quarta-feira, 25 de julho de 2012

A ALMA INFANTIL




                       A alma é uma parte de nós difícil de nomear e descrever, que não é exatamente a inteligência, nem a emoção, nem o caráter, nem a personalidade mas uma entidade abstrata, ligada a todas estas de uma maneira transcendente. Na Teologia Biblia a alma é algo com que não nascemos, que nos é dado em algum momento da nossa gestação ou concepção.

                           Deus criou Adão do pó da terra e depois soprou em suas narinas o fôlego da vida e o homem passou a ter então uma alma, fruto deste sopro divino. Paulo fala da alma como algo distinto do corpo e do espirito. Ao longo dos tempos o cristianismo debateu amplamente o significado da alma, sua aparência, onde ela se localiza e a melhor forma de educa-la. Os teólogos da antiguidade acreditavam que ela se parecia com um bebê em miniatura, colocado por Deus na boca de uma criança na hora do seu nascimento. Há gravuras de bíblias antigas representando uma criança com a boca aberta e dois pares de perninhas em sua boca - a alma sendo introduzida no ato do nascimento. 

                       Desde então o ser humano lida com a dualidade adulto-infante, na medida em que precisa atuar como aquele que cresceu, que é responsável, capaz, mas que por dentro é tão instável, inseguro e dependente como uma criança. Ao longo dos tempos a mensagem do Evangelho tem se dedicado a cultivar, tranquilizar, confortar e orientar as nossas almas. Isso porque do ponto de vista bíblico somos todos seres desesperados, frágeis, vulneráveis, pecadores, sempre á beira da angustia e da ansiedade, torturados por conflitos, imaturos e sobretudo, carentes de Deus. 

                    A imagem que melhor nos define é o de ovelhas que precisam de um pastor. Jesus emprega esta imagem para dizer o quanto a nossa sociedade secular quer nos convencer que não precisamos do apoio da fé porque evoluímos ao longo das eras. Esta 'evolução' é o decreto do crescimento, da independência, da supremacia. Enquanto acreditamos neste mito nossos medos só aumentam, os medos sociais com verniz de adulto, do desemprego, da violência, da economia e do envelhecimento. 

                   Não é a toa que Jesus advertiu que, quem quer entrar no Reino de Deus precisa ser como a criança. Admitir sua necessidade, medos, incapacidades e egoismo e leva-los todos ao Criador. No fim das contas negar a nossa alma é ato de suicídio psíquico. Admiti-la e deixa-la ser tratado pelo pastor das almas é o melhor caminho.








terça-feira, 17 de julho de 2012

ESTRELAS.


                 

           Um ano luz corresponde a 9.5 trilhôes de km. A estrela Eta Carinae, a 7.500 anos-luz é 400 vezes maior que o sol e quatro milhões de vezes mais brilhante que ele. Em nossa galáxia exitem cerca de 200 a 400 bilhões de estrelas e no Universo a estimativa é que existam cerca de  três septilhões delas.

                 Davi diz no Salmo 8 que o nome de Deus é admirável em toda a Terra. Ele diz isso ao observar as estrelas. Sem nenhum aparelho próprio, sem a tecnologia que temos, sem ajuda do Hubble, Davi fica admirado ao perceber a imensidão do Universo. Ele se vê pequeno, ínfimo e atordoado diante do impacto de algo tão gigantesco e misterioso. O que mais o impressiona no entanto é o fato de Deus se importar conosco. Porque se em comparação com o Universo somos uma partícula de poeira e se existem coisas muito mais brilhantes e de tamanho considerável, qual o interesse do Criador por seres tão minúsculos e frágeis?

               Esta humildade da grandeza de Deus é o que nos faz ficar admirados e surpresos quando lemos na Escritura que Ele se importa com nossa vida e as questões que nos preocupam. Que é capaz de dar atenção às nossas orações e intervir quando estamos em perigo. Que deixou sua gloria e imensidão para se encarnar e anunciar sua salvação por meio do Filho. Jesus escolhe a posição humilde porque mesmo a mais opulenta forma de vida não seria adequada para representar ou lembrar um pouco que fosse da sua glória.

                Quando Davi olha para as estrelas ele adquire uma perspectiva muito maior sobre a existência. È talvez por isso que em outro Salmo ele afirme que 'seu coração não se elevou, nem está a procura de grandezas'. Ele entende seu verdadeiro tamanho e que não há nada que precise fazer para impressionar ninguem. Sabe que é um homem amado e cercado de cuidados de um Deus misterioso mas que se revela e se mostra para se tornar amigo.


                Isso mostra que nós não somos o centro do Universo, nem o centro da vida, nem o centro das atenções. Precisamos parar com as nossas megalomanias porque muito da nossa ansiedade provem desta tendência em querer ser o que não somos e não aceitarmos a igualdade da condição humana.  

                  Tudo que parece importar na Modernidade é a construção de uma imagem baseada na lei do consumo. Nosso valor, posição em sociedade e contatos são mediados pela tentativa insalubre e contínua de ascender. Superar-se, crescer, estar um nivel acima, dar uma boa impressão. A pergunta é: qual o limite da grandeza que aspiramos? E por que achamos que nós somos o alvo e o objetivo da vida?

                   Davi nos recorda a necessidade de buscarmos a transcendência. Procurarmos deixar de lado um pouco nossa megalomania e refletirmos mais sobre o que há na vida além do consumo. Jesus diz que ela é mais do que alimento e roupa. Ela é um objetivo maior, ela aponta para Deus e seus propósitos. Ele chama cada estrela pelo seu nome, mesmo que saibamos que existam cerca de três septilhões delas no Universo. Para que elas estão lá? Por que estamos aqui? Se as respostas não remeterem a Deus e seus objetivos, estaremos vagando, pela vida e pelo Universo, como um satélite desativado e fora de órbita.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Viver em comunidade ajuda a superar a solidão.


1
“Eles seguiam uma disciplina diária de cultos no templo, seguidos de refeições nas casas. Cada refeição era uma celebração vibrante e alegre, com muito louvor a Deus”. Atos 2.42.

                     O culto para a igreja nascente em Jerusalem era algo inclusivo na vida. Não tinha tanto a ver com ritual religioso mas com celebração comunitária por se perceber que Deus estava atuando no dia a dia de cada um e que todos tinham amigos verdadeiros com quem contar a qualquer hora. Ninguem se sentia sozinho porque podiam comer juntos diariamente.
Jesus havia dado o exemplo, comendo em todas as casas onde era acolhido, sem fazer distinção se seus hospedeiros eram da sinagoga ou alheios á fé em Deus. Sua fama era de "comilão, bebedor de vinho e amigo dos pecadores".

                     A igreja tinha este senso de ser uma família ampliada onde todos eram pais, mães, irmãos e irmãs, filhos e avós de todos. Todos se responsabilizavam uns pelos outros. E comer junto era uma herança recebida de Jesus que fazia das refeições um momento sagrado, para reunir pessoas e viver o amor e a amizade.


                   Isso gerava providencias para a solidão porque não era preciso ter dinheiro para se juntar ao grupo – bastava crer na pessoa de Jesus e querer segui-lo como discípulo. Os mais ricos providenciavam para os mais pobres. E isso era tão impactante que até fora da igreja, para os ateus, o comentário era positivo: ( ver a obra de Flavio Josefo). 

                        Na igreja , a solidão que se baseia no medo do contato com o desconhecido é desfeita. Ali todos estão juntos não por uniformidade de idade, classe social, profissão ou nível de renda. São pessoas unidas que decidiram amar e acreditar em certos princípios e valores da Escritura para as quais estes valores fazem toda a diferença. Quando todos estão juntos, cantando ou orando, percebemos que este grupo é realmente distinto. Em nada se parece com aquela multidão que encontramos nos shoppings ou nos grandes centros urbanos.



                        Estamos juntos por amor a Deus e por amor aos irmãos. E isso nos desafia a acreditar que , afinal de contas, a humanidade não é tão ruim como dizem; que existe possibilidade de viver em união e ser parte de algo maior que o dinheiro, o trabalho ,  o consumo e a aparências. A Igreja é um lugar em que todos são bem vindos do jeito que são e com o histórico de vida que apresentam. 

                 Na igreja há presença constante de tristeza, alegria, fracasso, perda, doença e cura, porque ela vê a todos como elementos representativos da humanidade. E quando vemos que somos todos necessitados, de Deus e uns dos outros, estamos caminhando para uma vida verdadeira, terapêutica e feliz.