terça-feira, 22 de janeiro de 2013

De Constantino à Edir Macedo: o novo rosto da Igreja Brasileira.

                      

         Até por volta do ano 300 DC o cristianismo permanecia restrito aos valores ensinados por Jesus, que chamou pessoas para segui-lo com a especifica missão de torna-lo conhecido no mundo e comunicar a todas as pessoas a possibilidade de se conectarem com Deus, aprenderem a sair do labirinto do pecado, amarem a Deus e ao próximo  e fazerem de suas vidas um meio de evidenciar o Evangelho, que aponta para Cristo, honra a Cristo, prega a Cristo, e faz as pessoas ficarem frente a frente com ele e sua Palavra. 

                  Tudo ia bem até a 'conversão' de Constantino. Lutando pela unificação da parte oriental e ocidental do Império Romano, ele tem uma suposta 'visão' onde a cruz no céu garante que será vitorioso contra seu oponente. A vitória acontece, e o adorador do Sol Invicto ordena que todos os seus soldados se tornem cristãos via batismo, querendo ou não, compreendendo ou não a mensagem real do Evangelho. 

                Ato contínuo, ele suspende a perseguição contra a Igreja, movida por seus antecessores e oficializa a fé cristã como representante do Império  Daí para a frente, o conceito da Igreja Cristã ficou para sempre associada com a experiencia de vitoria militar de Constantino: ela existe para trazer conquista, superação e conseguir, de Deus, a garantia de que todos os nossos fracassos de ontem serão triunfo hoje apenas pelo fato de crer em Cristo.

           Não tenho nada contra a pessoa de Edir Macedo, embora não compactue com seu jeito de entender a fé Cristã. Eu o menciono neste artigo apenas como um dos muitos que lideram a  faceta evangélica brasileira. Ele é somente o precursor, muitos aprenderam com ele a fazer da igreja um caminho de triunfo pessoal. Para mim, que pertenço a um movimento reformado, tem sido cada vez mais difícil explicar às pessoas que Igreja não existe como substituta do trabalho responsável, nem como mediadora da benção divina. 

               Vez por outra aqueles que me ouvem chegam com sua influencia macediana, com a expectativa de que nosso grupo seja continuidade deste modelo, que para mim, é a pior deturpação histórica do cristianismo. Mas não é novo, nem recente. Constantino deixou um legado que permanece. 

                    O triste é que pastores, bispos ou seja lá o nome que usem, prefiram ter uma formação pagã, inspirada em Constantino, em vez de se voltarem para o lastro confiável daqueles que, de fato, pregaram e viveram o genuíno Evangelho.Como efeito, o Brasil evangelico está cada dia mais alinhado com a cultura do individualismo, da ganância pela riqueza, pela visão de Deus como o 'coach' do momento, que ensina os que pagam seus dízimos a prosperar e a querer sempre mais, em detrimento dos que nada têm.

                     Estes, que aprendam direito a ter fé e a pratica-la. Eu, teimosamente, prossigo, anunciando que o Evangelho tem mais a cara de Jesus do que a cara de Edir Macedo. Que a Igreja existe para ensinar os cristãos a praticarem o bem e o amor, a solidariedade e  a justiça no mundo. 

             A fazer o bem, a dividir, compartilhar, se importar com os desesperados, e ajudar os caídos a buscarem a Deus, sendo por ele transformados, bem como a sua vida e seus relacionamentos. Ainda acredito que é possível crer em Cristo mesmo sem ter dinheiro. E que ser Igreja não é fazer saques, mas doar-se, imitando Jesus, para a gloria de Deus.

Um comentário:

  1. Chega até cessar as palavras por conta de tudo que esse e ainda muitos outros estão fazendo com a palavra de Deus.
    Mas como Deus é eternamento cheio de misericórdia, levanta ainda outros mais para nos alertar dessas armadilhas contra seus povo.
    Eu ainda amo a palavra de Deus.

    Ótima postagem Pr. Caleb, glória a Deus por isso!

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