terça-feira, 28 de junho de 2011

Você tem fome de que?


Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça”.
A palavra “justiça” neste trecho aponta para a idéia da ‘integridade’. Integridade é a característica daquilo que está completo, inteiro. A incompletude é a sensação mais comum que atinge o ser humano. E para tentar livrar-se deste estado ele procura preencher seus espaços vazios com sensações, experiências, religião, consumo.
A incompletude é um sintoma de fragmentação da nossa vida. Somos como uma colcha de retalhos, remendando aqui e ali experiências e buscas que possam cobrir o tecido da nossa alma e deixa-la satisfeita e aquecida. Estes fragmentos causam esporadicamente uma sensação de bem estar passageiro. Até que eles se rompem porque estão costurados à vida mas não fazem parte dela.
 E tudo que nós costuramos artificialmente tem a grande probabilidade de se rasgar. Quando Jesus fala da Justiça como sinônimo de integridade ele se refere àquelas pessoas que manifestam um desejo por algo diferente. Que não é artificialmente construído – um tipo de felicidade que não está alicerçada nas coisas e experiências, mas numa relação sólida com o Criador.
Porque ‘fome e sede de justiça’ significa ‘ desejo por Deus’.  Fome e sede não são sensações passageiras, são necessidades recorrentes que se manifestam todos os dias. Então o que nós mais precisamos não é de sensações agradáveis que produzam felicidade artificial. O que precisamos é sermos supridos de uma necessidade: uma relação sólida, crescente e comprometida com Deus. 
 Jesus fala no Sermão do Monte sobre a angustia vivida pelo ser humano que faz da sobrevivência a meta da sua vida, aquele que estipula que viver é correr atrás de coisas que garantam o futuro: Mateus 6.25,32. “Correr atrás” é um ato de tentar agarrar aquilo que é passageiro, incompleto e insatisfatório porque não possui em si o dom da felicidade. Jesus afirma que Deus não quer que  sejamos pessoas que ‘correm atrás’ das coisas, porque Ele é quem pode trazer as coisas até nós, se o buscarmos como principal atividade da vida: "Busquem em primeiro lugar o Reino de Deus". Mateus 6.33.
Deus nos oferece a possibilidade de vivermos felizes e completos enquanto fazemos do seu Reino nossa verdadeira busca. Ele promete que as outras coisas, de que tanto nos preocupamos, serão trazidas, atraídas, acrescentadas à nós. Felicidade não é uma procura humana, é um presente dado por Deus; não é uma sensação passageira; é um estado interior de bem estar.
A chave para entender o que Jesus diz é o inicio do Sermão do Monte: “Bem-aventurados os pobres em espirito”. Ele define a felicidade como algo essencialmente espiritual – sua fonte, sua origem, sua nascente procedem de Deus e remetem sempre à Ele. Separado de Deus, escolhendo outra fonte, nós jamais estaremos satisfeitos e completos.
 Tudo se resume a uma pergunta:  eu tenho corrido atrás da vida, das coisas, ou tenho buscado a Deus? 

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