Tudo o que é valioso é construído
de dentro para fora. Veja uma casa ou um bebê. Nos alicerces se acha o segredo
da estrutura e o quanto de peso irá suportar. No útero se encontra nutrição,
segurança e calor para garantir o crescimento até o parto.
Por isso é que tantos andam
desmoronados pela vida. Não cuidam do primordial, a sua alma. Curioso que a
palavra ‘ânimo’ vem de alma. Quem anda desanimado é porque descuidou da alma,
essa essência que nos mantem vivos, motivados e dispostos. Jesus certa vez
falou que não adianta nada ganhar o mundo se com isso perdermos a alma.
Porque o que é exterior pesa muito
sobre nós. Mas sem a alma, que a tudo sustenta, perdemos a uma e a outro. Li
sobre a invasão de Jerusalém pela Babilônia nos tempos bíblicos. Percebi que a
invasão se deu de dentro para fora. O rei caldeu começou por destruir o templo,
depois o palácio real, em seguida as casas, depois os prédios públicos e só por
último, os muros da cidade.
Não teria sido mais logico
começar por derrubar os muros? Mas a sua estratégia foi cuidadosamente planejada.
Ele queria destruir primeiro a base da fé e da confiança dos israelitas em
Deus. Destruído o símbolo de proteção, destruiu todo o resto com facilidade.
Nosso tempo é caracterizado pela
exposição. Somos solicitados a dar respostas, a postar fotos, a dar opiniões sobre
tudo, a aparecer, a comparecer, a revelar, a consumir, a amar o que passa. Observe
como, ao mesmo tempo, crescem os cursos de coaching, psicanalise, meditação e
yoga.
Estamos adoecidos por dentro em razão de não darmos valor justamente àquilo
que é a base de sustentação das relações, da existência e de todos os
compromissos de agenda.
Tentamos construir um refúgio
superficial em meio a vida mas empregamos para isso a fragilidade da areia do
ativismo, um seminário de autoajuda aqui, um fim de semana motivacional ali,
uma sessão de encorajamento acolá. Como é que uma casa se sustenta sem reforço
no alicerce?
Nossas constantes rachaduras são
a denuncia do descaso com nossa essência. Nossos vazamentos levam junto pouco
do que sobra da vitalidade que um dia tivemos. Não dá para morar numa casa
muito tempo sem fazer constante manutenção nos sistemas que ela possui. Sem
isso, a casa adoece e, nós que moramos nela, também.
Não são as circunstancias da
nossa vida que nos entristecem e desmotivam. O problema é interno. Tempo de manutenção,
para que suportemos o que ocorre com um poder que vem do alto e nos conduz,
vitoriosos, até o fim da jornada.
Caleb Mattos.