Já faz algum tempo que admiro a poesia de Lenine.
Capaz de dizer muito com poucas palavras ele chama a atenção
para a essência das coisas e não para a superfície.
Numa de suas canções chamada ‘Paciência’ já se vê o tom da
sua busca- coisas do interior que tragam sentido e paz ao coração. Na letra
desta musica uma frase em particular me emociona:
‘Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma,
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma,
A vida é tão rara, a vida não para’. https://youtu.be/9X-hhzu0riw
Não temos mais aquela percepção de que possuímos uma alma e
ela clama. Clama pela falta e reclama pelo excesso. Não temos calma para mais
nada e vivemos empurrados de um compromisso a outro de tal forma que deixamos
de perceber a vida em sua raridade. Para ser notada ela tem que ser observada
no silencio e na parada.
A alma humana tem sede de contato com aquele que a fez. No salmo 42 os coraitas clamam: ‘ A minha
alma tem sede de Deus’. Deus e a alma humana são tão íntimos e amigos mas por
vezes um se desconecta do outro pela via da agitação e do olhar externo.
Distraída a nossa alma vagueia e se irrita porque lhe
empurramos tudo quanto ela não suporta: pressa, excessos, ausência de parada,
falta de meditação.
E Lenine diz que ‘o mundo vai girando cada vez mais veloz’.
Nesta velocidade nós nem percebemos a passagem dos anos.
E quando vemos já estamos na meia-idade ou passamos dela.
A sensação é de que corremos com tanta velocidade e força
mas não ganhamos nenhum premio compensatório. Temos o que queremos, guardamos
no interior da casa mas, nossa alma continua vazia, com fome.
Quem dera déssemos ouvidos ao clamor da nossa alma que diz:
‘quero vida porque ela é rara, quero Deus, só ele me basta, quero mais alma
menos corpo’.
Caleb Mattos.
O mundo não foi criado para ser simplesmente transformado, e sim, para ser contemplado.
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