domingo, 10 de julho de 2016

O 'mi-mi-mi' dos desigrejados.




‘Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas procuremos encorajar-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês veem que se aproxima o Dia’. Hebreus 10:25.


Eu confesso que ando cansado com o povinho que usa este termo como se tivesse descoberto algo melhor do que a igreja de Jesus no mundo. Ora falam que igreja é gente, ora que igreja não é instituição, que igreja não é lugar, que igreja não deve ter isso, ou aquilo. 


Estou cansado disso porque até agora eu não vi nada, nenhuma proposta diferente daquela que Paulo menciona em suas cartas. Mesmo os tais desigrejados, que se orgulham de dizer que o são, frequentam reuniões onde só muda o formato das coisas, mesmo porque, se deixar a essência deixa de ser povo de Deus. Não importa o formato e ele não é santo. 


E uma mudança de formato não significa uma mudança de paradigma, apenas mais um modismo dentre tantos que já varreram a igreja do Senhor ao longo de todo o tempo que ela existe no mundo. Para mim esse negócio de ‘desigrejado’ cheira arroto de intelectual de baixo nível – não tem o que dizer, não tem o que acrescentar, não tem o que colaborar, então apenas critica e vilipendia aquilo que o próprio Senhor criou como povo que o divulga neste mundo e anuncia a salvação em Cristo. 


Em vez de ficar reinventando a roda seria melhor que esta turminha tivesse um pouco mais de humildade cristã e entendesse de uma vez por todas que a igreja sempre será pecadora-salva neste mundo. Recomendo que se leia a Primeira Carta de Paulo aos Coríntios. Ali ele chama os irmãos de ‘santos’ e, no entanto, no meio deles abundavam divisões internas, imoralidade sexual, fraude nos negócios, orgulho e vaidade espirituais, debates inúteis sobre o que podia ou não podia e assim por diante. 


Mesmo assim nenhum deles saiu daquela igreja complicada. Ali permaneceram na mesma unidade que o Espirito Santo criou entre eles, apesar de tamanha diversidade de todo tipo. Deus não chamou um povo perfeito para a salvação – Ele escolheu e elegeu gente complicada como eu e você, nos convidando á fé e ao arrependimento da Graça em Jesus. 


Ah, você sofreu na Igreja? Eu também já, muitas vezes. Você se escandalizou com alguém da Igreja? Eu também já. Você percebeu discriminação, preconceito, ira, falta de perdão e outras coisas indignas no seio do rebanho? Eu, como pastor, muito mais.


 Mas aprendi uma coisa: se Deus não desistiu da Igreja e a ama; se ela é a noiva do Cordeiro que está sendo preparada para as bodas, então eu prefiro continuar nela. Porque, afinal de contas, é para essa igreja, que está dia a dia sendo santificada pelo Espirito, que Jesus virá . E eu nem quero pensar em estar fora dela quando ele mandar a trombeta soar.

Caleb Mattos.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Anotações.






Assisti recentemente numa série sobre o narcotraficante colombiano Pablo Escobar que ele costumava carregar no bolso da camisa um caderninho e uma caneta. Ali estavam anotados todos os seus desafetos: políticos, policiais, magistrados, concorrentes, jornalistas e até o diretor da escola do seu filho.

Para cada anotação correspondia um atentado posterior e a morte daquele desafeto. Terrível ato de alguém que fazia questão não apenas de tratar a todos como inimigos reais e potenciais, mas que via o mundo sob os óculos da vingança e dos caprichos do seu império de sangue.

Mas me chamaram a atenção o caderninho e a caneta. Com eles nós podemos registrar o bem ou o mal. Recordar o amor, as boas lembranças e afetos recebidos e doados, ou não. De qualquer maneira registramos na memória tudo que nos acontece e isso permanece lá até aflorar, via inconsciente, de uma forma construtiva ou ruim.

Mas como seria a vida se também carregássemos no bolso um caderninho e uma caneta para anotar as boas ocasiões em que recebemos de Deus e das pessoas afetos, palavras, elogios, felicitações e promessas? 

Como estaria o nosso sentimento se escrevêssemos mais, nesta era tão digital, as impressões que tivemos ao fazer uma caminhada, ao contemplar um entardecer, ao voltar de uma visita a alguém, alegrias, esperanças e decisões?

Como estaríamos hoje se começássemos a resgatar o antigo hábito de escrever todos os dias tudo o que se passa dentro e fora de nós, como fez a menina Anne Frank durante o nazismo? 

Que legado deixaríamos aos filhos e ás futuras gerações se escrevêssemos mais sobre nós mesmos e o nosso convívio ao longo dos anos?

Escrever é um hábito que não apenas melhora a gramática e a redação mas que melhora o estado de nossa alma. Escrever pode se tornar um meio de desabafo, um jeito de ser e estar no mundo, de maneira mais leve, mais livre e menos reativa. 

Aprenderíamos, ao escrever, que em grande parte o que sentimos é muito passional e precisa ser purificado por um raciocínio mais equilibrado e ponderado para não nos tornarmos vítimas de nossas palavras impensadas.

Afinal, se o Deus que nos criou mandou escrever o que ele disse é porque ele zela por aquilo que mandou registrar. Ali o conhecemos e sabemos que é imutável. Ao escrever afirmamos nosso caráter, valores e rumo que vamos dar ao nosso presente e futuro. Confiaremos mais em quem somos porque escrevemos o que somos.
Caleb Mattos.