terça-feira, 9 de maio de 2023

AQUELE QUE NOS VÊ

 


‘A vida consiste mais em ir atrás de um rosto do que seguir um mapa. É descoberta e não direção’ (Eugene Peterson)

Eu gosto deste contraste entre um rosto e um mapa. Embora hoje usemos um sistema de navegação muito mais eficiente que um mapa, ele teve seus dias de gloria. Queremos descobrir para onde ir e que sentido dar a quem somos e ao que fazemos. Parte dessa tendencia preferencial pelo mapa brota do conceito de que fomos colocados aqui neste planeta por puro capricho de um destino impessoal.

 

 ‘Caímos de paraquedas’ neste mundo e em nossa ignorância carecemos de direção para tudo. E então, acreditamos que diferentes mapas, conceitos, sugestões, uma quantia incontável de tudo que já foi produzido é o bastante para encontrar a finalidade de existir. A dificuldade é que os que elaboraram os mapas se achavam tão confusos e perdidos como nós.

 

 Resta sempre a possibilidade de que o mapa esteja desatualizado e o GPS sem conexão produz aquele looping irritante que nos faz parar o trajeto até acharmos uma saída. Mas, e se a vida consiste mais em ir atrás de um rosto? Já começa a se perceber uma diferença positiva. Porque consultas a mapas e GPS exige que olhemos para baixo.

 

Mirar um rosto exige elevar os olhos. O mapa, o conceito, a ideia, o constructo, o postulado, parte de uma junção de várias hipóteses estabelecidas a partir da matéria de que todos somos feitos. O mapa é criação, o rosto é criador. Este rosto se revela do alto sobre nós e seu reflexo se acha exposto em tudo que veio da voz que segue a face.

 

Há uma antiga benção que pede o seguinte: ‘Seja Deus gracioso para conosco, e nos abençoe, e faça resplandecer sobre nós o rosto; para que se conheça na terra o teu caminho e, em todas as nações, a tua salvação’. Conhecer o rosto é se conhecer. Descobrir o plano, surpreender-se com um caminho já traçado com antecedência, incomparavelmente bom e seguro.

 

Não somos navegantes entregues á mercê de um mar caprichoso e cheio de surpresas. Aquele que nos vê é o mesmo que nos desenhou. Um mapa é frio e impessoal. O rosto comunica o que o nosso olhar procura. Neste encontro somos salvos em meio aos cruzamentos da vida que nos levaram a lugar algum.

Caleb Mattos

Um comentário:

  1. " O mapa é criação, o rosto é criador!" Quanto revelação nesse pequeno trecho! Lembrar que somos imagem e semelhança daquele que nos criou e que além disso podemos ser a expressão do Seu amor ao próximo é conforto e decisão de ser o que fomos feitos pra ser.

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