sábado, 30 de maio de 2015

BRUTUS.




Nós o compramos numa feirinha em Aguas de São Pedro.

O Brutus é o opositor do Popeye, sempre fazendo trapaças e tentando ameaçar a indefesa Olívia Palito.

Fortão, ele não é páreo para ninguém, exceto para o marinheiro quando este está potencializado pelo seu poderoso espinafre em lata.

Se podemos aprender alguma coisa com vilões, eu aprendi com Brutus a ser um pouco mais duro diante da vida e da necessidade de reação aos golpes inesperados que ela me dá. 

 Não entenda mal. 

Não vou deixar minha demorada paciência de lado, nem minha calmaria, tampouco o desejo de evitar conflitos e desviar de brigas e confusões.

Mas estou aprendendo que uma certa dose de dureza sob controle é necessária. 

Porque nem sempre somos tratados com a mesma gentileza que oferecemos, o mesmo amor que dedicamos e a mesma ternura que sai das nossas atitudes.

Você percebe isso no seu trabalho todos os dias. Entre seus parentes, em relações de negócios, e nos diversos trânsitos onde relacionamentos humanos estão envolvidos. 

Dependendo da maneira como você foi educado e da sua cultura familiar você será passivo diante daqueles que sabem que você não vai jamais reagir, nem discutir, nem buscar o seu lado na questão.

Isso leva algumas pessoas a pagarem um alto preço emocional por engolirem sempre aquela palavra inadequada, aquele comentário maldoso, aquela critica sem fundamento, ou o constante gotejar de uma insatisfação do outro. 

Elas, em nome de um amor a qualquer preço, se anulam, se aniquilam, morrem aos poucos dentro de si mesmas.

Ser um ‘Brutus’ não é ser mal educado.
È apenas e tão somente saber que você também é humano, e que também tem seus limites. 

Que não é obrigado a sofrer injustiças calado e nem tem a missão de ser o capacho por onde todos pisam e limpam seus pés.

Ser um Brutus é ser forte o suficiente para dizer: ‘Basta’, quando apesar de toda tentativa você não conseguiu o acordo, o convívio ou o mínimo necessário para um equilíbrio.

Ser um Brutus é poder dizer ‘não’, quando realmente é esta a palavra que se quer dizer, mas que, até o momento por inúmeros motivos, não se tinha coragem nem espaço para pronuncia-la.

Ser um Brutus é poder, como qualquer pessoa deste mundo, ter a liberdade e o direito de escolha quando o cenário á sua frente não é saudável e for necessário mudar.

Ser forte, nestes casos, não é apenas uma virtude, mas acima de tudo, uma necessidade.

Que o Deus que nos fortalece, dê a você a força necessária para aceitar as coisas que não pode modificar, modificar aquelas que pode, e sabedoria para distinguir umas das outras.
Caleb Mattos.