terça-feira, 27 de novembro de 2012

Lata de Lixo.



"Joguei tudo no lixo para abraçar Cristo e ser abraçado por ele. Comparado com o alto privilégio de conhecer Cristo Jesus, tudo o mais é insignificante". Filipenses 3.7-9.

                A lata de lixo é uma testemunha silenciosa. Ela revela tudo o que usamos e descartamos, o que um dia foi útil e que agora já não serve. Desde lixo orgânico a reciclável, os conteúdos que nela se depositam são registros da história de cada um.

               Paulo também tinha a sua. Ele descartou nela tudo quanto antes lhe era significativo: títulos acadêmicos que lhe rendiam reputação; nome de família; cargos destacados na elite de seu circulo de influencias. Tudo usado e protegido com extrema cautela porque isso era o sentido da existência.

           Mas quando conhece a pessoa de Cristo e sente o seu profundo amor ele descobre alguém que não o valoriza porque conseguiu sucesso na vida. Que não o bajula porque é tido como referencia  entre seus pares. Mas que o ama porque tem para ele um propósito mais sublime e elevado: torna-lo mensageiro do recado mais importante do mundo: que Deus chama homens e mulheres para uma caminhada, revelando-lhes a cada dia um plano particular e irretido,  uma missão centrada no Evangelho e uma contínua transformação que produza maturidade nos relacionamentos.

        Saber que há alguém que o ama independentemente de seus rendimentos, acertos, sentimentos, circunstâncias, erros, traz para Paulo a certeza de uma aceitação que há tempos buscava na sociedade. Agradar pessoas para receber delas o diploma de validação que permite ser incluído na lista dos 'bons' deste mundo.

               Ele descobre em Jesus o quanto foi enganado pelo sistema de meritocracia, presente nas escolas, nas empresas, nas igrejas, nas rodas de amigos. E ele manda para o lixo o que agora é insignificante. Porque não traz mais sentido para a sua história. 

           Paulo não está revoltado com o mundo. Ele se reinsere nele com uma outra consciência.  Quer ama-lo e as pessoas que nele habitam, porque deseja colaborar com Deus no processo de cura desta gente, machucada e ferida, estressada e esgotada, por buscar um amor que nunca está suficientemente pronto nem adequado - sempre há algo que se deixou de fazer pelo meio do caminho.

            A lata de lixo mostra, assim, que quando coisas mais significantes chegam na vida, nós optamos pelo descarte daquilo que tanto amávamos, mas que no fundo, nos iludiam, por não passarem de um sistema de trocas, interesseiro, vil e desprezível.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

DUAS PALAVRAS.

               

           "Eu também não a condeno. Agora, vá, e abandone sua vida de pecado".  João 8.11.

                        No conhecido encontro com a mulher adultera, que quase morreu apedrejada pelos religiosos, salva pela palavra de Jesus: "Aquele que estiver sem pecado seja o primeiro a atirar a pedra" existem duas palavras importantes ditas à ré.

                   A primeira é uma palavra de perdão. Jesus não a condena pelo seu ato porque ela mesma já se condenara, desde o momento em que, não se sabe por qual motivo, decidiu romper com algum principio de dignidade e respeito consigo mesma, e se entregou a outro homem que não era seu marido. Muitas justificativas poderiam ser escolhidas para desculpa-la pelo que fez, mas, todas elas não invalidariam o ato que causou vergonha, culpa e ameaça à sua integridade e futuro. Mesmo assim, Jesus não a condena, mais do que ela própria já se sentia, porque isso seria acrescentar mais um peso a quem já está curvado pelas consequências da sua própria escolha.

                A segunda palavra é também fundamental. Jesus a adverte para parar com aquele habito de se deitar com outros homens e readquirir o autorrespeito  a decência, e a fidelidade conjugal. Não se teria qualquer certeza se seu marido a receberia de volta, mas, em todo caso, o necessário é que ela pusesse um freio naquele hábito nada saudável de ter relações sexuais sem compromissos a longo prazo sem nenhum vinculo conjugal.

              O peso da questão não é tanto a sexualidade. Poderia ser qualquer outro assunto, pecado, transgressão. Jesus diria a mesma coisa. Que é preciso parar com o hábito que provoca a culpa, a condenação, e o aprisionamento da consciência  Abandonar o pecado não é uma questão meramente religiosa.

              Porque se desejarmos podemos trocar a palavra 'pecado' e defini-lo como 'vicio', 'habito', 'tendencia'. O que pesa não é uma definição conceitual, mas sim uma pratica escravizante e contínua, que acarreta este efeito de ser jogado ao chão, ao pó, e não conseguir se levantar porque há muitos acusadores.
O que estava errado na historia não era a condenação. 

                A Lei realmente condenava o adultério  como até hoje as Escrituras condenam. O errado estava nas pessoas que se esqueceram de seus próprios pecados. Jesus não absolveu a mulher porque ela era uma vitima. Ela era, de fato, culpada, mas precisava de perdão para recomeçar. 

                 Ele não a manda embora em paz, apenas. Ele condiciona a paz ao abandono do seu pecado. Porque em pecado ninguém terá paz, mesmo que acredite no perdão de Deus. Na continuada pratica do condenável ninguém dorme tranquilo. 

              A doutrina da Graça não elimina a necessidade do arrependimento. Jesus não morreu na cruz só para perdoar, mas para vencer o pecado. Por isso, é necessário tanto uma palavra quanto outra:  o perdão e o convite ao arrependimento. Somente assim é que poderemos voltar em paz para nossas atividades, nossa vida, nossos relacionamentos.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

MARTA, MARIA E SUAS DIFERENÇAS.

              



                   "Marta os interrompeu: Mestre, o Senhor não se incomoda em saber que minha irmã deixou todo o trabalho da cozinha para mim? Mande-a me ajudar" -   Lucas 10:40.

                       Marta faz parte do grupo daquelas pessoas que tem um funcionamento mais voltada para a execução de projetos. Ela gosta de conjugar o verbo 'fazer'. Por isso continua lavando a louça mesmo com Jesus presente na sua casa tendo sido convidado por ela. 

                      Maria, a irmã, tem um funcionamento mais voltada para pessoas. Ela foca nos relacionamentos e é capaz de deixar tudo para depois só para dar atenção à alguém  Marta se irrita porque a irmã fica conversando com Jesus enquanto ela lava a louça. Dá uma bronca até em Jesus. A grande heroína da historia é Maria e a vilã, Marta, certo? Errado. 

                   Porque Jesus não desvaloriza o trabalho de Marta - ele apenas a orienta para não sacrificar pessoas no seu afã de deixar as coisas todas certinhas e bem organizadas. Maria permanece ouvindo Jesus e assim descansa um pouco das cobranças continuas que com certeza deveria ouvir da irmã. Os conflitos naquele lar eram frequentes e o sinal mais evidente é a 'explosão' de Marta na frente de Jesus. 

                Não é comum alguém descarregar sua raiva na frente de uma visita importante. Marta estava exausta por conta da agenda que ela própria montara para sua vida. Não era culpa de Maria, era sua escolha viver assim. É uma questão de funcionamento e adaptação. 

             Temos um funcionamento que pode ser voltado para empreendedorismo ou para relacionamentos. Os que fazem parte do primeiro grupo reclamam das suas dificuldades com pessoas. O segundo grupo se queixa da falta de organização e de mais êxito nas suas realizações. 

                Jesus ao visitar as duas irmãs elabora um meio para atingir tanto uma necessidade quanto outra. Tempos depois, quem vai primeiro ao tumulo de Jesus no dia da ressurreição, alta madrugada, carregada de especiarias previamente compradas e preparadas, é Maria e não Marta.

                E numa outra ocasião, depois de Jesus ter ressuscitado Lazaro da morte, ele comparece de novo aquela casa dos três irmãos e Marta se contenta em servir a mesa. Ela já não reclama, não explode, apenas serve com amor.

                       Nossas diferenças de funcionamento não são, em si, problemas de caráter  são apenas diferenças. A presença de Jesus, no entanto, sempre pode nos fazer ajustar algumas imperfeições, para que, sejamos mais eficientes e, ao mesmo tempo, mais amorosos uns com os outros.