terça-feira, 31 de julho de 2018
segunda-feira, 30 de julho de 2018
quarta-feira, 25 de julho de 2018
Quantas páginas pode ter um currículo?
Dou graças a todos os meus formadores. Desde minha infância
até meus atuais 53 anos de idade foram tantos em tão variadas áreas do
conhecimento. Aprendi por observação, por exercício e por admiração.
Sentei nas duras
cadeiras escolares, frequentei Graduações e Pós-Graduações, cursos de capacitação
e atualmente mais um está em andamento. Se eu somasse horas dedicadas à minha
formação elas superariam o formalismo da Instituição. Porque meu currículo,
afinal de contas, sou eu.
Para além da informação de terceiros, fundamental e imprescindível,
tenho frequentado a universidade mais antiga e completa que conheço, a da
interação e do convívio. Aprendo com quem me reporta algum conteúdo de sua
autoria, seja este uma confissão, um desabafo, um comentário de algo que
admirou, uma observação atenta, uma frase de escritor, um vídeo que compartilha,
um filme que me recomenda. Meu currículo não está acabado e não penso que
estará um dia.
Me vejo assim incompleto por acreditar que não há limite para
o saber. Se posso opinar acho que nenhum de nós deveria se satisfazer com uma
ou duas folhas de papel que dizem tudo que conhecemos por tantos anos que dedicamos
ao estudo e ao trabalho. Afinal, se do latim o currículo é ‘da vida’ ou ‘da trajetória
da vida’, enquanto a vida existe não dá para finalizar currículo. Claro que
empresas pedem um retrato especifico do que você fez ou estudou até o momento.
Mas não se pode parar de acrescentar vivencias àquilo que fazemos, pensamos,
estudamos.
Quando me formei em Pedagogia aprendi o termo ‘Currículo
Oculto’. O currículo oculto nas escolas serve para reforçar as regras que
cercam a natureza dos conflitos. E estabelece uma rede de suposições que visa
determinar regras sobre a conduta dos estudantes. Esse processo é uma maneira de
trabalhar conceitos transversais para a formação global do aluno, uma vez que
tais intervenções acontecem, geralmente, sem que estejam deliberadamente
sistematizadas ou incluídas nas disciplinas.
Em um currículo oculto, as suposições em sala de aula não
podem ser planejadas, pelo próprio fato de serem incidentais. Dessa maneira, um
tema importante ou um assunto de interesse fica sujeito a um acontecimento para
vir à tona.
Essa semana em conversa com um profissional ouvi que na sua competência
não há quem o iguale ou supere na empresa. Mas me confessou que precisou
frequentar o divã muitas vezes para aprender a abordar colegas e interagir no
ambiente. Seu currículo já era impecável, mas não completo.
Não se feche para aquilo que você sabe precisa aprimorar. Esteja
sempre pronto para aprender de tudo e de todos. Não viva como aquele antigo
funcionário de Ford, que, questionado sobre o que fazia na indústria pioneira
de automóveis, respondeu: ‘Eu apenas aperto parafusos’.
Caleb Mattos.
terça-feira, 24 de julho de 2018
O bendito casco da tartaruga.
Quando em ajuntamentos esconda-se no casco. Quando entre
íntimos mostre a cabeça. A máxima da tartaruga revela uma pratica comum: não
podemos oferecer transparência a todos o tempo todo.
Eu já cometi o erro de revelar-me por inteiro a muitos e
percebi minha mazela. Nem todos usam a informação para fins de proveito porque
amam contar o que ouviram em tom desrespeitoso.
De fato, o bom senso em
mostrar-se é um trabalho de todo dia. Acredito que integridade não pode ser
confundida com excesso de exposição.
Integridade tem a ver com aquilo que você abraça e defende
longe de todos. E que obviamente reflete em suas ações cotidianas. Mas exposição,
falar sempre o que pensa, mostrar sempre o que sente, contar o que lhe
aconteceu a qualquer um, é um passo para a frustração e o desencantamento num mundo
que adora a cultura da maledicência. Prudência é a chave.
Ser prudente significa entender que não devemos contar tudo
o que sabemos, repetir tudo que ouvimos, crer em tudo que nos dizem, mostrar
virtudes ou defeitos. Cada vez mais eu acredito que o conselho de Jesus de
entrar no quarto e fechar a porta para falar com Deus que ‘nos vê em segredo’
seja a melhor via.
Porque toda informação que passamos será reproduzida então é
preciso estar em paz, sereno e tranquilo quando formos dizer algo ou formular
uma opinião.
Tem gente que se queixa muito de que as pessoas ‘lhes
torceram as palavras’, mas eu desconfio que palavras torcidas brotem de bocas
que estejam tortas. Eu admiro os discretos. Eles me passam uma noção de elegância,
de polidez e sobretudo de sabedoria.
Não tenho mais paciência com papagaios, a não ser com aquele
que mora nos fundos da minha casa, com quem eu brinco de vez em quando. Salomão
diz que ‘quem modera seus lábios é prudente’.
Eu prefiro a prudência porque
trabalhando com a fala e a escrita preciso me policiar sempre para não deixar as
palavras voarem para longe do meu ninho. E entre papagaios e tartarugas acho
melhor agir como a segunda, afinal, o casco é sobretudo um meio de proteção.
Caleb Mattos.
quarta-feira, 11 de julho de 2018
quarta-feira, 4 de julho de 2018
Bom dia.
O que há por trás desta simples frase?
Eugene Peterson em um de seus livros menciona a curiosa ordem em que Deus criou o Universo e todas as coisas que existem. A narrativa de Genesis sobre cada dia da criação é sempre nesta ordem: ‘tarde e manhã’. Para nós do Ocidente a ordem do dia não é essa. Consideramos primeiro a manhã e depois a tarde. Começamos nossas atividades pela manhã e as encerramos à tarde.
Mas no pensamento Oriental a coisa é diferente. A tarde é o começo das coisas e a manhã o horário em que elas encerram. Chamando a atenção para este detalhe Peterson nos convida a saudarmos o novo dia como algo que já nos foi dado na noite anterior por Deus. Acordamos num dia que já está pronto e repleto de recursos. Um dia que não fizemos. Um dia que não criamos. Despertamos para um novo dia absolutamente inédito e renovado com tudo aquilo que viermos a precisar.
Faz coro a esta ideia a narrativa do Salmo que diz ‘aos seus amados Deus dá enquanto dormem’ e um outro Salmo que convida: ‘Este é o dia que o Senhor fez: regozijemo-nos e alegremo-nos nele’.
Peterson chega a sugerir que devemos tomar cuidado para não estragar o dia inédito e cheio de oportunidades com atitudes de ansiedade e ingratidão. Bom dia, portanto, é mais do que uma saudação educada. É a decisão de apanhar este presente com as mãos e usá-lo pela primeira vez, desembrulhando-o e agradecendo ao Criador porque o pacote vem repleto de possibilidades e novas chances de recomeço.
Afinal está escrito no Livro que ‘todos os dias o Senhor renova suas misericórdias sobre nós. Elas são renovadas sobre nós a cada manhã’. Se Deus assim nos permite recomeçar, corrigir, fazer ajustes, tentar de novo, insistir a cada novo dia não devemos acordar achando que o dia de hoje será igual ao de ontem. Não será. Esta nova manhã é mais uma oferta dadivosa para todo aquele que quiser pavimentar suas vias com escolhas e princípios melhores.
Bom dia para você! Bom recomeço!
Caleb Mattos.
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