terça-feira, 13 de março de 2012

Eu não sou farinha do mesmo saco!

                 Em ano de eleição municipal tenho lido nos jornais da cidade as possiveis candidaturas ao cargo do executivo. Alguns que já ocuparam a cadeira podem estar impedidos pela Lei da Ficha Limpa. Fala-se em recursos para prováveis tentativas de volta ao cargo. Quem já deu sua parcela de colaboração acredita que ainda tem mais a oferecer.

               Li sobre a possivel candidatura de um deputado, filho da terra, que deixaria de o ser para assumir, se eleito, a cadeira máxima. Li, ainda, sobre a sondagem feita a um padre famoso, que poderia vir a concorrer. Assim, na condição absoluta de leigo na arte da politica, assisto  a cidade no presente momento ter que refletir, debater e dirigir seus futuros votos ao seguinte quadro:  candidatos que não podem mas querem voltar; deputado que pensa em deixar sua função na assembleia para ser prefeito, e um padre que talvez cogite trocar o pulpito pela tribuna.

              Ser prefeito, em meu modo de pensar, é ser um representante legitimo do povo. Isso significa que ele deve representar, mais do que a vontade do cidadão, o proprio carater do cidadão. Não gosto dessas afirmações maldosas que proclamam: "cada povo tem o governo que merece". Nem sempre. Às vezes temos um determinado governo por pura falta de opções melhores.

              Eu acho que o representante do povo tem que ser a cara do povo. Não me entenda mal. Não me refiro à cultura, aspecto economico ou gosto popular. Me refiro ao carater. Se voce parte do pressuposto que o brasileiro é, por principio ou falta dele, desonesto, aproveitador, corrupto, que ama facilidades e despreza responsabilidades, que vende sua palavra pela oferta mais barata, então, tudo bem. Você é do tipo que vota baseado na crença de que nós merecemos os politicos que temos porque também somos como eles.

                Eu não acredito nisso. Acho, ao contrário, que, pelas reiteradas vezes em que os que não representam bem o povo brasileiro acessam o poder e continuam nele por meio de tantos acordos e brechas da Lei, eles vão criando uma cultura da impunidade e corrupção com tamanha frequencia, que essa cultura acaba sendo imitada pelo cidadão comum. È isso mesmo que você leu. O exemplo sempre vem de cima.

                O povo imita seus governantes e nunca o contrario. Se o país ainda pratica a injustiça, a desobediencia à Lei, a corrupção, desvios, é porque temos como professores aqueles que nos governam. Assimilamos esta cultura que se desenvolve há tanto tempo nas esferas federais, estaduais e municipais. Depois, erradamente, culpamos o povo por ter votado errado.

                  Não votou errado, votou certo. Votou do jeito que foi ensinado a votar, votou porque viu exemplos repetidos de transgressão do bem em mal. Somos copias daqueles que nos governam, entenda isso de maneira positiva ou negativa. Afinal, estamos apenas reproduzindo um modelo, imitando nossos representantes.

                    Se os que já passaram pelo poder tem a ficha suja deveriam, em nome da decência e do respeito ao povo, se recusarem a nova candidatura.Assim representariam mesmo o carater do povo. Que o deputado continue prestando o excelente trabalho , afinal o povo o elegeu para deputado. Assim representaria o carater do povo: cumprir aquilo que prometeu e para o que foi votado. Que o padre continue pastoreando seus fiéis, Deus o chamou para o rebanho. Que assim represente o carater do povo - fazer aquilo que prometeu em seus votos de ordenação.

                  E que alguém nesta cidade, que ainda acredita que o povo é honesto, decente e quer ser representado por gente que acredita nos mesmos valores e defende os mesmos direitos, se candidate ao cargo.Gente que tenha uma vocação para a politica e não alguem que quer se aproveitar dela. Gente que quer o poder para servir ao povo na objetividade de moralizar a politica por meio do seu proprio exemplo. 

                Mas, por amor a todos nós, diga não ao velho modelo da continuidade, que para mim é um xingamento à dignidade do cidadão. Eu não quero parecer com que me governa, pelo menos não neste modelo e enquanto não houver nenhuma novidade no cenário que dê a entender que as coisas realmente vão mudar.

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