terça-feira, 24 de julho de 2018

O bendito casco da tartaruga.



Quando em ajuntamentos esconda-se no casco. Quando entre íntimos mostre a cabeça. A máxima da tartaruga revela uma pratica comum: não podemos oferecer transparência a todos o tempo todo.

Eu já cometi o erro de revelar-me por inteiro a muitos e percebi minha mazela. Nem todos usam a informação para fins de proveito porque amam contar o que ouviram em tom desrespeitoso. 

De fato, o bom senso em mostrar-se é um trabalho de todo dia. Acredito que integridade não pode ser confundida com excesso de exposição.

Integridade tem a ver com aquilo que você abraça e defende longe de todos. E que obviamente reflete em suas ações cotidianas. Mas exposição, falar sempre o que pensa, mostrar sempre o que sente, contar o que lhe aconteceu a qualquer um, é um passo para a frustração e o desencantamento num mundo que adora a cultura da maledicência. Prudência é a chave.

Ser prudente significa entender que não devemos contar tudo o que sabemos, repetir tudo que ouvimos, crer em tudo que nos dizem, mostrar virtudes ou defeitos. Cada vez mais eu acredito que o conselho de Jesus de entrar no quarto e fechar a porta para falar com Deus que ‘nos vê em segredo’ seja a melhor via.

 Porque toda informação que passamos será reproduzida então é preciso estar em paz, sereno e tranquilo quando formos dizer algo ou formular uma opinião.
Tem gente que se queixa muito de que as pessoas ‘lhes torceram as palavras’, mas eu desconfio que palavras torcidas brotem de bocas que estejam tortas. Eu admiro os discretos. Eles me passam uma noção de elegância, de polidez e sobretudo de sabedoria.


Não tenho mais paciência com papagaios, a não ser com aquele que mora nos fundos da minha casa, com quem eu brinco de vez em quando. Salomão diz que ‘quem modera seus lábios é prudente’. 

Eu prefiro a prudência porque trabalhando com a fala e a escrita preciso me policiar sempre para não deixar as palavras voarem para longe do meu ninho. E entre papagaios e tartarugas acho melhor agir como a segunda, afinal, o casco é sobretudo um meio de proteção.
Caleb Mattos.

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