segunda-feira, 13 de junho de 2011

Felizes os que são sensíveis.


 "Bem aventurados os que choram" .    Mateus 5:4
Jesus afirma que felizes são os que choram. Uma aparente contradição para nossa cultura tão acostumada a compreender a felicidade como ausencia de sofrimento. Como pode ser feliz alguem que chora? 
È obvio que ele não está se referindo aos depressivos, aos que estão em tratamento de terapia. O ato de chorar aqui designado descreve aquele que possui sensibilidade na vida, até mesmo para chorar a dor do outro. E os felizes são aqueles que se compadecem da dor alheia porque já entenderam que a pratica da empatia traz uma sensação de bem estar e paz interior.
Já os que dificilmente se importam com a dor alheia preferem se fechar em sua busca pela felicidade sem dor, e vivem uma utopia : acham que viver numa ilha de ilusões, onde tudo é feito para não ver a dor  é o caminho da verdadeira felicidade.
 Jesus é claro em mostrar que não existe felicidade sem sensibilidade. Ser feliz significa em alguns momentos chorar. Jesus chorou sobre a cidade de Jerusalém ao prenunciar sua destruição e  sua recusa em recebe-lo – e o salmista lamenta sobre aqueles que voltam as costas para Deus: Salmos 119.136.
 O choro consciente, que não é fruto de um estado emocional depressivo, pode nos ajudar a entendermos que a vida real é uma interação com o outro, necessária inclusive para produzir saude mental. Quando choramos diante da perda de alguem isso mostra que damos valor à vida e que lutamos para que ela seja uma experiencia de intenso relacionamento com os que amamos porque o tempo passa rapidamente.
Quando choramos por causa de uma criança maltratada, um idoso abandonado pela familia, um jovem vencido pelas drogas, isso revela que ainda não perdemos a nossa alma porque somos capazes de nos importar e nos envolver para ajudar.
A tristeza que sentimos e que nos leva a orar por aqueles que desprezam o Evangelho é algo fundamental para revelar que não vivemos apenas pensando em nós. O risco é nos envolvermos tanto com nossos proprios sonhos que nos assemelhamos ao fazendeiro rico, ao qual Jesus fez referência, que acumulou toda sua fortuna para si mesmo e não a dividiu com ninguém. Ele é chamado adequadamente de 'louco'.
Perdeu o juízo, a noção da vida, a alma.
Jesus era extremamente sensivel às necessidades das pessoas. O tempo todo ele pode ser visto curando doentes, ensinando os discipulos, alimentando a multidão, defendendo pecadores do juizo dos religiosos, e convidando todos a segui-lo como a plataforma da verdadeira paz: "a minha paz vos dou". A paz que Jesus sentia não era proveniente das situações favoraveis; ao contrario, por fazer o bem ele foi acusado de coisas que não fez, palavras que não disse e comportamentos que não teve. Tudo ao seu redor conspirava contra a paz. No entanto ele a oferece aos seus seguidores.
Sua paz era resultado de dois fatores: o primeiro, seus retiros diários de oração para estar a sós com Deus; o segundo, seu envolvimento com as necessidades das pessoas. Quanto mais tempo passava com Deus orando, mais sensivel se tornava às carencias da multidão. 
O resultado destes dois fatores era a paz interior, que ele só podia oferecer porque a desfrutava em si mesmo. Se detectamos que não temos sensibilidade à dor alheia é porque nos falta o contato vital com nosso Criador. Deus é amor, diz o apostolo João. E os que vivem conversando com Ele se tornam pessoas amaveis. E quem é amavel é sensivel, chora e socorre. E quem faz isso descobre a felicidade. Ela não está nas coisas que adquirimos, nos projetos que realizamos, no dinheiro que acumulamos - ela está nos convivios, nos relacionamentos, na mão aberta, no braço estendido, no ouvido que escuta, na palavra que conforta.
Seja mais sensível aos outros. Não viva como se o mundo lhe devesse. Aprenda que a felicidade real está no ato de se abrir aos demais, estar disponível para socorrer e assim demonstrar o amor de Deus.

"A felicidade é uma porta que só se abre para fora; quem forçá-la em sentido contrário acaba por fechá-la ainda mais" - Soren Kirkegaard, filosofo dinamarquês( 1813- 1855).

Nenhum comentário:

Postar um comentário