terça-feira, 15 de outubro de 2013

A ANGÚSTIA DAS DÍVIDAS.






       ‘Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores’. Mateus 6.12.

       Esta sentença da oração do Pai Nosso vem exatamente depois da petição: ‘O pão nosso de cada dia nos dá hoje’. Depois que Jesus nos ensina a pedir a Deus o nosso sustento e provisão para o hoje, ele inclui o pedido de perdão pelas dividas que contraímos.

      Interessante que durante longo tempo na Teologia Cristã essa palavra foi intercambiada pelo termo ‘transgressões’. Ora se usava esta tradução, ora a palavra ‘dividas’. 

      E num contexto mais amplo, do mundo judaico onde se alicerça a Escritura, a divida não é apenas um pecado moral mas também o ato de contrair compromissos financeiros que não se consegue depois pagar.

       Veja que Jesus associa o perdão na famosa parábola do credor incompassivo com uma divida financeira: Mateus 18:23-35. 

      Desta maneira, o que Jesus ensina na oração do Pai nosso é que repetidas vezes, por não confiarmos tanto na providencia de Deus nós contraímos contas em volume exagerado, o que nos traz ansiedade, medo da inadimplência, o risco de inscrição no Serasa.

      Porque toda divida seja ela moral ou financeira é um meio de escravidão do nosso ser ou a algum habito ou a algum credor que pode tomar o que é nosso. Este principio do mal que a divida causava no espirito das pessoas fez com que houvesse uma lei no AT, o chamado ‘Ano do Jubileu’: Levítico 25:8-10.

      A cada 50 anos era dado em nível nacional o ano do perdão: todas as dividas eram perdoadas, escravos eram libertos, estrangeiros voltavam para suas propriedades e aqueles que penhoravam seus bens em uma divida recebiam tudo de volta.
Isso também acontecia a cada 7 anos: Deuteronômio 15:1-4.

      Quando conseguimos negociar nossas dividas e fazemos um acordo isso tira de sobre nós um peso enorme e sufocante. Respiramos aliviados porque vamos conseguir pagar. A possibilidade de sermos perdoados cria aquela alegria e alivio. Da mesma maneira somos chamados para agir quando alguém nos ofende ou nos prejudica.

      O perdão de Deus é a base para nos motivar ao perdão a outras pessoas. E este perdão foi concedido quando Jesus pagou com sua morte toda a nossa divida na cruz nos dando um novo começo.

A palavra  biblica Redenção significava pagar o preço, quitando a divida. Era usada a palavra grega ‘lytron’ , empregada nos meios comerciais da época.

      A decisão de dar um novo rumo á vida passa pela noção do arrependimento: o ato de não mais cometer aquilo que nos escravizou. O que nos leva, portanto, a aplicação pratica da oração que ele ensina.

     Deus não nos quer escravizados por nada, seja um vicio ou uma divida financeira, seja uma magoa armazenada, seja uma frustração com alguém. O perdão é o principal elemento que nos torna livres.

     È preciso aprendermos a viver com base no hoje e não em planos futuros: ‘o pão nosso de cada dia nos dá hoje’. È por causa da ansiedade com a velhice, com o futuro dos filhos, com o futuro do país, com o futuro do nosso emprego, com o futuro da nossa condição econômica que contraímos altas taxas de dividas apenas o pretexto de tentar garantirmos que não teremos nenhum imprevisto. 

      Para Jesus, a maior parte da nossa ansiedade acontece porque deixamos de lado um estilo de vida simples e modesto e ambicionamos um padrão elevadíssimo e as vezes inatingível.

O amanhã jamais estará sob o nosso controle e por isso não há como garanti-lo nem construí-lo por antecipação.
       Toda divida seja ela de que tipo for, causa angustia e sofrimento sem medidas. Não sabemos como iremos ser tratados pelo nosso credor humano, ou por aquele a quem ofendemos ou prejudicamos. 

      O que precisamos fazer é buscar o quanto antes meios de conciliação que tragam um acerto de contas adequado a ambas as partes. Esperar que tudo se resolva sozinho é perpetuar a angustia e a incerteza das dividas.

      E o mais importante: sejamos liberais e prontos a sempre perdoar, independentemente das vezes em que nos ofenderam para que o peso da raiva e a semente do ódio não sejam plantados no nosso coração e não causem, assim, mais angústia.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Você sabia que trabalhar é um meio de adorar a Deus?


            
      Um grande debate que toma conta hoje no mundo corporativo tem a ver com a satisfação pessoal no trabalho.  De acordo com Roman Krznáric, doutor em Sociologia, (‘Como encontrar o trabalho da sua vida’), foi-se o tempo em que o dinheiro era o principal fator de motivação para o trabalho. 

      Ele ainda é para quem começou a trabalhar agora, mas para aqueles que já estão na profissão há mais tempo existem outras recompensas fundamentais que não estão vinculadas a dinheiro: senso de sentido, atender a um proposito, ser criativo e a possibilidade de ajudar a quem precisa.

       Na mesma linha Edmund Phelps, economista ganhador do Nobel de Economia de 2006, e especialista em mercado de trabalho, salários e inflação, diz: ‘Cada individuo empregando tempo e esforço numa atividade insatisfatória, mesmo que bem remunerada, é sintoma de um sociedade doente’.

        Ele afirma , com dados da economia real, que a satisfação no trabalho tem menos a ver com o nível de salario e muito a ver com a satisfação geral e com a vida. Quem não está satisfeito com sua vida em outras áreas não estará satisfeito em lugar nenhum, menos ainda no trabalho. 

      Paulo, autor da carta aos Efesios mostra 3 lados do trabalho nem sempre levados em conta por nós:


1.       O nosso trabalho é parte inseparável do nosso culto a Deus.
‘Nâo trabalhem por obrigação, mas trabalhem de coração, como servos de Cristo, fazendo o que Deus quer’.

   Quando define o que é o culto cristão, em Romanos 12, Paulo diz que ele é o oferecimento da inteireza da nossa vida a Deus todos os dias com tudo o que fazemos com o nosso corpo. 

     Para ele, o culto não se limita a algumas horas dentro de uma igreja.O trabalho, como parte da vida, é parte do nosso culto, é meio de adoração. Nenhum trabalho, por mais humilde ou modesto pode ser feito com senso de obrigação e como algo penoso e que causa desgosto. Não é tanto o trabalho que temos que importa e sim o espirito com que o fazemos.


     Em qualquer campo do conhecimento é possível detectar quem faz um trabalho bom daquele que faz um trabalho medíocre: não é o salario, nem o status, mas a motivação interior. O cristão entende que trabalhar é servir pessoas e servir a Deus. E como Deus merece de nós sempre a excelência não podemos trabalhar como se fosse uma punição, um peso, mas como expressão da nossa devoção àquele que nos criou, nos salvou e que nos ama.



2.       O nosso trabalho precisa ser feito com motivação e alegria.
‘Trabalhem com um sorriso no rosto, tendo sempre em mente que não importa de quem venham as ordens, vocês estão servindo a Deus’.

      Para Paulo, todas as vezes que executamos o nosso trabalho digno estamos promovendo aqueles valores fundamentais presentes no Evangelho. Um profissional que presta um serviço beneficia a várias pessoas. 

     Mas você já reparou que o resultado do seu trabalho está diretamente associado á sua condição emocional e espiritual?  Todos sabem da experiência de serem atendidos por um medico desmotivado. Por um engenheiro que não trabalha com qualidade. Por um professor que só reclama dos alunos. Por um funcionário publico que não vê a hora de terminar o expediente.

    O cristão sabe que quando está cumprindo ordens ele entende que obedecer é uma pratica comum da sua experiência. Ele aprende desde a conversão a Cristo que a principal finalidade da caminhada é ouvir a Deus e obedecer sua vontade. E porque está treinado em obedecer, cumpre ordens superiores com mais facilidade.


     Então, quando executar o seu trabalho faça isso com alegria, abra um sorriso e agradeça a Deus o fato de que, enquanto a Europa mergulha num elevado nível de desempregados, você está trabalhando e ganhando seu sustento. 


3.       O nosso trabalho feito com excelência reverte em recompensas.
‘O bom trabalho resulta em boa retribuição’.

       O valor do salario é algo variável de acordo com a politica da empresa e o plano de carreira. Mas em geral aqueles que recebem melhor remuneração e são cotados para promoções nas empresas são os que se dedicam o tempo todo a superarem a si mesmos na qualidade e na excelência do que produzem. 

    Porque não adianta dizer que você ganha mal se o seu serviço é ruim. È inútil culpar a empresa pela falta de reconhecimento se o seu desempenho é sofrível.



       Reclamar de que outros foram promovidos e você continua na mesma posição pode ser a única coisa que você sabe fazer – reclamar. Porque o bom trabalho sempre traz uma boa recompensa.

       Os que se destacam são os que fazem muito além do que lhes é pedido e exigido. São os que surpreendem a empresa e seus colaboradores porque oferecem um diferencial que ninguém oferece. 


       Quem realiza um bom trabalho não faz isso apenas na empresa- faz isso com a família, faz isso com os amigos, faz isso na igreja, nos clubes, nas redes de convivência. A excelência não é um item que aparece apenas no trabalho – é algo que se vê na vida. 

     Por isso, antes de reclamar do seu salario, pergunte primeiro se o que você faz merece o salario que você ganha. 

     Martinho Lutero recebeu certa vez a visita de um sapateiro que lhe perguntou: ‘Como servir a Deus e ser um cristão melhor?’  Lutero respondeu: ‘Faça um bom sapato e venda por um preço justo’.