quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Não acredito em receita de felicidade.






‘Jamais aprenderíamos a ser corajosos e pacientes se no mundo houvesse apenas felicidade’. Helen Keller.
Cada vez mais me inspiram as palavras, especialmente aquelas que são fruto de vivências concretas que dão embasamento sólido e confiável ao que se escreve. Esta frase que você leu acima é de Helen Keller. 

Helen Adams Keller foi uma escritora, conferencista e ativista social americana. Foi a primeira pessoa surda e cega a conquistar um bacharelado. A história sobre como sua professora, Anne Sullivan, conseguiu romper o isolamento imposto pela quase total falta de comunicação, permitindo à menina florescer enquanto aprendia a se comunicar, tornou-se amplamente conhecida através do filme ‘O Milagre de Anne Sullivan (1962), dirigido por Arthur Penn. 

Seu aniversário em 27 de junho é comemorado como o Helen Keller Day no estado da Pensilvânia e foi autorizado em nível federal por meio da proclamação presidencial de Jimmy Carter em 1980, no centenário de seu nascimento. 

Tornou-se uma célebre e prolífica escritora, filósofa e conferencista, uma personagem famosa pelo extenso trabalho que desenvolveu em favor das pessoas com deficiência. Keller viajou muito e expressava de forma contundente suas convicções.  

Helen fala de duas palavras: coragem e paciência, estas mesmas duas de que ela precisou para superar suas deficiências. Mas, ela frisa, só lhes foram possíveis porque no mundo não há só felicidade.
 Eu penso que estamos sendo engolidos por uma onda de idéias sobre a felicidade que carecem de constatação e lastro. 

Nunca se escreveu tanto sobre o tema mas com uma abordagem quase infantil que tem levado homens e mulheres a um estilo de vida irresponsável em lidar com suas próprias historias.
 
 Eles estão constantemente transferindo seus conteúdos a outros que possam lhes ser salvadores de lagrimas, de dores, e de fracassos. Não elaboram estas coisas em si, não querem passar pela perda. 

Preferem repetir mantras de celebridades do mundo do coaching e frases já desgastadas de pregadores como uma forma de ‘fingir’(fugir) que se eu disser que ‘tudo está ok, então tudo ficará ok’.
Nosso tempo desvaloriza o choro porque endeusou a risada, mesmo sem motivo. 

Veja a explosão dos ‘stand-ups’ e você vai entender o que estou dizendo. Como Marx dizia no passado ser ‘a religião o ópio do povo’, hoje nem é necessário toma-la como única via para o escapismo. Estou vendo com muita frequência ‘opiados e opiadas’ em meus momentos de aconselhamento, de abordagem pastoral e de vivencias de observação. 
 
Por não podermos ter um mundo sem dor criamos uma porta para Narnia, e lá ficamos por um tempinho até estanquemos a lagrima que teima em cair. Mas na historia só os que entenderam que felicidade é algo feito de alguns momentos neste mundo e por isso mesmo tiveram que ir á luta para crescer, de fato inspiram hoje como seres que foram forjados na escola da dor.

Porque deficiências só são vencidas com muito trabalho. E a felicidade, neste caso, só vem depois deste agir-sobre-a-dor, nunca sobre o fugir dela. Eu pessoalmente tenho escutado muitos mais a filósofos hoje do que a pregadores e celebridades do mundo literário.

 Porque os filósofos de verdade me preparam para a realidade nua e crua. E é com ela que eu tenho que lidar, para, a partir disso, suportá-la com paciência, ou no caso de um milagre, ter a coragem de  crer que tudo será diferente.
Caleb Mattos.

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