terça-feira, 29 de novembro de 2011

Cobiça : o sintoma da insatisfação interior.


“Não cobiçarás a casa, a mulher, os servos, o boi, o jumento, nem coisa alguma do teu próximo”. Êxodo 20: 17.

“Senhor, já que é quase impossível emagrecer, faça com que ser gordinha vire moda” – frase postada no Facebook.

             Este ultimo mandamento da Lei toca num ponto central da enfermidade humana : a insatisfação com a própria realidade. Se o versículo fosse reescrito para os homens, ficaria assim:  “Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem a sua casa, nem o seu trabalho, nem o seu carro, nem o estilo de vida que ele tem”.

            Se reescrito para as mulheres seria: “Não cobiçarás o  marido ou namorado da tua amiga, nem a sua profissão, nem a sua bolsa, nem seus sapatos, nem seu carro, nem o tamanho do seu manequim,  nem suas roupas, nem o limite do seu cartão de crédito”.

          Mas infelizmente é isso o que mais acontece por conta do intenso bombardeio que sofremos para comprar e consumir desde produtos até serviços. Somos doutrinados pela cultura ocidental a nos sentirmos insatisfeitos o tempo todo: com o casamento, com o tipo de vida que temos, com nossa casa, nosso carro, nosso bairro, nosso salário. Nâo é errado querer progredir e crescer – a vontade de se superar é legitima e importante para não nos fazer estacionar e nos entregarmos à preguiça e comodismo. O problema todo é a motivação por detrás disso.

                   O erro de cobiçar o que é do outro subjaz na falsa idéia de que o outro é mais feliz e realizado. Mas a única diferença que existe entre uma pessoa e outra é o tipo de problema que ela está enfrentando. Você pode estar com problemas no casamento mas o vizinho pode estar tendo dificuldades com uma doença; você não suporta mais o seu carro enguiçado mas o vizinho não suporta mais a dependência química de seu filho; você reclama que o dinheiro não dá mas o vizinho reclama que o dinheiro causou a desgraça dele.



                  A cobiça é insensatez porque a vida totalmente feliz é um mito em que muito acreditam. Alem desse fator, a cobiça é uma clara demonstração de ingratidão a Deus: é como se declarássemos a Deus que ele tem sido mau e injusto com nossa vida, privilegiando outros e se esquecendo de nós. Esse foi o pecado que extinguiu a antiga geração de israelitas no deserto durante 40 anos ( apenas seus filhos entraram na Terra Prometida).


                 O que Deus não fez: deixar de lhes dar tudo por 40 anos até envelhecerem e morrerem. O que Deus fez : permitiu que eles ficassem velhos e mau humorados e morressem reclamando de tudo e de todos. 

                      Como é que você quer envelhecer : como um sujeito que é grato e reconhecido por tudo que diariamente Deus lhe supre? Ou como alguém que está brigado com a Humanidade, com Deus, com o Universo, com as plantas e animais e até consigo mesmo?

                 Paulo, na sua carta aos Filipenses disse que tinha aprendido a viver contente em qualquer situação. No entanto ele estava dentro de uma prisão, privado de liberdade e da companhia dos seus queridos.


               Viva a sua vida, não a dos outros. Quando você se compara com alguém duas coisas vão acontecer : vai se sentir inferior ou superior. No primeiro caso isso produz tristeza e impede o crescimento; no segundo caso, causa orgulho e arrogância. 

                   Seja você mesmo e viva sua vida com gratidão a Deus.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

PRESERVE A VIDA.


                        “Nâo matarás”. Êxodo 20.13.

                               A intenção do mandamento é ir muito além do ato de tirar a vida de alguém de forma premeditada. Não matar é não colaborar com a cultura da violência cujo resultado final é a morte. O assassinato é apenas a ponta do iceberg. O que há por debaixo dele é tão mortal quanto perigoso. Somos convocados a não tirar a nossa vida, nem a do próximo, nem a dos animais, nem a do Planeta.

                            O suicídio é somente uma forma radical de tirar a própria vida. Mas há pessoas que lentamente cometem um suicídio em etapas na medida em que exageram na alimentação ou se alimentam mal ; descuidam da saúde; se entregam a bebida ; dirigem perigosamente arriscando suas vidas e de outros; e não lidam direito com suas emoções permitindo que as tristezas da vida alterem sua pressão arterial e comprometam seu coração e outros órgãos. A depressão não tratada é uma forma lenta e gradual de suicídio. Por isso temos que amar nosso corpo porque ele é o santuário do Espirito de Deus: 1 Corintios 3.16. Preserve sua vida – não maltrate seu corpo com comidas ruins, nem com falta de sono, nem usando medicamentos desnecessários, nem com falta de atividade física. Não deixe de procurar ajuda com um profissional da saúde se está   deprimido ou triste há mais de um mês.



                                  A segunda área diz respeito ao próximo. Não devemos matar pessoas, e isso se refere também ao ato de impor-lhes um mau relacionamento. Existe o risco de usarmos palavras que ferem aqueles que estão ao nosso lado, especialmente os familiares por causa de uma falta de respeito aos seus sentimentos. Paulo diz que os filhos podem ter sérios problemas no desenvolvimento dependendo da maneira como seus pais os tratam:  Colossenses 3.21. As palavras tem um poder terapêutico quando usadas para incentivar, elogiar , fortalecer, animar. A familia precisa ser um ambiente em que predomina a paz, o entendimento e a alegria.

                               Verifique se você pessoalmente atrai ou repudia pessoas pela maneira como fala, vive e trata os demais. Existem membros de familia adoecidos pelo excesso de maus tratos, violência, pessimismo, reclamação, zombaria, agressividade. Pessoas que tem imensa dificuldade de se desenvolver na vida porque seus familiares os tratam como a latrina do mundo. Tome cuidado para não assassinar a emoção dos seus queridos, a alegria deles. Não mate por meio de suas palavras os sonhos e os projetos de ninguém.


                              O ultimo aspecto do ‘não matarás’ diz respeito à ecologia. Não matar, nem os animais, nem o Planeta em que vivemos. Ao contrario do que muitos imaginam, Deus ama os animais que ele criou e nos ordena cuidar deles sem maltrata-los: Proverbios 12.10 – Proverbios 27.23 – Jonas 4.11. Maus tratos aos animais também é uma maneira de transgredir o mandamento e é recomendável que apoiemos alguns órgãos que cuidam de animais abandonados ou rejeitados. Mas também não podemos esquecer da sustentabilidade do Planeta, cuidando do lixo que produzimos e reciclando devidamente. Quando colocou Adão no Èden Deus ordenou que ele cuidasse do jardim e o preservasse.

                                 A Terra é o planeta criado por Deus – não devemos adotar a teologia dos que defendem que tudo vai ser queimado e por isso temos a liberdade de apressar o processo, poluindo e sujando. A consciência ecológica é uma necessidade bíblica porque entende que Deus criou e manda cuidar da sua natureza. Por isso, tenha consciência e não jogue lixo na rua, separe seu lixo domestico reciclável e não desperdice nem água nem energia. 

                           Valorize a vida em todas as suas manifestações : a sua, a dos outros, a dos animais e a do planeta.  Colabore com Deus na tarefa diária de preservar todas as coisas preciosas que Ele fez e que celebrou ao descansar, dizendo: "Eis que tudo ficou bom".

terça-feira, 15 de novembro de 2011

O DESCANSO E SEUS BENEFÍCIOS .




“Lembra-te do dia de sábado para santifica-lo. Trabalharás seis dias, mas no sétimo dia não farás trabalho algum”.  Exodo 20:8-10.

                                      A grande confusão no meio religioso sobre este versículo é que ele foi transformado num dia santo, diferente dos demais. È que na versão hebraica, a palavra ‘sábado’ é “shabbat” que significa ‘descanso’. Nossos tradutores viram a semelhança entre palavras e traduziram ‘shabbat’ como ‘sábado’. 

                               No entanto, a essência do mandamento não é sobre um dia especifico como mais sagrado; e sim, que temos que repousar das nossas atividades uma vez por semana para descansar, desconectar, dedicando esse tempo ao lazer, à Deus, à familia. Não há nenhuma exigência de Deus quanto á sacralidade do dia. O que Ele quer é algo pratico: não somos máquinas e precisamos de descanso.


                               O dia do descanso é produtivo porque nos faz perceber algumas verdades fundamentais: 
                           Primeiro, não somos nós que nos sustentamos e sim Deus:  O salmo 127 diz que "Deus dá aos seus amados enquanto eles dormem e nele esperam". 
                        Segundo, quando nos tornamos ‘wokaholic’, viciados em trabalho, vamos desprezar aquilo que tem valor como familia, filhos, devoção, natureza. Não é a toa que Jesus recomenda que, quando estivermos ansiosos, devemos olhar passarinhos e plantas e aprender com eles sobre o cuidado de Deus. 
                  Terceiro, quando descansamos nossas baterias são recarregadas, novas experiências enriquecem nosso portfolio e cultivamos a alegria e o bom humor do relaxamento. Além disso, depois do descanso, nossa mente é capaz de olhar aquele problema de um ponto de vista mais amplo, nos ajudando a soluciona-lo.


                  Alexander Fleming pesquisou durante anos sobre as bactérias e como combate-las. Trabalhava diuturnamente em suas pesquisas. Um dia resolveu tirar férias e sem querer esqueceu algumas placas com estafilococos sobre a mesa. Ao voltar no mês seguinte, observou que havia mofo nas placas. Em torno de uma placa com mofo uma substancia transparente – aquele fungo desenvolveu uma substancia bactericida – os trabalhos prosseguiram e foi criada a penicilina. 

                     Tudo porque Fleming tirou férias e ao voltar estava com a mente descansada e pronto para descobrir a solução do problema. Quando achamos que o lazer, o descanso é sem proveito, que estamos perdendo tempo, é porque não descobrimos o poder que existe neste principio de Deus.


                     O ócio, o descanso pode ser criativo na medida em que nos ensina a ver a vida com leveza, alegria, fazendo do trabalho algo prazeroso e não um meio de sobreviver. Domenico de Masi diz  em “O ócio criativo” :


                    “Aquele que é mestre na arte de viver faz pouca distinção entre seu trabalho e seu tempo livre, entre sua mente e seu corpo, entre educação e recreação. Almeja simplesmente a excelencia em qualquer coisa que faça. Os outros é que julgam se ele está trabalhando ou se divertindo. Ele acredita que sempre faz as duas coisas ao mesmo tempo”.   



                                  Administre seu tempo para que caiba nele um dia inteiro de descanso. Neste dia, ore, leia a Biblia, vá à Igreja, visite alguém, faça algo que goste, dê mais tempo a seus filhos, visite algum amigo. Deus criou o mundo em seis dias, e no sétimo, descansou e celebrou tudo aquilo que tinha feito. Se você não descansa, não celebra. Fica difícil depois trabalhar com prazer se você nunca desfruta os frutos do seu trabalho. Aprenda com seu Criador a pausar o que está fazendo para dizer: 'ficou bom, gosto do que faço'.

                             O segredo do contentamento não é esperar ser feliz algum dia com alguma coisa que ainda não se tem, e sim desfrutar de tudo aquilo que Deus já tem nos dado, com celebração, com gratidão. Algo que só o descanso é capaz de proporcionar.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Três tipos de pessoas que encontramos pelo caminho.


“Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”.  Lucas 23.34.

                  Existem 3 grupos diante da cruz: os discípulos , presentes através de João e sua mãe, que sentem a dor e lamentam a perda do mestre querido; a multidão que zomba dele, apesar de ter recebido seus benefícios; e os soldados que estão interessados em dividir suas roupas. 
                     Estes 3 grupos representam os diferentes tipos de pessoas que encontramos na jornada da vida.

                 O grupo dos discípulos são aqueles que não nos abandonam nas horas mais difíceis e cruciais, que possuem um forte senso de lealdade a nosso respeito e participam do nosso sofrer. Estão conosco porque nos conhecem de fato e assistem nossas vitorias e fracassos, nossas horas de alegria e de ansiedade, torcem por nós para que tudo dê certo mas também nos incentivam a continuar em frente quando as coisas não saem como planejadas.         
                      Minha esposa e meu filho são pessoas assim, com quem eu posso contar, ser quem sou sem medo de rejeição, transparente sem que receie ser traído. Além deles, alguns amigos seletos, não muitos.


                        O grupo da multidão são os que zombam de Jesus apesar de terem recebido todo o bem e milagres que ele realizou, desde a multiplicação da comida para os famintos até incontaveis curas de enfermidades e a ressurreição de mortos. Esta multidão ouviu seus ensinos e sua oferta de salvação.
                        Este segundo grupo é formado por aqueles que, apesar de receberem a ajuda que lhes fizemos, retribuem com violência, maldade e injustiça. São pessoas dominadas pela ingratidão, narcisismo, cujo umbigo parece ser o centro do universo. Usam o que podem de você e depois lhe descartam como um bagaço de laranja.  
                        O que mais dói não é a ingratidão dos inimigos porque com esta já contamos, e sim aquela recebida de amigos que considerávamos parceiros a toda prova. Esta foi a experiência relatada por Davi, que, a respeito de um deles escreveu: "Se um inimigo me insultasse, eu poderia suportar; mas logo você, meu colega, meu amigo chegado com quem eu partilhava agradável comunhão"(Salmos 55:12-14). Com este grupo, infelizmente, temos que nos relacionar de maneira cautelosa e preventiva, a fim de não sermos feridos desnecessariamente.


                                 O ultimo grupo é o dos soldados que querem disputar a roupa de Jesus tão logo ele dê o último suspiro. São aqueles que querem tirar proveito da instabilidade emocional que se abatem sobre as pessoas nas horas difíceis que elas atravessam.             
                               Lideres religiosos que se valem da dor do fiel para explora-lo financeiramente em troca de uma oração ou da promessa de um grande milagre. Homens que se aproveitam de mulheres instáveis emocionalmente para usa-las como objeto de prazer por uma noite de sexo.  
                                 Como urubus, ficam apenas esperando a hora para repartir os despojos. Não tem qualquer consideração, respeito, nem sensibilidade. São aproveitadores dos momentos difíceis que vitimam pessoas. 

                         Jesus lidou com estes 3 grupos, juntos, na cruz, na sua hora mais difícil. Qual foi sua reação?

                        Ele ora por todos, pedindo o perdão de Deus sobre eles, entendendo que suas reações somente expressavam a realidade de quem eles eram. A vitima não era Jesus, eram eles próprios , que se condenavam pelas atitudes que expressavam com o filho de Deus. 
                          Ele nos ensina, com o seu perdão, que é vitorioso sobre os interesseiros de plantão e sobre os falsos amigos. 
                         Eles é que acabam se punindo a si mesmos pela revelação estampada de seu verdadeiro caráter. Sim, porque mais dia, menos dia, sem que precisemos nos defender destes, a verdade vai aparecer e mostrar quem é quem.  
                             Por isso Jesus conseguiu perdoar a todos.  Perdoar é mais do que desculpar a alguém pelo mal que nos fez ; é não deixar que este mal nos influencie e nem molde nossa maneira de agir.
                           A ultima cena da cruz mostra Jesus confiando sua mãe aos cuidados do seu discípulo João. Ele pensou no futuro da sua mãe momentos antes de morrer.
                         Mas não pediu a ninguém da multidão, nem aos guardas, que fizessem isso. Apenas ao discípulo amado. 
                           Aprenda a revelar as coisas mais intimas e preciosas da sua vida apenas àqueles que  se mostrarem dignos de confiança. Podem ser poucos, mas são estes que, no fim das contas, você percebe que Deus acrescenta à sua vida nas horas mais necessárias e cruciais.