Como todo alicate comum, o de
pressão possui duas hastes que se cruzam e permitem aplicar a força desejada à
tarefa com as mãos. O objetivo do alicate de pressão é segurar a peça com
força, travando-a, para que uma outra ferramenta possa ser usada(chave de fenda
por exemplo). A cabeça do alicate é chamada de ‘mordente’ porque seu objetivo é
semelhante à nossa mão , que agarra um objeto e o mantém seguro. Dependendo do
tamanho e modelo, o alicate de pressão, quando travado, tem uma potencia de
fixação que chega perto de uma tonelada. Assim, o alicate permite segurar,
apertar, prender, fixar.
Assim como acontece com outras ferramentas
existem pessoas-alicate que são facilmente identificadas pelo seu ato de
grudarem em nós e sugarem nossas forças e energias . São pessoas marcadas pela
insegurança emocional e pela carência e tem o habito se prenderem aos outros
com a necessidade de suga-los a maior parte do tempo. Pessoas-alicate tem uma
força semelhante à ferramenta para se prenderem aos outros – elas utilizam o
apelo dos sentimentos, dizendo-se necessitadas de socorro, desesperadas, lamentam
suas dores e usam o choro como arma eficaz na mobilização dos demais.
Elas não se importam com as
questões alheias, nem com os problemas de terceiros porque a única dor que
incomoda é a delas; a única dificuldade que existe é a sua; a angustia mais urgente é a que aflige suas
mentes. Não tem capacidade de enxergar o mundo como um lugar mais amplo e
diverso – parece que tudo se resume a elas mesmas, são como sanguessugas, grudadas
nos outros .
Se alguém que faz parte do seu convívio dá atenção a outra pessoa,
elas logo ficam ressentidas e procuram fazer de tudo para recuperar o foco para
si proprias. Seus parentes mais próximos são prisioneiros delas – não podem
sair com mais ninguém; não devem conversar muito tempo com outros; são
impedidos de ajudar em alguma causa; e quando estão na rua, tem que voltar logo
para casa porque, se atrasarem, serão cobrados, exigidos e punidos.
“Quando Raquel se deu conta de
que não conseguia dar filhos a Jacó, teve ciúmes de sua irmã e foi reclamar com
Jacó: ‘Dê-me filhos, senão morrerei’. Jacó ficou irritado com Raquel e
retrucou: ‘Por acaso sou Deus? Sou eu que não te dou filhos?’ Raquel respondeu:
‘Aqui está Bila, minha escrava. Deite-se com ela. Que ela me substitua e que eu
tenha um filho por meio dela. Pelo menos assim, vou constituir familia’. E deu
Bila por esposa a Jacó. Ele se deitou com ela, e Bila engravidou, dando um
filho a Jacó. Raquel disse: ‘Deus está do meu lado e me fez justiça. Ele me
ouviu e deu-me um filho’. E deu a ele o nome de Dâ(Justiça). Bila, serva de
Raquel, engravidou de novo e deu o segundo filho a Jacó. Raquel disse: ‘Fui
para uma luta de tudo ou nada com minha irmã e venci’. E deu ao filho o nome de
Naftali( Luta )”. Gênesis 30.1-12.
1. 1) Pessoas-alicate
sofrem com a inferioridade.
“Quando Raquel
se deu conta de que não conseguia dar filhos a Jacó, teve ciúmes de sua irmã e
foi reclamar com Jacó”.
Raquel tem um
sentimento de inferioridade ao se comparar com a irmã. Porque a outra era capaz
de gerar filhos e ela não, Raquel limita a sua vida a este simples detalhe que
era reforçado pela cultura da época, que via na esterilidade, uma maldição
divina.
A presença das concubinas na casa indica que isso era comum, quando a
esposa não podia engravidar, as escravas da casa tinham a incumbência de gerar
filhos que eram considerados legítimos – a concubina era uma espécie de
‘barriga de aluguel’ nos termos contemporâneos. Porque se sente inferior,
Raquel é tomada de ciúmes e sua relação com o marido é desgastante e ruim
porque ela joga sobre ele a culpa do seu problema.
Pessoas-alicate
acreditam que as coisas para elas sempre são mais difíceis; elas se acham as
vitimas de uma conspiração; tem forte sentimento de rejeição quanto a si
mesmas, sua beleza e seu valor pessoal. Por isso elas se agarram aos outros
tentando obter deles a sua valorização.
Ao fazer isso elas cobram da familia e
de seus amigos uma série de ações que sempre a coloquem como o topo da lista
das prioridades. Tudo deve ser primeiro direcionado para elas; qualquer
atividade que se pretenda em conjunto primeiro precisa passar pela sua
aprovação; nas viagens em familia é a pessoa-alicate quem sempre decide o
roteiro das férias e os lugares onde se deve hospedar.
2) Pessoas-alicate
acham que a vida é injusta com elas.
“E deu Bila por
esposa a Jacó. Ele se deitou com ela, e Bila engravidou, dando um filho a Jacó.
Raquel disse: ‘Deus está do meu lado e me fez justiça. Ele me ouviu e deu-me um
filho’. E deu a ele o nome de Dâ”.
Quando nasce Dâ,
o primeiro filho que Raquel tem através da sua escrava, ela enxerga este
episodio como uma questão de ter sido defendida de uma injustiça. O nome “Dâ”
significa ‘justiça’. Para Raquel a historia da sua vida era marcada pela
desigualdade. Os outros eram mais bem sucedidos e mais felizes do que ela.
Quando dá nome ao filho, ela diz: “Deus me fez justiça”. Isso quer dizer que
até aquele momento ela entendia que Deus tinha sido injusto – que sua
esterilidade era, de fato, castigo divino como a cultura judaica ensinava.
Pessoas-alicate se sentem vitimas da injustiça tanto humana como divina. Por se
acharem inferiores e desiguais elas se esquecem de que a questão não é justiça
ou injustiça, mas sim, oportunidades e tomada de decisões. Não importa o que acontece
em nossa historia, temos sempre que decidir o que vamos fazer com ela.
Caso contrario
vamos adotar a postura de vitimização – e quem age assim tende a culpar Deus e
os familiares por sua tristeza e insatisfação. Pessoas-alicate acreditam que tudo
na vida é meritório – se alguém merecer vai receber tudo o que há de bom; se
não, receberá a pior parte reservada
para os incapazes.
Elas não entenderam o conceito da Graça de Deus – de que
tudo acontece por um ato de amor e bondade de Deus, e que mesmo quando algumas
coisas não são da maneira como desejamos, há um proposito Dele por trás do
cenário. Jesus diz que Deus envia, igualmente, as coisas boas, aos bons e aos
maus, aos justos e aos injustos.
3) Pessoas-alicate
vivem como se tudo fosse uma disputa.
“Raquel disse:
‘Fui para uma luta de tudo ou nada com minha irmã e venci’. E deu ao filho o
nome de Naftali ”.
O segundo filho
que Raquel tem através da escrava recebe o nome de Naftali – que significa
‘luta’. Ela não faz festa pelo nascimento do filho; não vê aquele episodio como
motivo de celebração – mas o enxerga como um combate. Ela diz: “Fui para uma
luta de tudo ou nada com minha irmã”.
A vida para Raquel se transformou numa
briga por território. Há uma passagem em que Raquel vê umas frutas o filho de
Lia encontra. (‘mandrágoras’ –
afrodisiacas ). Como Lia não quer
repartir as frutas, Raquel propõe que ela faça uma troca - dê–as frutas e como
recompensa, deite aquela noite com Jacó, no dia que seria dela para estar com o
marido. Seu objetivo – ser a detentora do prazer em lugar da irmã.
Pessoas-alicate estão brigando o tempo todo por
se manterem no poder e na evidencia . Elas odeiam que o holofote não brilhe
sobre suas cabeças e são incapazes de se alegrar com a comemoração dos outros.
Basta que alguém comente uma conquista e elas já partem para a agressão achando
algum defeito naquela historia. Se o grupo está feliz por algum motivo que não
seja o dela, a pessoa-alicate logo arruma uma forma de deixar o ambiente pesado
e ruim, para que a atenção de todos se volte para ela. Ao agir assim, as
pessoas-alicate deixam a sua vida, e a dos seus familiares, uma rotina triste e
sombria, onde não há espaço para risos e alegria.
Como lidar com
pessoas-alicate.
1.
Ensine-as a se relacionarem com Deus, a fonte da
cura.
“Quando Raquel se deu conta de que não conseguia dar
filhos a Jacó, teve ciúmes de sua irmã e foi reclamar com Jacó: ‘Dê-me filhos,
senão morrerei’. Jacó ficou irritado com Raquel e retrucou: ‘Por acaso sou
Deus? Sou eu que não te dou filhos?’
Quando Jacó diz a Raquel que ela deveria tratar deste
assunto com Deus, ele está construindo um principio necessário a toda pessoa-alicate: levar os motivos da sua infelicidade ao Criador. Porque a
atitude de se enxergar como inferior é uma recusa em crer no amor de Deus e na
sua justiça. Não há razões para ninguém se achar menor e incapaz diante daquele
que fez a todos com múltiplas capacidades e qualidades. Davi no Salmo 139 diz
que Deus nos fez com uma peça complexa de tapeçaria com varias cores, texturas,
detalhes e belezas.
È preciso
combater na mente essa falsa idéia de que Deus trata as pessoas de maneira
diferente – a uns ele dá o melhor e a outros ele castiga. Porque a questão
primordial não é exigir que os outros me façam feliz, valorizado e útil – isso
é cobrar pessoas que também são imperfeitas e ainda estão tentando se entender
e lidar com sua próprias demandas emocionais. Deus sempre será a nossa fonte de
prazer e alegria – tudo é uma questão de resolver a vida com ele.
2.
Pessoas-alicate precisam aprender a amar.
“Raquel disse:
‘Fui para uma luta de tudo ou nada com minha irmã e venci”.
A grande pergunta que fica no texto é: “venceu o que?”
Porque as duas continuam brigando até o fim e querendo se sobrepor á felicidade
da outra. As pessoas-alicate vivem para disputar a atenção e a energia da sua
familia mas acabam perdendo o sabor de se alegrarem pela presença delas.
Elas
enxergam pessoas como objetos e ferramentas, não como gente. E se não decidem parar de fazer isso elas promovem
um colapso emocional em toda a familia, que fica desgastada, confusa e
irritada. Pessoas-alicate tem que parar de disputar atenção e viver como se
elas fossem o astro em torno do qual tudo gravita.
Para ajudar as pessoas-alicate aumente o seu numero de
amigos; inclua mais pessoas em seu circulo de amizades; saia com mais pessoas
além dela. Pessoas-alicate precisam ver que outras pessoas também são
importantes e que outras formas de vida existem, além da sua. Nunca entre no
jogo da pessoa-martelo : isolar a você de outros parentes, amigos e convivios. A
cura para o egoísmo presente na atitude de pessoas-alicate é o amor.
Amar é se abrir para outros, interessar-se por outros,
ajudar outros.
Paulo diz em 1 Corintios 13:
"O amor se preocupa mais com os outros do que consigo mesmo.
Não se impõe sobre os outros.
Não age na base do 'eu primeiro'.
Tolera qualquer coisa.
Confia sempre em Deus".