‘Junto aos rios da Babilônia nos assentamos e choramos’ –
Salmos 137:1.
Longe de sua terra o povo amado, em condição humilhante de
cativeiro, faz apenas duas coisas: senta e chora. E ao chorarem, suas lágrimas
se misturam ás águas dos rios que lá havia. Há muito rio que já levou lágrimas
em seu leito e há lágrimas tão frequentes e duradouras que se assemelham a um
rio por fluírem incessantemente.
No rio de lágrimas as águas que saem dos olhos servem a um
propósito: expressar o que vem de dentro e deixar sair o que não pode ser
calado. Lágrimas são benéficas quando não usadas como meio de comiseração, mas
como forma de extravasamento.
Sentar e chorar é terapêutico porque a vida tem, sim, muitas
alegrias e celebrações. Nela existe festa e champanhe mas sempre intercalados
por pausas em que o fel chega aos lábios e amarga o sabor de tudo. Este é o
ritmo normal da vida, altos e baixos, montanhas e vales, nascimentos e perdas.
Nada estranho, afinal, não conheceríamos a felicidade sem seu antônimo. Não
saberíamos o que é viver sem a experiência do morrer. Não cogitaríamos da paz
sem a guerra.
No entanto, o rio de lágrimas é, sobretudo, um rio. E um rio
tem águas correntes que vão sendo levadas para longe do local onde nasceram.
Dizem que ás águas de um rio não passam de novo pelo mesmo local. O rio de
lágrimas será, então, levado a longas distâncias um dia. O que implica dizer
que existe um momento em que o riso volta e a canção faz cócegas na alma.
O mesmo povo na Babilônia, que fala do rio de lágrimas, mais
tarde disse: ‘O Senhor restaurou a nossa sorte; ficamos como quem sonha. A
nossa boca encheu-se de riso e a nossa língua de cânticos’. Nada dura para
sempre. Nem mesmo o rio de lágrimas. Espere até que as águas corram velozes,
carregando em seu leito tudo que se chorou.
Depois você verá que Deus irá restaurar a sua alegria. Você
ainda cantará e rirá muito de tudo o que lhe aconteceu. É só uma questão que
envolve o tempo e a graça de Deus. Enquanto isso, deixe as lágrimas caírem.
Elas precisam cair, pois, caindo saem, e saindo vão, e indo partem, e partindo,
levam para longe toda sua dor.
Caleb Mattos.
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