de interesse conforme a linha filosófica que colocavam erroneamente sobre o Evangelho. Isso os fazia debater entre si e discordarem, abrindo mão da tolerância e da boa convivência, já que numa mesma comunidade havia os de Paulo, os de Apolo, os de Pedro e os de Cristo.

       Isso apenas revela um fato:  para o Evangelho a sabedoria de Deus não envereda pelos mesmos caminhos da sabedoria humana porque esta, no parecer de Paulo não conduz o ser humano a Deus.


         O problema não é o conhecimento em si, mas a arrogância que ele produz naqueles que vivem para disputar opiniões e impor as suas.  Para quem decide conhecer o Evangelho, o importante não é adquirir um conhecimento distintivo e que classifica pessoas. Seu objetivo é unir em uma mesma fé naquele que é o Senhor todos os que pensam de maneira diferente sem que isso seja um problema para a convivência.

          Os valores do Evangelho percorrem uma distância enorme ao que se espera do conhecimento em si. Ele não ensina a preservar-se para não ser ferido mas a amar mesmo que se sofra. No lugar da entronização do Eu, ele convida ao ato de servir uns aos outros. Finalmente,  o Evangelho centraliza a Cristo e não o homem.

        E isso é uma mensagem profundamente contraria a cultura contemporânea que endeusa a felicidade pessoal e subjetiva acima de tudo. O Evangelho vai adotar a postura de Cristo em amar por meio do serviço aos outros. Além disso, para Paulo, o critério de pertencimento a Deus não é o mesmo critério de pertencimento a uma escola de sabedoria. 

           Enquanto para essa o que importa é o curriculum familiar, financeiro e social, os que são convidados ao Evangelho não reúnem em si mesmos nada que seja referencial ou digno. Deus chama para compor sua família os que nada são, os fracos, desajustados, e os que estão á margem do valor ditado pela sociedade.

         Isso nos leva a uma diferença substancial entre a sabedoria segundo Deus e a sabedoria humana. Elas diferem tanto quanto a sua origem quanto a seu objetivo. Na de Deus a finalidade sempre é nos levar a aprender o amor e o bom relacionamento, o respeito, a destruição de preconceitos, a simplicidade. A sabedoria segundo Deus não coloca pessoas em sistema de competição mas as une em um mesmo amor.

         A sabedoria de Deus não nos leva a desprezarmos a ninguém pela diferença que possui em algum nível mas nos faz conviver com todos que são diferentes de nós em qualquer aspecto. Esta sabedoria não vê cor, raça, sexo, religião e escolhas mas aprende a amar porque imita um modelo que vem da cruz.

         Ao pé da cruz estavam inimigos políticos como Herodes e Pilatos; inimigos sociais como romanos e judeus; religiosos e pecadores como prostitutas e corruptos; gente que amava Deus e gente que venerava ídolos;  crianças e velhos. Ao lado da cruz estavam o santo de Deus e dois ladrões.


        Somente a sabedoria do Evangelho poderia unir tamanhas diferenças. Por isso, toda sabedoria que procede do Evangelho é a única capaz de mudar um ambiente, transformar o mundo, perdoar ofensas e dar sentido a tudo. 

          O sábio, afinal, não é o que acumula conhecimentos para se vangloriar de quanto sabe mais do que alguém, mas sim aquele que, como Jesus, desce ao nível dos menos favorecidos para promover o crescimento deles, seu progresso e sua transformação.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

AS COMPETÊNCIAS HUMANAS E A ORAÇÃO.



          Davi não precisou das 5 pedras para atingir e derrubar o gigante. Apenas uma, e a primeira.

      Mas à sua capacidade de excelente atirador ele aliava a profunda confiança na atuação de Deus nas horas cruciais da sua vida. O que havia nele era a somatória da fé com a pratica que melhorava cada vez mais, graças á sua competência em exercitar e repetir sua função. 

      Ele diz que já havia matado antes um leão e um urso para defender as ovelhas. 

     Em geral, existe uma divisão que as pessoas fazem com relação ao seu papel e a ação de Deus. E isto geralmente leva a um extremo ou a outro. Uns alegam que basta confiarmos e orarmos que tudo vai se resolver automaticamente. Estes são os que defendem a lei do esforço mínimo ou nulo.

      Para eles todo trabalho, competência, dedicação humana é inútil e mais que isso uma ofensa ao poder de Deus. Segundo este raciocínio nós precisamos apenas da fé para viver porque ela é a chave que abre todas as portas e capaz de resolver todos os grandes e pequenos problemas da vida. 

      O outro grupo é constituído daqueles que entendem que Deus apenas criou este Universo mas delegou aos homens agora todo o cuidado e responsabilidade por suas próprias vidas. Confundem a fé com a perseverança humana e com o ato de pensarem positivo e valorizam mais a realização humana do que as ações eficazes de Deus por meio da oração. 

       Olhando para a historia de Davi nós encontramos a verdadeira forma pela qual as coisas funcionam. Ele foi capaz de associar em um mesmo peso à oração e a competência humana. Deus precisava da experiência e da competência de Davi.

      Ele poderia sozinho derrubar o gigante com um ato que viesse do céu sem interferência de exercito algum  e sem contar com Davi. Mas ele prefere trabalhar em regime de parceria conosco. Paulo dirá em sua primeira carta aos Corintios que 'nós somos cooperadores de Deus'.

      Frequentemente Deus se utilizou da sabedoria de artistas, artesãos e construtores para edificar tanto o tabernáculo como o templo de Salomão. Disse a Moises para escolher homens de reconhecida capacidade e sabedoria para guiarem com ele o povo pelo deserto. Fez o mesmo quando ordenou a escolha de diáconos para a Igreja primitiva. 

        Escolheu Esdras e Neemias que eram estrategistas muito competentes para reconstruir a cidade de Jerusalém depois do exílio da Babilônia. Mas, estes mesmos homens sabiam que nada poderiam fazer somente contando com suas qualificações. Eles precisavam estar com Deus frequentemente para que fossem orientados no melhor procedimento. 

        Se vivermos apenas esperando que Deus faça tudo em nosso lugar estaremos praticando um ato de irresponsabilidade com nossa vida porque há determinadas questões que ele não resolve por nós mas delega-nos a função de tratarmos pessoalmente destes assuntos. 

     Sobre o perdão Jesus diz que temos que procurar o ofendido e acertar com ele a situação(Mateus 5.23-24).Afirma que quem semeia pouco terá poucos resultados( 2 Corintios 9.6-7). Sobre  os relacionamentos domésticos exalta a necessidade do amor do marido, da submissão da esposa e da obediência dos filhos(  Efesios 5.22-25 – Efesios 6.1-3). Condena a preguiça e o ato de ficarmos dependendo da caridade alheia em vez de trabalharmos responsavelmente( 1 Tessalonicenses 4.11-12) .

       No entanto, não podemos omitir o fato de que somos dependentes de Deus em todo o tempo, carecemos da sua orientação para tomar escolhas certas e principalmente para desenvolvermos nossa amizade e caminhada com ele. 


       Sendo assim, a competência humana é uma ferramenta frequentemente usada por Deus para ajudar pessoas em situações de risco. E a oração é aquele elemento que mobiliza tais ferramentas para que isso possa acontecer . No milagre da multiplicação de pães e peixes notamos que os pães e peixes eram o fruto do trabalho humano; mas a oração de Jesus os multiplicou e saciou a fome das pessoas. 

Santo Agostinho dizia:
‘Ore como se tudo dependesse de Deus e trabalhe como se tudo dependesse de você’.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

A ANGÚSTIA DAS DÍVIDAS.






       ‘Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores’. Mateus 6.12.

       Esta sentença da oração do Pai Nosso vem exatamente depois da petição: ‘O pão nosso de cada dia nos dá hoje’. Depois que Jesus nos ensina a pedir a Deus o nosso sustento e provisão para o hoje, ele inclui o pedido de perdão pelas dividas que contraímos.

      Interessante que durante longo tempo na Teologia Cristã essa palavra foi intercambiada pelo termo ‘transgressões’. Ora se usava esta tradução, ora a palavra ‘dividas’. 

      E num contexto mais amplo, do mundo judaico onde se alicerça a Escritura, a divida não é apenas um pecado moral mas também o ato de contrair compromissos financeiros que não se consegue depois pagar.

       Veja que Jesus associa o perdão na famosa parábola do credor incompassivo com uma divida financeira: Mateus 18:23-35. 

      Desta maneira, o que Jesus ensina na oração do Pai nosso é que repetidas vezes, por não confiarmos tanto na providencia de Deus nós contraímos contas em volume exagerado, o que nos traz ansiedade, medo da inadimplência, o risco de inscrição no Serasa.

      Porque toda divida seja ela moral ou financeira é um meio de escravidão do nosso ser ou a algum habito ou a algum credor que pode tomar o que é nosso. Este principio do mal que a divida causava no espirito das pessoas fez com que houvesse uma lei no AT, o chamado ‘Ano do Jubileu’: Levítico 25:8-10.

      A cada 50 anos era dado em nível nacional o ano do perdão: todas as dividas eram perdoadas, escravos eram libertos, estrangeiros voltavam para suas propriedades e aqueles que penhoravam seus bens em uma divida recebiam tudo de volta.
Isso também acontecia a cada 7 anos: Deuteronômio 15:1-4.

      Quando conseguimos negociar nossas dividas e fazemos um acordo isso tira de sobre nós um peso enorme e sufocante. Respiramos aliviados porque vamos conseguir pagar. A possibilidade de sermos perdoados cria aquela alegria e alivio. Da mesma maneira somos chamados para agir quando alguém nos ofende ou nos prejudica.

      O perdão de Deus é a base para nos motivar ao perdão a outras pessoas. E este perdão foi concedido quando Jesus pagou com sua morte toda a nossa divida na cruz nos dando um novo começo.

A palavra  biblica Redenção significava pagar o preço, quitando a divida. Era usada a palavra grega ‘lytron’ , empregada nos meios comerciais da época.

      A decisão de dar um novo rumo á vida passa pela noção do arrependimento: o ato de não mais cometer aquilo que nos escravizou. O que nos leva, portanto, a aplicação pratica da oração que ele ensina.

     Deus não nos quer escravizados por nada, seja um vicio ou uma divida financeira, seja uma magoa armazenada, seja uma frustração com alguém. O perdão é o principal elemento que nos torna livres.

     È preciso aprendermos a viver com base no hoje e não em planos futuros: ‘o pão nosso de cada dia nos dá hoje’. È por causa da ansiedade com a velhice, com o futuro dos filhos, com o futuro do país, com o futuro do nosso emprego, com o futuro da nossa condição econômica que contraímos altas taxas de dividas apenas o pretexto de tentar garantirmos que não teremos nenhum imprevisto. 

      Para Jesus, a maior parte da nossa ansiedade acontece porque deixamos de lado um estilo de vida simples e modesto e ambicionamos um padrão elevadíssimo e as vezes inatingível.

O amanhã jamais estará sob o nosso controle e por isso não há como garanti-lo nem construí-lo por antecipação.
       Toda divida seja ela de que tipo for, causa angustia e sofrimento sem medidas. Não sabemos como iremos ser tratados pelo nosso credor humano, ou por aquele a quem ofendemos ou prejudicamos. 

      O que precisamos fazer é buscar o quanto antes meios de conciliação que tragam um acerto de contas adequado a ambas as partes. Esperar que tudo se resolva sozinho é perpetuar a angustia e a incerteza das dividas.

      E o mais importante: sejamos liberais e prontos a sempre perdoar, independentemente das vezes em que nos ofenderam para que o peso da raiva e a semente do ódio não sejam plantados no nosso coração e não causem, assim, mais angústia.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Você sabia que trabalhar é um meio de adorar a Deus?


            
      Um grande debate que toma conta hoje no mundo corporativo tem a ver com a satisfação pessoal no trabalho.  De acordo com Roman Krznáric, doutor em Sociologia, (‘Como encontrar o trabalho da sua vida’), foi-se o tempo em que o dinheiro era o principal fator de motivação para o trabalho. 

      Ele ainda é para quem começou a trabalhar agora, mas para aqueles que já estão na profissão há mais tempo existem outras recompensas fundamentais que não estão vinculadas a dinheiro: senso de sentido, atender a um proposito, ser criativo e a possibilidade de ajudar a quem precisa.

       Na mesma linha Edmund Phelps, economista ganhador do Nobel de Economia de 2006, e especialista em mercado de trabalho, salários e inflação, diz: ‘Cada individuo empregando tempo e esforço numa atividade insatisfatória, mesmo que bem remunerada, é sintoma de um sociedade doente’.

        Ele afirma , com dados da economia real, que a satisfação no trabalho tem menos a ver com o nível de salario e muito a ver com a satisfação geral e com a vida. Quem não está satisfeito com sua vida em outras áreas não estará satisfeito em lugar nenhum, menos ainda no trabalho. 

      Paulo, autor da carta aos Efesios mostra 3 lados do trabalho nem sempre levados em conta por nós:


1.       O nosso trabalho é parte inseparável do nosso culto a Deus.
‘Nâo trabalhem por obrigação, mas trabalhem de coração, como servos de Cristo, fazendo o que Deus quer’.

   Quando define o que é o culto cristão, em Romanos 12, Paulo diz que ele é o oferecimento da inteireza da nossa vida a Deus todos os dias com tudo o que fazemos com o nosso corpo. 

     Para ele, o culto não se limita a algumas horas dentro de uma igreja.O trabalho, como parte da vida, é parte do nosso culto, é meio de adoração. Nenhum trabalho, por mais humilde ou modesto pode ser feito com senso de obrigação e como algo penoso e que causa desgosto. Não é tanto o trabalho que temos que importa e sim o espirito com que o fazemos.


     Em qualquer campo do conhecimento é possível detectar quem faz um trabalho bom daquele que faz um trabalho medíocre: não é o salario, nem o status, mas a motivação interior. O cristão entende que trabalhar é servir pessoas e servir a Deus. E como Deus merece de nós sempre a excelência não podemos trabalhar como se fosse uma punição, um peso, mas como expressão da nossa devoção àquele que nos criou, nos salvou e que nos ama.



2.       O nosso trabalho precisa ser feito com motivação e alegria.
‘Trabalhem com um sorriso no rosto, tendo sempre em mente que não importa de quem venham as ordens, vocês estão servindo a Deus’.

      Para Paulo, todas as vezes que executamos o nosso trabalho digno estamos promovendo aqueles valores fundamentais presentes no Evangelho. Um profissional que presta um serviço beneficia a várias pessoas. 

     Mas você já reparou que o resultado do seu trabalho está diretamente associado á sua condição emocional e espiritual?  Todos sabem da experiência de serem atendidos por um medico desmotivado. Por um engenheiro que não trabalha com qualidade. Por um professor que só reclama dos alunos. Por um funcionário publico que não vê a hora de terminar o expediente.

    O cristão sabe que quando está cumprindo ordens ele entende que obedecer é uma pratica comum da sua experiência. Ele aprende desde a conversão a Cristo que a principal finalidade da caminhada é ouvir a Deus e obedecer sua vontade. E porque está treinado em obedecer, cumpre ordens superiores com mais facilidade.


     Então, quando executar o seu trabalho faça isso com alegria, abra um sorriso e agradeça a Deus o fato de que, enquanto a Europa mergulha num elevado nível de desempregados, você está trabalhando e ganhando seu sustento. 


3.       O nosso trabalho feito com excelência reverte em recompensas.
‘O bom trabalho resulta em boa retribuição’.

       O valor do salario é algo variável de acordo com a politica da empresa e o plano de carreira. Mas em geral aqueles que recebem melhor remuneração e são cotados para promoções nas empresas são os que se dedicam o tempo todo a superarem a si mesmos na qualidade e na excelência do que produzem. 

    Porque não adianta dizer que você ganha mal se o seu serviço é ruim. È inútil culpar a empresa pela falta de reconhecimento se o seu desempenho é sofrível.



       Reclamar de que outros foram promovidos e você continua na mesma posição pode ser a única coisa que você sabe fazer – reclamar. Porque o bom trabalho sempre traz uma boa recompensa.

       Os que se destacam são os que fazem muito além do que lhes é pedido e exigido. São os que surpreendem a empresa e seus colaboradores porque oferecem um diferencial que ninguém oferece. 


       Quem realiza um bom trabalho não faz isso apenas na empresa- faz isso com a família, faz isso com os amigos, faz isso na igreja, nos clubes, nas redes de convivência. A excelência não é um item que aparece apenas no trabalho – é algo que se vê na vida. 

     Por isso, antes de reclamar do seu salario, pergunte primeiro se o que você faz merece o salario que você ganha. 

     Martinho Lutero recebeu certa vez a visita de um sapateiro que lhe perguntou: ‘Como servir a Deus e ser um cristão melhor?’  Lutero respondeu: ‘Faça um bom sapato e venda por um preço justo’.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

LAVE SUA TRISTEZA COM O SABÃO DA ORAÇÃO.


       

        O que fazemos das nossas tristezas? Que tipo de atitude adotamos quando algo abala nosso humor e motivação para viver? Existem duas maneiras diferentes de lidarmos com a tristeza.

       A primeira e mais comum é aquela que conduz à depressão e ao hábito do lamento, que não permite encontrar nenhuma saída, que faz da existência um peso cada dia maior.Quem permite que a tristeza o desvie de Deus vive cheio de remorsos, que podem leva-lo a um estado terminal.

      Mas existe uma outra maneira mais produtiva de tratarmos nossos momentos de tristeza. Porque se nós a levarmos a Deus em oração ela irá, como em tudo que acontece na vida sob a redenção, ser transformada em um fruto. Toda tristeza que passa por Deus sai convertida em resultados que beneficiam a nós, que nos ajudam a viver ainda melhor, que nos conectam com a humanidade e despertam o melhor em nossas vidas.

1. A tristeza enfrentada com Deus muda a nossa perspectiva das coisas.

          O importante não é o motivo da tristeza, seja ele uma perda, um prejuízo financeiro, uma enfermidade, um rompimento de algum laço afetivo. Todos podem estar sujeitos a tristeza em algum momento. Mas o desafio que a tristeza desperta é a mudança.

       Porque há pessoas que pioram com a tristeza e há pessoas que melhoram com ela. O fato é que toda tristeza produz mudanças significativas e permanentes. Ninguém que passe pela dor, em alguma medida, permanecerá o mesmo depois dela.


       A questão é se nossa mudança nos ajuda ou nos atrapalha. Se ela nos torna mais humanos, mais sensíveis e cuidadosos ou se simplesmente nos mergulha na espiral da culpa e do ressentimento, quando tentamos achar o resto da vida um culpado pelo que nos aconteceu.


2. A tristeza enfrentada com Deus cura nossas emoções.

       Toda nossa estrutura psíquica é abalada com a tristeza. Não apenas o bom humor desaparece como também ocorrem somatizações dela no corpo. Existem pessoas que não tem nenhum diagnostico de doença mas que sentem todo tipo de dores.

       O corpo está saudável mas a mente não. Enquanto guardamos para nós nossas tristezas, as emoções começam a ficar quimicamente contaminadas e repercutem nos órgãos do corpo, prejudicando o quadro geral da saúde. Não é sem razão que a Bíblia recomenda tanto a pratica da oração.

       Porque quando oramos nós desabafamos com Deus certas coisas que não temos a coragem de confessar a ninguém mais. Jesus disse que toda vez que alguma ansiedade ou medo quiser tomar lugar na consciência devemos procurar um lugar reservado e sozinhos com Deus abrirmos o coração sem reservas, contando tudo com detalhes a Ele.

      Os benefícios da oração não são, como alguns pensam, religiosos e espirituais. Seus benefícios são mentais, físicos, emocionais e relacionais. Paulo diz em Filipenses 4.6-7: 'Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus'.

      Ao orar, ao praticar o desabafo com Deus, isso pode se transformar em choro, em verbalização da ira, em explosão de emoções. E isso é terapêutico porque Deus aceita nos ouvir e permite que coloquemos para fora nossa tristeza.         Ele mesmo convida você hoje a fazer isso, a fim de provar um pouco de alegria no meio deste vale de pranto.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

ÁRVORE.

      



        'Se a árvore é boa, o fruto é bom; se a árvore é má, o fruto é mau. Porque pelo fruto se conhece a árvore'. Mateus 12.33.

      Não sou especialista no assunto.
     Mas eu sei que cada fruto corresponde á arvore.      Ela é quem determina o resultado, o tipo, a espécie.
     Em alguns casos é o fruto quem dá nome à árvore.
     Jesus diz que existe uma correspondência direta entre aquilo que somos e aquilo que produzimos.
    Isso quer dizer que o que realizamos ou falamos aponta diretamente para  a nossa essência.
     Se o que geramos é bom isso apenas mostra que nosso interior está cheio da seiva da bondade.
      Mas se o que produzimos é mau isso revela quanta amargura temos acumulada.
      È importante lembrar, que, segundo João Batista, o machado está sempre colocado na raiz da árvore porque segundo ele a árvore cheia de maldade não dura muito tempo. Seu autoenvenenamento a contamina e a adoece de tal maneira que ela se torna seca, e precisa ser cortada, deixando de ocupar o espaço inutilmente.
     Mas á arvore boa, segundo os salmos está sempre plantada junto ás águas, sendo renovada no seu interior para que produza bom fruto durante muito tempo.
     A vida sempre é este machado, perigoso e inquietante, que vem provar a qualidade do nosso fruto. Muitos não percebem que estão começando a ficar sozinhos, isolados, porque nenhuma pessoa gosta de sua companhia.
       Eles produzem fruto mau, venenoso, sem sabor agradável. São uma árvore que está secando há muito tempo por não comparecer junto ás águas. Elas reclamam da sua condição, se queixam de outros, não se suportam, mas não admitem que foram elas próprias que chegaram a este estado.
       Jesus contou uma outra historia. De um trabalhador que resolveu pedir ao seu patrão que não cortasse imediatamente uma árvore. Que lhe desse a oportunidade de aduba-la, de mexer em sua terra, de preparar melhor o seu solo visando cura-la da sua doença. Que lhe fosse dado mais um ano para saber como ela reagiria. Se não mudasse nada, que fosse então cortada.
      Cada ano que Deus nos dá a mais, é, portanto, a oportunidade de consertarmos a nossa árvore, limparmos suas doenças e aduba-la com nutrientes da bondade, do amor, da gentileza e do perdão.        Cada novo ano deve nos tornar mais vivos e saudáveis na nossa alma.
   Você tem comparecido diante das águas e adubado sua vida para gerar fruto melhor ?

terça-feira, 17 de setembro de 2013

MISERICÓRDIA.

                    


         A palavra me chamou a atenção quando eu li o texto do Salmo 23: 'Bondade e misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida, e habitarei na Casa do Senhor por longos dias'.
                   Eu descobri que 'Misericórdia' é composto de 'misere', que trata da condição precária, da escassez, da decepção e daquilo que aponta para a fragilidade e o erro. E 'Córdia' tem a ver com o coração. 
                   Deus, segundo o texto, envia para mim a sua Misericórdia. Isso me faz entender que ele se importa com as minhas misérias. E eu tenho várias delas comigo. Não que eu seja miserável do ponto de vista social. Mas a miséria me atinge na medida em que eu me conheço cada vez mais olhando para o meu interior. 
                  Detecto nele coisas que não deveriam estar lá. Percebo que meus pensamentos nem sempre são construtivos e bons, positivos e sagrados. Olho para as minhas atitudes e encontro mais um pouco da miséria. Me sinto envergonhado comigo mesmo, ás vezes, por não ser tudo aquilo que eu acho que já deveria pelo tempo decorrido.
  
               Mas, então, eu leio no Salmo que Deus coloca o seu coração na miséria. E isso me enche de uma euforia sem tamanho. Isso quer dizer que a minha miséria, por ruim que seja e por mal que me faça, é uma plataforma através da qual Deus constrói tudo quanto ele mesmo deseja fazer em mim. Leio o apostolo Paulo e ele me confirma meu pressentimento, de que 'o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza'.

         Agradeço a Ele não porque já sou o que deveria ser mas porque nele já não sou aquilo que eu era. E a cada dia ele me alcança de novo com misericórdia, me lembrando que me ama apesar do meu fraco rendimento ou capacidade de resposta.


        Colocar o coração na miséria é o que diferencia o Deus da Graça. E eu, hoje, começo a olhar com mais misericórdia para mim mesmo, porque não posso desprezar aquilo que Deus ama, nem posso tirar o coração da forma como me avalio.

       Esta misericórdia dele tem me colocado em paz. E me desafiado a buscar outros que sofrem tanto com suas misérias por acharem que Deus os abomina. Essa é a bendita mensagem do Evangelho. E por ela eu tenho vivido e trabalhado e desejo continuar até o fim.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Meias verdades e a verdade por inteiro.



Me disseram que tudo ia dar certo, só não falaram quando;
Me disseram que em algum lugar existe felicidade, só não mostraram onde;
Me disseram que quando eu crescesse, eu entenderia tudo, só que eu cresci e sei menos ainda;
Me disseram que dificuldades farão parte da vida, só não me contaram quantas;
Me disseram que há verdadeiros e falsos amigos, só não explicaram como saber a diferença;
Me disseram que um dia o sol brilha depois da chuva, mas não me contaram que ele está presente mesmo quando chove;
Me disseram que o sofrimento purifica a alma; mas eu só tenho visto gente sofrida e infeliz;
Me disseram que o dinheiro resolve tudo; mas não contaram que os maiores problemas da vida acontecem por causa dele;
Me disseram que é preciso esquecer o passado; mas omitiram a parte da sua influencia sobre o presente;
Um dia me contaram sobre Deus...
Não me disseram tudo sobre Ele,
Mas, pelo menos, eu nunca encontrei nele nenhuma 'outra parte' omissa.
Nele eu tenho me encontrado.
Nele eu me acho completo.
Nele eu posso descansar.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

NÃO É PRECISO.



 Não é preciso falar tudo o que você pensa.
Não é preciso escutar tudo quanto dizem.
Não é preciso sorrir para todas as piadas.
Não é preciso chorar com todas as histórias.
Não é preciso se culpar por todos os erros.
Não é preciso se humilhar diante de todos.
Não é preciso acreditar em qualquer noticia.
Não é preciso fingir que está tudo bem.
Não é preciso dormir pouco para ganhar mais dinheiro.
Não é preciso esquecer a família em nome de seus sonhos.
Não é preciso prejudicar a saúde para ter mais tempo.
Não é preciso pensar tanto e fazer pouco.
Não é preciso comer demais.
Não é preciso beber.
Não é preciso fumar.
Não é preciso pisar por cima das pessoas.
Não é preciso ofender para ganhar uma causa.
Não é preciso ser desonesto para ter uma boa vida.
Não é preciso perder tempo com coisas que não levam a nada.
Não é preciso deixar as luzes acesas sem necessidade.
Não é preciso gastar água demais.
Não é preciso jogar lixo nas ruas.
Não é preciso depredar para fazer protestos.
Não é preciso culpar a todos por seus fracassos.
Não é preciso desistir antes da hora.
Não é preciso se achar velho quando jovem.
Não é preciso fingir ser jovem quando velho.
Não é preciso esconder a sua idade.
Não é preciso ter o corpo da modelo.
Não é preciso malhar demais na academia.
Não é preciso dar espaço para a preguiça.
Não é preciso deixar de cantar no dia de chuva.
Não é preciso entrar em pânico quando o dinheiro falta.
Não é preciso ler todos os livros.
Não é preciso ouvir todas as músicas.
Não é preciso ler todas as postagens.
Não é preciso assistir a todos os videos.
Não é preciso gastar dinheiro todo dia.
Não é preciso guardar tudo o que se tem.
Não é preciso fingir que não se importa.
Não é preciso ter medo das consequências.
Não é preciso brigar com Deus. 
Não é preciso desistir da fé.
Não é preciso abandonar a igreja.
Não é preciso se tornar ateu.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Ser normal é normal ?

                       



                       

                         Por conta da enxurrada de protestos contra a questão do homossexualismo no Brasil, e a assim chamada 'Cura Gay', temos visto com muita frequencia uma propaganda governamental com Gilberto Gil e sua filha, que pontuam o bordão 'Ser diferente é normal' .
                       Eu concordo que as diferenças não podem ser motivo de preconceito e muito menos de violencia contra quem quer que seja. A falta de tolerancia com os diferentes já rendeu muita mortandade na Historia, basta lembrar dos tempos do nazismo alemão.
 
                       Contudo, ao que parece, a normalidade não é hoje tida como algo natural.
                      O que mais se elogia é o diferente, o anômalo, o estranho, o bizarro, o fora de padrão.
                       No campo da politica, a normalidade é o descaso com a causa publica, o desvio de verbas, a omissão em punir os que desonraram o cargo porque cometeram crimes.
 
                        Na esfera da educação publica, a normalidade hoje é promover automaticamente os alunos analfabetos para as séries seguintes, sem mais reprova-los, porque é preciso fornecer um indice numerico aos órgaos internacionais que indique que o País tem melhorado a Educação.
                       No campo da comunicação, a normalidade é mostrar casos de morte, agressão, violencia fisica e muito apelo sexual porque são estas coisas que rendem pontos no Ibope.
 
                      Na questão teologica, a normalidade hoje são as igrejas que promovem o esdruxulo, o 'quanto mais gritado e estranho melhor', porque isso é indicio, para muitos, de que o Espirito Santo está operando na congregação dos fiéis.
 
                       O que dizer, então, daqueles que são normais?
                      Que respeitam os que pensam de forma diferente, mas que também quer ser respeitado em seus posicionamentos?
                     Que ficam indignados com essa politica gatuna e que exigem que a Lei seja cumprida pelos seus representantes, enquanto pagam, honestamente, suas contas?
                     Que insistem em estudar com seus filhos para que eles aprendam, não se conformando que a escola os promova sem o esforço da leitura?
 
                    Que preferem pagar TVs por assinatura porque não aguentam mais tanto lixo jogado para dentro de suas salas?
                   Que insistem em pregar a genuina Palavra de Deus, sem promover emocionalismos, danças coreograficas, musicas tipo mantras, nem as muitas exigencias do povo gospel, porque estão interessados na transformação das pessoas em Deus ?
 
                   Eu estou chegando a conclusão de que o espaço dos normais, hoje, está ficando cada vez menor.
                  E que os normais, algum dia, serão a grande minoria deste País.
                 Até lá, eu oro e espero que meu filho siga meus passos, acredite e pratique o que é normal, e não o estranho, o bizarro, o insano, o louco. Oro para que ele ainda creia, numa multidão de incredulos, que seguir a Jesus é amar este mundo, sem se corromper com o que há de pior nessa cultura.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Privilégios e Responsabilidades.

               
               
              Desde muito cedo aprendi que todo privilégio só acontece quando alguma responsabilidade é cumprida. Isso porque a vida não pode estar presa nem a um ponto nem a outro. Só responsabilidades sem privilégios faz da existência uma pesada carga que se leva sem nenhum tipo de bonificação e prazer. Só privilégios sem responsabilidades torna as pessoas infantilizadas, na medida em que pautam seu comportamento pela exigência de que todos lhe deem o que ela acha que merece, mesmo que nada faça em prol da sociedade.

           Pensando nas manifestações que tem tomado as ruas do Brasil e a força que este movimento tem, a ponto de fazer não ser aprovada a famigerada PEC 37, a vergonhosa proposta de impedir que parlamentares fossem investigados a fundo nas suas ações, penso hoje na situação de privilegiamento da classe politica brasileira que, ao contrario de todo cidadão comum, se lota de privilégios sem medida apenas pelo fato de 'representar' o voto do povo e a sua vontade pela aprovação de leis em beneficio deste.

         Eu sinceramente não sei enumerar quantas bonificações são estas que um politico detém assim que assume o seu cargo, seja este em nível municipal, estadual e federativo. Acredito que, como eu, muitos brasileiros não conhecem a quantia exata destes privilégios que nós mesmos pagamos, apenas, eu disse, apenas, para que alguém esteja nos representando e as nossas vontades e necessidades. 
     
        Quantos privilégios, você, pessoalmente tem, por trabalhar de sol a sol neste país, da parte do próprio governo? Você recebe dele um atendimento digno quando adoece? Seus filhos são bonificados quando você é forçado a matricula-los em escola publica por não ter opção de pagar por uma particular? Você que se levanta ás 04h00, 05h00 da manhã nas grandes capitais e gasta duas horas no trânsito viaja assentado dignamente num metrô ou ônibus? Tem a certeza de que pode chegar e sair de casa a qualquer hora sem riscos de sofrer um assalto ou coisa pior, por desfrutar de segurança publica eficiente, deveres deste mesmo Estado que por todos nós é mantido com uma elevadíssimo carga de impostos municipais, estaduais e federais?

           Trabalhamos pelo menos 4 meses no ano só para pagar impostos. Fazemos a nossa parte, honramos as autoridades, tributamos-lhes o respeito e a ordem. Mas onde está a tão esperada Responsabilidade dos nossos representantes? Por que, quando existe um despertamento nacional como este, os homens públicos ficam preocupados com seus cargos e tentam aprovar, a toque de caixa, alguma medida que dure alguns meses, só para tentar abafar os protestos e a voz das ruas? 

             Por que não resolvem de vez o que são pagos para fazer? È sabido que o País não tem problemas com arrecadação, por aqui o problema mesmo é a má gestão do dinheiro publico: obras paradas por toda parte ou abandonadas, retrabalho por conta de mau planejamento na execução, partidarismo na hora de executar uma obra em beneficio da população e, sempre, aquele cerimonialismo piegas, com palanque, na hora de entregar um hospital, escola ou centro de lazer. 

          Como se estivessem prestando um favor ao povo. Alguém já disse que é muito fácil praticar esmola com o chapéu alheio. Pois é isso que os nobres representantes sabem fazer muito bem. Tentam passar-nos a idéia de que somos privilegiados por termos uma nação onde a democracia é plena e perfeita. 

         Me junto aos milhares de brasileiros que estão todos os dias exigindo, não propondo, exigindo que as autoridades cumpram suas Responsabilidades, ou então, que lhes sejam tirados tantos privilégios, pagos por nós, que nos endividamos para pagarmos nossas contas, enquanto a classe politica sequer sabe o que é atrasar uma unica conta, nem ter que recorrer a empréstimos bancários. 

        Privilégios, meus amigos, só deveriam ser dados a quem, com responsabilidade, cumpre seus Deveres.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Não deixe o samba morrer.



"Sem diretrizes sábias a nação cai; o que salva é ter muitos conselheiros". Provérbios 11:14.

         A musica acima vem dos meus tempos de infância. Lembra os amantes do samba que, diante das novas manifestações de estilos musicais que surgiam no Brasil, devia-se lutar para manter o samba vivo e permanente no cancioneiro popular.

         Diante das recentes manifestações encabeçadas pelo movimento 'passe livre' mas que ultrapassam sua nomenclatura, assisto aliviado o despertamento de um povo que se cansou de esperar pelas promessas vazias de governos que vão e vem e expoliam os recursos públicos em beneficio partidário, que se locupletam no poder e dele aumentam seus rendimentos e que sucateiam tudo quanto o Estado deve ter a obrigação constitucional de prover: saúde, educação, segurança e transporte, para mencionar alguns. 

      E todos de excelente qualidade, já que por aqui abundam recursos, porque somos o país que, no mundo inteiro, tem a maior carga tributária do planeta. Batemos todos os anos recordes de arrecadação na Receita Federal. Prova de que sobra dinheiro é o superfaturamento dos Estádios, que já ultrapassaram a receita original e cujas obras não param, para atender o prazo exigido pela Fifa. Que demora, no entanto, para reformar um hospital publico, para receber medicamentos do Estado, para reformar escolas depredadas e em ruinas, com o salario dos professores defasados há decadas. 

        Com uma policia que ganha mal, desarmada e refém do crime organizado não tendo como combate-lo com munição inferior. O povo foi para as ruas, finalmente. Isso me enche de alegria, porque afinal, é o povo que paga toda  conta da organização do Estado brasileiro. È o povo que trabalha sem cansar para manter um congresso nacional, cujos servidores trabalham de terça a quinta, e que tem inumeráveis regalias, viagens, despesas aéreas, aposentadorias, horas extras em momentos de votação, e tantos outros benefícios. 

           Salomão disse há muito tempo que, quando o povo não tem um governo sabio, a nação cai, se decompõe, se esfacela, se fragmenta. Eu oro para que estes movimentos tenham um objetivo, não partidário. Mas que eles forcem o Estado a acordar desta dança com o poder, desta orgia com dinheiro publico e simplesmente cumpra o que já está na Constituição Federal como dever do Estado: fornecer ao povo brasileiro tudo o que o povo mesmo paga para ter. 

         Me emociona constatar que a juventude brasileira não é, como alguns diziam, alienada, viciada em tecnologia, imediatista e egocêntrica. O que estamos assistindo é uma revolução da paz(com algumas exceções que não mancham o movimento), da ordem, da justiça e de um clamor por basta. A medida da paciência e da tolerância já transbordaram. 

          E como um deles mesmo disse: "Estamos saindo do lema: Deitado eternamente em berço esplendido, para o lema: 'verás que um filho teu não foge á luta'. Continuem indo para as ruas, por favor, 'não deixem este samba morrer'. Eu digo, com convicção, 'AMÉM'. Deus abençõe a luta pela construção de um novo país, onde, assim espero, a democracia seja efetivamente um governo do povo, a partir do povo e para o povo.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

CANSADOS.

                             


                  "Venham a Mim, todos vocês que estão cansados". Mateus 11.28.


               Trabalho com recursos humanos e percebo a cada dia como o elevado nível de exigência da vida moderna tem deixado as pessoas exauridas na emoção e esgotadas fisicamente. O cansaço generalizado tem produzido uma geração de homens e mulheres que vão de um compromisso a outro sem mais saborear o que há de bom em algum destes eventos.
             Tudo parece conspirar para um senso de obrigatoriedade e responsabilidade sem fim, contribuindo para o aumento deste esgotamento a pressão do grupo a que pertencemos e a transformação da vida em um fator meramente produtivo e econômico  Temos que estar produzindo sempre algo em algum momento e tudo que fazemos tem no mercado o seu valor estipulado.
             Não parece salutar a esta nossa geração o resgate de uma mente tranquila, que pode decidir o que é bom, o que é prudente fazer e, mais, o que é prioritário. Caminhamos para o atendimento das urgências o tempo todo: um trabalho a entregar, um produto a finalizar, um negocio a concluir. 
           Estamos sendo empurrados pela exigência de uma modernidade que pouco conhece acerca da reflexão, da devoção a Deus e da celebração. Aliás, a palavra celebração vem do latim e significa um lugar numerosamente frequentado.
         Pois é, poucos tem estado neste lugar ultimamente.
        Jesus, um dia, convidou as pessoas da sua geração a descansar. Ele percebeu que elas estavam sobrecarregadas na mente e no corpo e lhes ofereceu a alternativa de aprenderem dele como viver. Ele combateu em seu tempo algo que ainda se perpetua em nossa época: o ato de nos preocuparmos tanto em oferecer um padrão elevado de responsabilidade com objetivos meritórios que, ganhamos por um lado a aprovação de toda uma sociedade igualmente cansada, mas por outro, definhamos por extinguir a celebração, o desfrutar a vida e não só o  tentar ganhá-la. 
        A palavra mais pronunciada do nosso tempo é Sucesso. Temos que atingi-lo, conquista-lo e lutar, usando tudo que temos, para ganhar este tão cobiçado prêmio.
          Jesus, no entanto, falou muito nos Evangelhos sobre outra palavra: Sossego. 
          Ele não estava elogiando a preguiça e a inatividade. Mas apontando com que espirito devemos tocar a vida. Não sacrificando coisas importantes para chegar ao topo, mas deixando a questão do topo a Deus.
          Se ele quiser nos colocar lá, será um resultado combinado do nosso trabalho com a sua benção. O Salmo de numero 127 diz que 'será inutil levantar de madrugada, dormir muito tarde e comer o pão suado, se não entendermos que Deus é quem o dá'.
         Porque Sossego remete ao grande exemplo de Deus que, no sétimo dia, descansou de tudo quanto fez e separou este dia como paradigma para qualquer geração. È o tempo necessário para a celebração, o descanso, o ato de observar o que foi feito e ficar feliz e agradecido, em vez de apenas se irritar com aquilo que ainda não foi concluído.
        Proponho a você um pouco mais de Sossego e um pouco menos de Sucesso.
        Estar com Deus em oração constante promove este Sossego e como efeito, você se tornará mais alegre, satisfeito e sereno com as pessoas.