terça-feira, 14 de abril de 2015

A TEOLOGIA DA MPB - Paulinho da Viola.





Não, você não leu errado.
Nas próximas postagens deste Blog dedicarei algum tempo para refletir sobre a teologia por trás de algumas musicas da MPB. Sou pastor presbiteriano há 24 anos mas não vou falar da Teologia da IPB e sim da Teologia da MPB.

Aprendi que Deus se comunica, além da Escritura, também através das culturas. E cada cultura tem a sua expressão mais forte através da arte. Não sem motivo muitos cristãos reformados do passado dedicavam a Deus sua arte, seus quadros, que retratavam a Criação, o amor divino e a pessoa do Salvador – além, é claro de homens e mulheres com os quais Ele se importa.

Tenho ouvido várias musicas da MPB ao longo de um bom tempo. Confesso que não tinha me dedicado a prestar atenção em como Deus usa a arte dita ‘secular’ como um veiculo de manifestação da sua presença e da sua obra.

Um dos músicos que vou comentar aqui é Paulinho da Viola. Em especial a sua musica interpretada por Marisa Monte: ‘Dança da solidão’. A musica fala do que é próprio da condição humana: a possibilidade de se frustrar no amor e nos relacionamentos. Ele cita os nomes de sofredores pelo amor: Camelia, Joana, Maria... e por aí vai. https://youtu.be/VI2GnTbLTG4

Nestas desilusões da vida, amorosas ou não, sempre vem aquele período comparado à noite: o silencio, a solidão, o desconhecido amanhã. E Paulinho lamenta: ‘quando vem a madrugada meu pensamento vagueia; corro os dedos na viola contemplando a lua cheia’. A lua por única companheira e assistente, a gerar musica na dor, e um grito de possível esperança.

E ela, a esperança, vem em seguida na letra de Paulinho:
‘Apesar de tudo existe uma fonte de água pura, quem beber daquela água não terá mais amargura’.
Fiquei impressionado porque certa vez Jesus disse isso  a uma mulher também desiludida com o amor dos homens. Tinha tido vários maridos e agora vivia com um que não era legalmente seu. O Mestre detectou sua tristeza interna e vazio e lhe disse: ‘Quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede de novo’.

A cultura estabelece alguns pontos de contato com o Evangelho. Ela tem um lado bom que é servir de veiculo de expressão da Graça. Desconheço a cosmovisão de Paulinho, nem sei da sua fé. Mas talvez sem saber disso ele foi instrumentalizado para reverberar as palavras de Jesus no meio cultural: a expectativa de que alguém maior forneça o amor de que todos precisamos.
Fiquei feliz com a musica. Percebi que de fato estamos vivendo a era do Reino de Deus, que ele atua neste mundo muito mais do que supomos. De que não é apenas a Igreja que o manifesta porque seria pequena demais para tanto.

Deus aparece e se mostra em lugares e contextos inesperados para tocar corações e convergi-los a Si. Felizes são aqueles que o percebem e cooperam com Ele para tornar mais clara a sua mensagem neste mundo.
Caleb Mattos.

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