Na minha mesa de estudos eu tenho vários livros que utilizo
para produção de meus textos. Percebo agora duas Bíblias, ambas com ‘línguas de
fora’, aquelas fitas usadas como marca-textos.
As duas fitas estão penduradas
para fora como que me chamando para abrir e ver o que estão marcando. Que
texto, que mensagem, que palavra, que possível reflexão. Mas eu não vou
abri-las.
Prefiro o mistério de não saber o que estão marcando, já que,
diferente da Bíblia que uso todos os dias, estas são bíblias de consulta.
Usadas esporadicamente apenas para comparar versões e linguagens.
Não pude
escapar da metáfora. Línguas de fora diante do peso das palavras que estão
dentro. De fato, a Palavra de Deus é pesada não porque seja difícil, mas em
razão de ser o mistério revelado. Ela é mais do que podemos conhecer, digerir,
entender, viver. Sob o peso desta Palavra diariamente eu sou envergado,
curvado, submetido á sua autoridade na condição de convertido ao Deus que a
expressou e mandou escrever.
Dela dependem meus dias, minhas escolhas, meu
futuro. Mas a metáfora que eu me refiro é sobre outro tipo de palavra. A
palavra nossa de cada dia. O que nós falamos e escutamos de outros.
Eu acredito
que você também concorda que no final do dia todos ficamos com a ‘língua de
fora’ de tanta informação coletada, de tanto ouvir e não poder falar, de tanto
escutar sem ter uma resposta razoável e
de tanto sermos cobrados sem podermos dar mais.
Exauridos na mente corremos
para o nosso ‘happy-hour’ e ali, na companhia dos amigos, desovamos um pouco
deste peso falando de amenidades, coisas simples, risos, levezas.
A palavra é
nossa forma de comunicação com o mundo mas de tão poderosa que é, pode
construir ou destruir.
Pode ser instrumento de saúde ou fonte de enfermidades.
Rocha que esmaga ou algodão com remédio.
Não resisti. Não cumpri o meu acordo comigo mesmo. Abri uma
das Bíblias marcadas com a ‘língua de fora’. E o que li, de imediato, foi isso:
‘Refrigera-me a alma’. Curioso.
A mesma Palavra de Deus que pensamos ser tão
pesada foi escrita para refrigerar-nos. Para aliviar. Para remover peso dos
ombros. Eu amo a Palavra de Deus por causa disso.
Porque o que Ele fala é sempre
assim: refrigério. E eu convido você a
fazer de suas palavras e de suas interações a mesma coisa.
Caleb Mattos.
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