Gostaria de compartilhar com você alguns trechos desta carta, escrita por Yulia Tymoshenko, líder da oposição na Ucrânia, que está presa há 4 meses por seu engajamento politico:
“Dizem que numa trincheira não existem ateus. Descobri que ateus tampouco existem numa prisão. A gente se dá conta de que Deus é o único amigo e a única familia mais próxima – sem ter direito até mesmo à visita de um sacerdote – não há mais ninguém em quem confiar os próprios temores e esperanças. A solidão de uma cela é quase insuportável. Mas na escuridão da cela, reúno forças e esperanças pelo fato de que, de algum modo, Deus parece estar perto de mim. Pois, onde mais Cristo estaria, senão ao lado dos que sofrem e são perseguidos? Não pretendo ser especialista em fé e em valores espirituais. Sou apenas uma crente que não pode aceitar que nossa existência seja o resultado de algum acidente cósmico. Estou convencida de que somos parte de um ato misterioso e contudo integral, cuja origem, rumo e proposito embora difíceis de compreender às vezes, têm um significado – mesmo quando estamos confinados atrás das grades”.
A autora destas palavras tem lutado por seu país e pago o preço desta luta em sua própria pele. O que me chama a atenção é sua lucidez numa situação extremamente conflituosa – perda da liberdade, separação dos familiares, incertezas quanto ao futuro. Sua lucidez lembra quase as mesmas palavras de Paulo, quando também encarcerado por sua fé, chega a dizer que ‘aprendeu a viver contente em toda e qualquer situação’ ( Filipenses 4.12 ).
Estas experiências e palavras nos ensinam a olhar um novo ano com muito menos planos e idéias mirabolantes que talvez nem cheguem a se cumprir porque não dependem só de nossa vontade e determinação, mas a cultivar um pouco mais a gratidão por aquilo que já estamos desfrutando e vivendo. Muito da nossa infelicidade decorre da insatisfação com a própria historia e não do fato de que não conseguimos atingir nossas metas.
Pode ser que mesmo agora você esteja com alto índice de ansiedade por aquilo que ainda virá neste ano. Eu o convido, antes , a celebrar a sua realidade, sua familia, seu dia-a-dia com gratidão a Deus que lhe permite estar em liberdade para desfrutar de tudo isso. Verifique se sua insatisfação não é resultado de um tédio.
Querer grandes mudanças na vida pode ser motivado pela fuga, o desejo de não enfrentar uma realidade difícil. Fugir só protela a situação. Peça a Deus a coragem de enfrentar todas as suas questões, lidar com seus dilemas e assim viver na dependência de um Deus que cria todos os dias para serem aproveitados como um presente e um desafio de não permitir que as dificuldades tirem o brilho do olhar e o sorriso do seu rosto.
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