Clive Lewis certa vez foi interpelado por um ateu. Esse ateu argumentou que o pensamento moderno precisa não somente desacreditar o mito cristão, mas até mesmo aboli-lo. Cirurgia radical de um suposto tumor que enferma mentes esclarecidas. O escritor lembra que povos antigos sempre falaram de um deus que morre e que ressuscita depois. Crenças de épocas distintas e povos dos mais longínquos rincões repetiam tal mito.
Mas um dia aquele que os povos chamavam de
Mito apareceu no mundo como Fato nascendo de uma virgem. E nele todo e qualquer
enigma é esclarecido. Aqueles que se impuseram a missão de remover a realidade
deste Fato viveram em todos os séculos. Eles partiram, o Fato ficou. Como ficará a despeito de esforços de sempre
dos que pensam entender, mas não tem olhos para ver. Combateram o que chamavam
de Mito e o Fato os venceu.
O estilo de Lewis é
mitopeico na maioria das suas obras. Isso não faz dele um ser que não existe e
nem de seus livros algo sem base na realidade. É só questão de estilo da
redação. Podemos ler Apocalipse e encontrar ali dragões e bestas de várias
cabeças. Isso não faz de Joao, seu autor, alguém que escrevia fábulas, mas o
homem que viu pelos olhos do Fato o encerramento da história humana e o triunfo
dos que creem naquele que transcende toda letra.
O que lemos na Revelação
se dirige tanto ao inculto, à criança e ao poeta em cada um de nós, como também
ao moralista, ao intelectual e ao filosofo. O Fato se fez homem para que o
homem desnamore a pura razão, seca e morta, e se enlace com a alma enamorada daquele
que a fez.
Caleb Mattos
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