quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Não remova os marcos.

“Não mude de lugar os antigos marcos que limitam as propriedades e que foram colocados por seus antepassados”.  Proverbios 22.28.
A palavra ‘marcos’ tem o sentido hebraico de limites. O que permitia a um proprietário de terra saber exatamente onde começava e onde terminava a sua propriedade. Isso gerava a responsabilidade de respeitar os marcos do vizinho e é o fundamento para o proverbio: ‘seu direito termina onde começa o do outro’.

Os marcos são chamados de ‘antigos’ porque foram colocados pelos antepassados. O que sugere que estes marcos são uma realidade permanente que não poderia ser alterada com o advento das novas gerações. A metáfora vai além da geografia: ela tem a ver com os valores que desde muito tempo existem na sociedade e que vem servindo de limites para as ações e reflexões do ser humano. Valor – veio do Latim, Valere, que significa: “riqueza".

 Valores são ‘riquezas’ que nos fortalecem e nos encorajam a viver, defendendo estes marcos tão antigos mas tão necessários. E todos os momentos em que nos deparamos com a remoção destes marcos ficamos chocados e reagimos imediatamente: a corrupção nos lembra do valor da honestidade; a violência nos recorda do valor da paz;  o trabalho escravo nos desperta para o valor da liberdade; o desperdício nos acorda para o valor da contenção; a condenação de inocentes nos faz lutar pela justiça.

A remoção dos marcos dos valores produz efeitos devastadores no caráter pessoal e na vida social de um país. O Brasil se tornou conhecido como ‘a terra do jeitinho’, dando margem à uma série de praticas desonestas e meios de burlar a Lei com objetivos pessoais. E o fruto deste comportamento foi disseminado por todo o povo, que em vez de cumprir a Lei prefere interpreta-la conforme suas próprias idéias. Isso não significa que o brasileiro despreza os valores. Uma pesquisa feita pelo Datafolha em Junho de 2010, com 2544 pessoas, levantou o seguinte resultado: Os valores mais votados e mencionados pelos brasileiros:
Amizade (50,9%), Família (44%), Honestidade (39,5%) , Respeito (37,3%) e Humildade e Alegria (34,7%)


Os resultados mostram que os brasileiros se vêem como pessoas que têm consideração pelos outros, procuram contato próximos, gostam de compartilhar alegria e confiança, e possuem natureza alegre e modesta. Então, a imagem que o brasileiro faz de si é de um indivíduo gregário, amigável, honesto, alegre e humilde. Se isso é o que acontece na pratica, é uma questão a ser estudada. Mas o fato é que existe uma expectativa por valores mais coletivos como solidariedade, honestidade e respeito.

Parte das historias que compõem a tragédia grega falam de Edipo(escrito por Sofocles), filho de Laio e Jocasta. Uma profecia revelou que ele mataria o pai e se casaria com a mãe. Edipo quer dizer ‘coxo’, mais do que físico, moralmente. Ele decifra o enigma da esfinge, que atemorizava os cidadãos de Tebas. Torna-se rei deles e se casa com a mãe, de quem tem vários filhos. No final da historia, Tebas é assolada por uma praga que vitima seus moradores e a causa apontada é o parricídio de Edipo e seu casamento incestuoso. Jocasta se mata e Edipo arranca os próprios olhos, fazendo cessar a praga na cidade.

O que o mito nos ensina não é que o destino se impõe, sendo impossível altera-lo, mas que nós somos responsáveis por nossas ações . Elas podem promover os valores antigos, ou podem remove-los do lugar. Se eles foram removidos trarão desgraças e efeitos imprevisíveis à nós e aos que estão próximos.



 Quando permitimos que os marcos dos valores sejam tirados do lugar, àquilo que antes nos trazia segurança e estabilidade nos faz falta e nos causa medos.

Quem abre mão da honestidade vive sempre com a sensação de que está sendo observado por alguém e prestes a ser descoberto nas suas ações.  Quem rompe com a justiça sempre vive suspeitando que em breve será punido. Então, romper os marcos antigos é atrair para si mesmo os efeitos punitivos da transgressão. A própria Lei Moral, os 10 Mandamentos, possuía, para cada preceito uma consequencia: benéfica, no caso da obediência ou punitiva, no caso da desobediência: Deuteronomio 28:1-2;  28:15.

 A questão importante é que a base para todas as leis existentes em qualquer código nacional está fundamentada nos valores do Decalogo. Isso traz a implicação de que os 10 Mandamentos não se aplicam apenas aos crentes. Eles são um principio regulador da vida sobre a terra. E creiam ou não em Deus, todas as pessoas do mundo experimentam a benção quando obedecem estes mandamentos, ou sofrem a punição quando os transgridem. Isso significa que é impossível que alguém remova os marcos fixos dos valores sem que cause um prejuízo tanto para si como para a humanidade.


Hitller removeu os marcos do respeito ao estrangeiro judeu na Alemanha e causou o Holocausto. A Inglaterra removeu os marcos do valor da liberdade e implementou no mundo o comercio de escravos. A Al Qaeda destruiu os limites do respeito ao ser humano e atacou as torres gêmeas. A America desrespeitou a vida dos inocentes e matou milhares deles no Iraque em nome da vingança. Os marcos servem para impor limites à nossa convivência com os demais. Se não respeitarmos limites estaremos invadindo o espaço do outro, sua dignidade, seu valor, seus direitos.



Se não respeitarmos os marcos de Deus, que estão na Biblia, poderemos sofrer  por infringir princípios claros que servem para nosso próprio bem. Portanto, os valores são como estacas solidas que sustentam o edificio moral das nossas vidas. Elas não podem ser mexidas, nem removidas, para que a estrutura do nosso caráter continue solida e  permanente, mesmo com a mudança dos costumes e hábitos culturais ao longo dos tempos.

Airton Senna: "Preservo os meus valores. Eles são o meu alicerce. Mexer no meu alicerce é um risco que eu não quero correr".

2 comentários:

  1. Li hoje dia 14 de setembro de 2021. Seria coincidência? Creio que não. Deus abençoe.

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  2. Obrigado Marcelo por sua leitura, Deus o abençoe!

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