Dou graças a todos os meus formadores. Desde minha infância
até meus atuais 53 anos de idade foram tantos em tão variadas áreas do
conhecimento. Aprendi por observação, por exercício e por admiração.
Sentei nas duras
cadeiras escolares, frequentei Graduações e Pós-Graduações, cursos de capacitação
e atualmente mais um está em andamento. Se eu somasse horas dedicadas à minha
formação elas superariam o formalismo da Instituição. Porque meu currículo,
afinal de contas, sou eu.
Para além da informação de terceiros, fundamental e imprescindível,
tenho frequentado a universidade mais antiga e completa que conheço, a da
interação e do convívio. Aprendo com quem me reporta algum conteúdo de sua
autoria, seja este uma confissão, um desabafo, um comentário de algo que
admirou, uma observação atenta, uma frase de escritor, um vídeo que compartilha,
um filme que me recomenda. Meu currículo não está acabado e não penso que
estará um dia.
Me vejo assim incompleto por acreditar que não há limite para
o saber. Se posso opinar acho que nenhum de nós deveria se satisfazer com uma
ou duas folhas de papel que dizem tudo que conhecemos por tantos anos que dedicamos
ao estudo e ao trabalho. Afinal, se do latim o currículo é ‘da vida’ ou ‘da trajetória
da vida’, enquanto a vida existe não dá para finalizar currículo. Claro que
empresas pedem um retrato especifico do que você fez ou estudou até o momento.
Mas não se pode parar de acrescentar vivencias àquilo que fazemos, pensamos,
estudamos.
Quando me formei em Pedagogia aprendi o termo ‘Currículo
Oculto’. O currículo oculto nas escolas serve para reforçar as regras que
cercam a natureza dos conflitos. E estabelece uma rede de suposições que visa
determinar regras sobre a conduta dos estudantes. Esse processo é uma maneira de
trabalhar conceitos transversais para a formação global do aluno, uma vez que
tais intervenções acontecem, geralmente, sem que estejam deliberadamente
sistematizadas ou incluídas nas disciplinas.
Em um currículo oculto, as suposições em sala de aula não
podem ser planejadas, pelo próprio fato de serem incidentais. Dessa maneira, um
tema importante ou um assunto de interesse fica sujeito a um acontecimento para
vir à tona.
Essa semana em conversa com um profissional ouvi que na sua competência
não há quem o iguale ou supere na empresa. Mas me confessou que precisou
frequentar o divã muitas vezes para aprender a abordar colegas e interagir no
ambiente. Seu currículo já era impecável, mas não completo.
Não se feche para aquilo que você sabe precisa aprimorar. Esteja
sempre pronto para aprender de tudo e de todos. Não viva como aquele antigo
funcionário de Ford, que, questionado sobre o que fazia na indústria pioneira
de automóveis, respondeu: ‘Eu apenas aperto parafusos’.
Caleb Mattos.
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