Um homem cujo nome não mencionarei descia uma rua onde
estávamos cantando e anunciando o Evangelho de Cristo.
Numa noite de verão, por
sobre uma picape, com lâmpada presa a uma haste, com instrumentos musicais, um mini
palco.
A luz da lâmpada atraiu siriris e alguns deles entraram sem
a devida licença pela minha boca enquanto falava. Um pequeno grupo assistia a
tudo e nos ouvia. Orações, cânticos, a Bíblia lida e proclamada.
Então eu o vejo descendo a rua e vindo em nossa direção.
Visivelmente embriagado cruzava os dois
lados da rua até conseguir ficar em frente ao carro. Ele era o mais próximo de
todos.
Parecia com uma atenção redobrada e muito interessado. Ficou ali até a
ultima oração. Convidamos quem quisesse ter um encontro com Cristo naquela
noite. Ele foi o único a levantar a mão.
Eu desci da picape e orei com ele. Cheirava a muita bebida.
Então perguntei se ele tinha compreendido tudo que acontecera ali. Se sua
oração foi consciente, de coração.
Ele disse que sim. Então eu lhe passei o
endereço da igreja. Era um sábado a noite. Não anotei no papel, não lhe dei um
cartão. A igreja ficava uns 4 quilômetros de onde ele morava, próximo de um
córrego, numa casa de tábuas e com cheiro de esgoto ao fundo.
Alguém comentou comigo que, se ele achasse a casa dele
naquela noite já seria um milagre. Eu confesso a você que concordei. E eu havia
acabado de anunciar a salvação em Jesus Cristo a todo o que nele crer, não
importa quem seja, e como esteja.
No domingo à noite eu tomei um susto. Na entrada da igreja
lá estava ele. Não mais alcoolizado, mas sóbrio; não mais com roupas sujas mas
com paletó e calça social. Não mais com aquele conversa que mal se entende mas
com sorriso no rosto, como que zombando da minha falta de fé, me disse
exatamente isso: ‘Eu não disse que eu viria?’
E ele veio e ficou.
Trouxe a esposa e todos os numerosos filhos para a igreja e
para o Evangelho.
Construiu uma nova casa num outro bairro aos 64 anos. Com
seu trabalho, com seu suor e ajuda dos filhos. Na frente da casa montou um
salão de cultos. Como era gostoso cultuar a Deus ali. Tudo simples, mas
limpinho e cheio de alegria.
Ele cantava e tocava seu violão. Compôs muitos
hinos de adoração a Jesus. Tudo carregado de emoção, fé, certezas e novidades.
Filhos cresceram, filhas se tornaram missionarias, outros líderes
de igrejas. Não dá para dimensionar o que Deus fez na vida dele e através dele.
São muitos os frutos. Uma surpresa feliz. Um de seus netos hoje mora no mesmo condomínio
que eu. Feliz nós conversamos e relembramos de tudo quando ele era apenas uma
criança.
O Evangelho é assim. Chega em lugares inóspitos e sem
esperança. Penetra nas histórias mais destruídas que você possa ter visto ou
supor. Transforma de dentro para fora hábitos e promove novas atitudes.
È mesmo
como o fermento que leveda toda a massa. Tudo cresce, se multiplica e se
expande através dele.
È por isso que amo pregar o Evangelho. Desde o dia em que
ele entrou no meu coração. Porque por meio dele muitas tristezas são curadas.
Feridas são cicatrizadas. Futuros brilhantes são construídos. E o cântico sai
da alma dos que o acolhem. Como do violão daquele querido irmão. E faz todos que o recebem cantar com
sinceridade:
‘Esperei confiantemente pelo SENHOR; ele se inclinou para
mim e me ouviu quando clamei por socorro.
‘Tirou-me de um poço de perdição, de um tremedal de lama;
colocou-me os pés sobre uma rocha e me firmou os passos.
‘ E me pôs nos lábios um novo cântico, um hino de louvor ao
nosso Deus; muitos verão essas coisas, temerão e confiarão no SENHOR’ – Salmos 40:1-3.
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