sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Solidão e estar solitário.




Para mim existe uma diferença entre as duas palavras, embora elas pareçam entre si muito semelhantes. Estar sozinho é uma condição nem sempre planejada e desejada mas ás vezes acontece por uma necessidade, por uma enfermidade, por um momento sobre o qual não se conseguiu lidar. E nestes casos é preciso, mesmo que não queira, estar sozinho, mesmo porque não há outra opção.

Há muita gente sozinha que jamais planejou estar assim, mas que as circunstancias da vida a empurraram para esta realidade sem que elas pudessem oferecer resistência, ou mesmo depois de longo trabalho para manutenção da unidade e companhia mas sem sucesso. Estar sozinho produz, naturalmente, um elevado grau de deslocamento daqueles pertencimentos de outrora.

A comunhão diária já não existe, a parceria desfeita, o querer bem desaparece. No lugar resta o inevitável pensamento do fracasso, da inadequação, do não ter sido suficiente e capaz. Perde-se os poderes imaginados e utópicos de super-homem e agora você se vê na absoluta consciência de que é apenas e tão somente um ser humano, desprovido de poder, de argumentos, totalmente á mercê como nunca da Graça de Deus.

Já o estar solitário é, para mim, uma escolha espontânea, de não rompendo nenhum vinculo, promover pequenos retiros de horas onde se fica só para orar, contemplar e reabastecer-se de Deus não perdendo de vista seus alvos para nós entre a agitação deste mundo. Estar solitário é uma necessidade numa sociedade que exige que você esteja ocupado sempre com algo ou com alguém. Mas quem vive assim na escravidão da agenda perde aos poucos a consciência de ser individuo. Perde a noção de quem é quando não está cumprindo uma tarefa ou exigência. Vai se tornando apêndice da vida alheia, anula-se, e se reconhece somente pelo que faz e pelos papéis que representa socialmente.

Às vezes a vida leva a alguém para a solidão a fim de estar solitário. È um processo de recuperação da própria identidade. Isso não é uma perda. È um meio em que acredito envolver a intervenção de Deus. Conheço tantos que nem sabem mais quem são. Eles se tornaram alguém que representam socialmente e com maestria o que lhe mandaram fazer. Mas tem medo de refletir e ficarem sozinhos com seu interior. Tem medo de se analisarem e perguntarem se são o que fizeram deles ou se tem existência própria.

Paulo numa de suas cartas afirma: ‘Pela graça de Deus sou o que sou’.
Ele não diz: ‘Pela graça de Deus faço o que faço’.
Esta é a diferença entre a liberdade dos filhos de Deus e a escravidão dita religiosa.
Quem é você, afinal?
Somente a ida á solidão ou a pratica constante de em certos momentos estar sozinho é que lhe pode dar a resposta.

Caleb Mattos.

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