terça-feira, 24 de abril de 2012

MARTELO


                     

                      Existem vários tipos de martelo:  os  que são usados em cirurgias, os martelos domésticos para pequenos serviços, o martelo culinário para bater carne, o martelo de borracha usado em consertos de pneus e os martelos pneumáticos empregados nas industrias. Eles diferem por tamanho e utilização e são específicos para cada tipo de tarefa.

                         Todos nós já sentimos a dor de uma martelada no dedo ou de um martelo caindo em nosso pé. Se nos limitarmos a analisar apenas o martelo domestico podemos aprender com ele algumas lições uteis sobre prevenção de acidentes emocionais no convívio com aqueles que amamos.

                     Em primeiro lugar, o martelo sempre se encontra numa posição de superioridade – há sempre algo para ser batido, encaixado e perfurado – mas é sempre ele quem executa este serviço. Pessoas-martelo acreditam que sua função no mundo é colocar os outros em seus devidos lugares. Eles se consideram responsáveis por dar os golpes que os outros precisam levar para acordar, chegar à maturidade ou encontrar a lucidez.

                  Em segundo lugar, pessoas-martelo ou estão batendo ou arrancando aquilo que fizeram na força. Raramente o prego sai reto depois que o martelo o remove com a outra parte do cabo. Pessoas assim até pedem perdão pelo que fizeram, mas foram tão agressoras que deixaram os demais tortos nas suas emoções e sentimentos.

                   Em terceiro lugar, pessoas-martelo não se importam se erram o alvo – elas miram no prego mas se acertam o dedo nem por isso se importam – bater no dedo foi um mero desvio de trajetória, um simples detalhe e nada mais que isso. Elas raramente utilizam o bom senso e a razão – preferem usar a força e  a imposição para lidar com seus relacionamentos.


                   Dois discípulos de Jesus tinham a personalidade de martelos logo que começaram a aprender com o Mestre. Tiago e João, que eram filhos de um pescador e irmãos, agiam como se a mensagem do Evangelho tivesse que ser crida por todos, ainda que fosse por métodos não convencionais. Uma das passagens que ilustra a atitude destes irmãos se encontra no Evangelho de Lucas capitulo 9, versos 51 a 56:

               “E aconteceu que, completando-se os dias para a sua assunção, manifestou o firme propósito de ir a Jerusalém.  E mandou mensageiros adiante de si; e, indo eles, entraram numa aldeia de samaritanos, para lhe prepararem pousada. Mas não o receberam, porque ele ia para Jerusalém. Tiago e João, vendo isto, disseram: Senhor, queres que peçamos para que desça fogo do céu e os consuma? Voltando-se, porém,  Jesus, repreendeu-os, e disse: Vocês não sabem de que espécie de espírito vocês são, pois o Filho do homem não veio para destruir a vida  dos homens, mas para salvá-los. E foram para outro povoado.”


                       Jesus havia dado claras instruções aos discípulos sobre a pregação do Evangelho. Ele disse que se eles não fossem bem recebidos numa casa ou cidade, deveriam simplesmente ir embora com educação sem ofender, julgar ou condenar as pessoas pela falta de fé e acolhimento. Mas, quando eles passam pela cidade de Samaria, tem a oportunidade de por em pratica um grande teste. Porque judeus e samaritanos eram inimigos históricos desde muito tempo. A mulher samaritana que deu água para Jesus beber estranha sua presença pouco tempo antes na cidade e mais ainda que ele estivesse conversando com ela. O rabino Hillell costumava ensinar que todo judeu deveria agradecer diariamente a Deus por não ter nascido animal, nem mulher, nem samaritano.

                O samaritano era um tipo mestiço, como o brasileiro, uma mistura de raças que incluía o sangue judeu. Mas eles eram odiados justamente por não serem considerados sangue puro. Quando os samaritanos se recusam receber Jesus na sua cidade, ele dá as costas e começa a ir embora, mas Tiago e João querem defende-lo.   

              Eles ficam irritados com as pessoas por um duplo motivo: por serem de raça diferente e por terem se negado a ouvir a mensagem da salvaçao. Então, como todo martelo, eles encontram uma solução rápida e indolor – uma martelada certeira nos samaritanos – que Deus envie fogo do céu e queime tanto a cidade como todos os seus moradores, e que, de sobra, destrua a raça samaritana de uma vez por todas. Por que eles agem dessa forma? Encontramos pelo menos 3 motivos para esta reação tão irada dos irmãos, que ilustram a maneira como pessoas-martelo pensam a vida e enxergam o mundo...




                    1. Pessoas-martelo odeiam ser contrariadas.
                         Quando Tiago e João percebem que os samaritanos não querem ouvir Jesus eles levam isso para o lado pessoal porque era também proposito deles convencer os samaritanos a respeito da sublimidade do Evangelho. Com a recusa eles se sentem na obrigação de fazer algo para punir ou se vingar já que o desejo deles não foi satisfeito. As pessoas-martelo tem muita dificuldade em ouvir um ‘não’ como resposta a seus argumentos e idéias porque acreditam que, recusando sua opinião as pessoas as estão rejeitando, deixando de ama-las.

                      Jesus disse aos dois irmãos que eles queriam matar os samaritanos – mas a sua missão era justamente o oposto – Ele veio para salvar pessoas. Quando oram pelo incêndio de Samaria, Tiago e João estão se colocando contra a própria missão de Jesus e o objetivo pelo qual ele os chamou para serem seus colaboradores. 

                Estavam sabotando o próprio plano do Evangelho e colocando em risco tudo quanto Jesus construiu e consolidou com tanto sacrifício. Por esta razão, quem se identifica como martelo tem que tomar cuidado para não prejudicar nem a si mesmo, nem os planos que pretende realizar, nem as pessoas à sua volta que contam com sua colaboração.



                           2. Pessoas-martelo agem por impulso.
                       Ao pedir fogo do céu sobre a cidade os dois irmãos não refletiram na sua oração. Uma oração assim jamais seria ouvida e muito menos atendida por Deus. Se Deus fizesse conforme eles pediram até eles, e inclusive Jesus, seriam queimados, porque todos eles estavam dentro da cidade de Samaria. Pedir a destruição da cidade naquele lugar era pedir a morte para si mesmo. São palavras irrefletidas e sem nexo. Isto revela que as pessoas-martelo são extremamente passionais.

              Acreditam em tudo o que mexe com suas emoções mesmo que seja falso e ardilosamente produzido.  Elas podem se decepcionar profundamente e com frequências nos relacionamentos porque a única voz que escutam é o som dos sentimentos. Entre refletir e sentir, elas sempre preferem a segunda opção.

                3. Pessoas-martelo confundem problemas com pessoas.
                        Pedro e João foram chamados, como também os outros discípulos de Jesus, para refletir o caráter do Mestre em suas palavras e em seus comportamentos. O problema verdadeiro dos samaritanos era a falta de fé – e isso é uma questão que só o Espirito Santo pode resolver.A rejeição era o problema – e isso Deus iria tratar no tempo certo. Como de fato aconteceu através da pregação de Felipe tempos depois, quando a cidade praticamente toda se converteu a Jesus.


                 Mas as pessoas de Samaria não eram o problema, eram apenas pessoas de quem se devia ter compaixão e por quem se devia orar, nada mais. Por isso é que Jesus afirma que veio salvar a vida das pessoas. Porque é preciso aprender a separar o erro daquele que errou, o pecado daquele que pecou, a injustiça da pessoa que a praticou. A pessoa nunca é o verdadeiro problema, e sim, a sua atitude, o seu comportamento, seu jeito de abordar os acontecimentos e as suas reações.

             Pessoas-martelo, ao confundirem pessoas com problemas agem com crueldade porque não dão aos outros a oportunidade de se arrependerem e mudarem de  atitude. Temos que atacar o problema certo se não queremos começar a dar marteladas no dedo, em vez de martelar os pregos.


                Como lidar com pessoas-martelo.
                     A palavra final de Jesus para Tiago e João embasa a maneira como precisamos lidar com aquelas pessoas do nosso circulo de convivência que agem como martelos:

“Voltando-se, porém,  Jesus, repreendeu-os, e disse: Vocês não sabem de que espécie de espírito vocês são, pois o Filho do homem não veio para destruir a vida  dos homens, mas para salvá-los. E foram para outro povoado.”



                       Pessoas-martelo precisam ser repreendidas mas com amor e carinho. È preciso chamar-lhes a atenção para suas atitudes que prejudicam, primeiro a elas mesmas e depois os que estão à sua volta. Como tem dificuldade para escutar é bom não se deixar pressionar por suas palavras, pressa e jogo emocional. Como são dominadas pela emoção, a melhor medida é não perder a paciência com elas e mostrar por meio de argumentos racionais outras opções que elas não estão enxergando. È por isso que Jesus diz que eles não sabem de que espécie de espirito são. Porque o seu Espirito é de amor e não de ódio, de tolerância e não de vingança.


                 Pessoas-martelo precisam aprender que as pessoas são o bem mais precioso que existe, mais até do que qualquer trabalho, tarefa ou responsabilidade. Tiago e João queriam que os samaritanos cressem de qualquer jeito em Jesus, ou  por convicção pessoal ou até pela violência e medo de serem queimados. A tarefa – pregar o Evangelho – estava acima das vidas.



                       Eles não entenderam que odiar alguém é contradizer a própria palavra de Deus que se pretende anunciar. Ajude as pessoas-martelo a valorizar os momentos de conversa, de bate-papo, de convivios informais, para que elas não sacrifiquem pessoas no ambiente de trabalho, nem na igreja, nem na familia.


terça-feira, 17 de abril de 2012

TRENA.



         
                       Pessoas-trena são aquelas que julgam os outros por seus próprios padrões de retidão. Dizem que você sempre está aquém do que deveria, que não se esforçou o suficiente, nem fez o melhor. São perfeccionistas e críticos e se iludem achando que as pessoas estarão se enquadrando no molde que elas próprias construíram. 

                   Pessoas assim julgam os outros com muita rapidez, pois seus critérios não são isentos mas carregados de expectativas que elas criaram sobre o comportamento humano.

 Algumas características presentes nas pessoas-trena: 

1) Toda trena é graduada em metros, centímetros e milímetros. Nada escapa da pessoa que tem este comportamento – são observadores dos mínimos defeitos de tal maneira que nada passa despercebido no seu olhar fiscalizador. 

2) A trena pode ser usada com varias finalidades – desde uso domestico até medições topográficas. Em qualquer lugar e para qualquer objetivo pretendido se usa uma. Pessoas-trena estão presentes em todos os lugares e em todos os relacionamentos. Não há como evita-las, nem como escapar da presença delas.


3) Nas medições a serem feitas a trena sempre parte de um marco zero. A partir daí se mede a extensão que se deseja. Pessoas-trena não precisam de um motivo para medir os outros; elas usam seus marcos-zero, ou seja, mesmo que não achem nada para falar, nenhum motivo verdadeiro, mesmo assim, elas vão continuar medindo os demais.  

Uma das passagens bíblicas que ilustram este tipo de comportamento é uma parábola contada por Jesus sobre a oração de dois homens que certo dia foram ao templo para buscar a Deus. Um era cobrador de impostos, odiado pelos judeus e considerado pagão, ímpio e ateu; e o outro era um fariseu, lider da religião, moralmente ilibado, detalhista com cada aspecto da Lei da Deus.

“Dois homens foram ao templo para orar, um fariseu e um cobrador de impostos. O fariseu, cheio de pose, orava: ‘Oh, Deus! Sou grato por não ser como esse bando de ladrões, trambiqueiros, adúlteros ou como este cobrador de impostos. Sabes que jejuo duas vezes por semana e dou dizimo de toda a minha renda’. Enquanto isso, o cobrador de impostos, de cabeça baixa num canto, com as mãos no rosto, não ousava nem olhar para cima. Apenas dizia: ‘Deus, tem misericórdia! Perdoa este pecador’. Jesus comentou: ‘Quem voltou para casa justificado diante de Deus foi o cobrador de impostos, não o outro. Se você andar por aí de nariz empinado, vai acabar de cara no chão, mas, se com humildade enxergar quem você é, acabará se tornando uma pessoa melhor”.   Lucas 18:9-14.


                   Pessoas-trena agem como o fariseu. Elas agradecem por não fazerem parte da condição humana porque acreditam piamente que são moralmente superiores. E se acham no direito de rotular os outros pelas praticas exteriores que observam: os outros sempre serão a escoria, o pior que o mundo produziu: ladrões, trambiqueiros e adúlteros.

                     Na historia que Jesus conta o fariseu não está orando a Deus – está discursando em voz alta para que o cobrador de impostos escute o que ele pensa sobre suas atividades.

                Pessoas como ele tem dificuldade para olhar o próprio coração e encontrar algum pecado – eles se consideram irrepreensíveis só porque vão aos templos, dão ofertas e cumprem algum mandamento de Deus. Jesus diz que estas pessoas andam com o nariz empinado, pensam que estão em um nível acima da maioria. 

                       O maior perigo para quem age como trena é que fatalmente vai cometer o erro que condena nos outros – a ânsia de culpar e recriminar nada mais é do que um desejo oculto de fazer a mesma coisa que condena:

                         “Se você pensa que está em um nível mais elevado de onde pode apontar o dedo para os outros, esqueça. Cada vez que você critica alguém está se condenando a si mesmo. Voce é tão errado quanto quem você critica. Criticar os outros é uma forma bem conhecida de ignorar os próprios crimes e erros. Mas Deus não é enganado tão facilmente. Ele vê através da cortina de fumaça e o responsabiliza pelo que você faz”.    Romanos 2.1-2.


                      Em segundo lugar, pessoas-trena costumam fazer pose. Jesus diz que o fariseu, ao orar, montou um verdadeiro teatro para representar o que não era diante de Deus. Quando ele diz: “eu não sou como os outros homens” está mentindo.

            Porque ele diz que não é ladrão – Jesus  certa vez condenou os fariseus pela chamada lei de Corbã. Corbâ se referia a algo consagrado a Deus, geralmente uma oferta financeira. Não se podia usar isso em hipótese alguma. Os fariseus então diziam a seus pais: 'não podemos ajudar vocês em nada, não podemos lhes dar um centavo, porque todo nosso dinheiro já está comprometido – ele vai ser dado, inteiro, a Deus. Fazendo isso, eles nem davam nada para Deus, nem ajudavam seus pais em suas necessidades. Punham o dinheiro no bolso e ficavam com tudo. Eram ladrões porque prometiam dar a Deus mas mantinham o dinheiro na sua carteira. E a mesmo tempo agiam com crueldade com os próprios pais.
   
           Fariseus eram também trambiqueiros. Porque eles levavam os animais para serem vendidos no templo para os adoradores e ganhavam muito com isso, cobrando caro por cada animal. Quando Jesus expulsa os vendilhões do templo, que ali faziam este tipo de comercio lucrativo, chama-os de ‘covil de ladroes’. 

             Os fariseus também eram adúlteros – quando eles levam a mulher apanhada em adultério para ser apedrejada, e quando Jesus diz que, quem não tiver pecado atire a primeira pedra, ele, provavelmente quis dizer, ‘quem não tiver cometido o mesmo pecado que ela cometeu'. E os fariseus vão embora calados, a começar dos mais velhos. O que choca não é que o ser humano possa se tornar ladrão, trambiqueiro e adultero – o que choca é um religioso atirar pedras nos outros dizendo que nunca fez isso na vida.

                  Como conviver com pessoas-trena.

           A oração do cobrador de impostos é o ensino sobre como lidar com este tipo de comportamento. Em primeiro lugar o texto diz que ele ‘cobre o rosto com as mãos’. 

          Ou seja, ele se recusa a usar a mesma ferramenta que seu acusador. Quando cobre o próprio rosto, o cobrador de impostos não ousa medir-se por mais ninguém, nem se achar melhor – ele se conhece e sabe que Deus o conhece muito bem. Por isso não refuta a condenação que o fariseu faz sobre ele – o fariseu o chamou de pecador, e ele concorda – não é preciso dizer isso, ele já sabe que é.  


            Portanto, não entre no jogo da trena – não tente argumentar com quem age deste modo, é simplesmente ineficaz. A melhor medida para conviver com uma pessoa-trena é entender que, tudo o que ela condena em você, na verdade está recriminando em si mesma – ela só não tem a coragem de assumir. 

                Ela não tem autoridade moral mas você não precisa faze-la ficar quieta – simplesmente ignore, faça como o cobrador de impostos – com a mão no rosto – o que importa é o que Deus está vendo no meu coração e não o que outro está dizendo ver no meu comportamento.

            Em segundo lugar, ore pela pessoa-trena. Tenha compaixão dela. Ela está profundamente perdida e enganada. Está sabotando a si mesma. Pensa que é aquilo que não consegue ser. Finge o tempo todo uma vida que lhe disseram que ela tem que viver, mas que, até agora não decidiu se quer mesmo abraçar.

         Não temos que odiar uma pessoa-trena, temos que ter misericórdia dela. Está sofrendo muito porque não enxerga a própria condição e está transitando em um caminho de mentiras reforçadas, tentando se convencer de que tudo que imagina é real mas iludida em suas próprias neuroses.

           Ao orar e ter piedade da pessoa-trena você vai ajuda-la a ser menos rígida consigo mesma e com os outros, vai colaborar para que ela aprenda a celebrar a vida e não apenas cumprir metas e compromissos.


         Em terceiro lugar entenda que pessoas-trena ainda não amadureceram emocionalmente. O cobrador de impostos ao assumir seus pecados tem mais consciência da sua humanidade que o fariseu. Este se nega a confessar a Deus qualquer deslize ou erro. Não que não os tivesse – mas que se julgava melhor que a maioria – essa é uma atitude própria de quem não cresceu, ainda não se tornou adulto. 

             Somente os adultos sabem respeitar os diferentes; não andam de nariz empinado; não pensam que são uma categoria superior de ser humano na terra. Os adultos são humildes, são amigáveis, são compreensivos e pacientes. Quem aponta o dedo e condena ainda age como criança – vive no mundo da fantasia – ‘o mundo deveria ser assim’ – já os adultos estão orando e trabalhando para Deus transformar esta miséria humana em gloria.

          Convide-as a fazer algo de pratico toda vez que elas ficarem ao seu lado só para apontar defeitos e reclamar das coisas. De-lhes algo para fazer enquanto elas discursam. Fazendo isso, você estará ajudando-as a crescer e a ver a vida sob a ótica da ação, da atitude, do compromisso pratico.

terça-feira, 10 de abril de 2012

LIXA


Pessoas são como ferramentas nas mãos do Carpinteiro- Jesus. Elas não estão em nossas vidas para nos prejudicar, mas apenas para serem usadas na obra que ele deseja fazer em nós. Existem pessoas que funcionam como lixa - são ásperas e nem sempre o convivio com elas é suave - mas qual será a finalidade delas estarem ali?

Uma das historias bíblicas que mais evidenciam como lidarmos com esta obra da lixa em nossas vidas é o relato sobre os irmãos Esau e Jacó e o processo que ambos sofreram de atrito, passando da inimizade e ódio para o perdão e o amor. Tudo graças à ação da lixa e do carpinteiro-Deus. O livro de Genesis lembra que Jacó enganou seu irmão e seu pai para ficar com a benção da primogenitura(benção de Deus que garantia saúde, prosperidade e paz). Ao perceber que foi enganado Esaú começa a perseguir Jacó durante anos com o único objetivo de mata-lo. Enquanto Jacó constrói sua vida, casa e prospera, ele nunca deixa de viver com medo, temendo que a qualquer instante tenha que encarar o irmão novamente. Deus utiliza este ódio de Esaú como lixa porque o caráter de Jacó era indigno de alguém que andava com Deus.

Sua função era compor a linhagem dos patriarcas e dar nome ao povo de Deus. Ele seria o principal nome na genealogia humana de Jesus. Mas seu nome era Jacó, trapaceiro e enganador. Como ele se tornaria Israel, o que prevalece com Deus? Deus usou a pessoa de Esaú e as circunstancias na vida de Jacó para transforma-lo em pelo menos 3 ocasiões: a primeira, quando ele se torna empregado do sogro; a segunda, quando ele atravessa um lugar chamado ‘Jaboque’ ; e a terceira quando ele se reencontra, cara a cara, com Esaú depois de anos.

Jacó quando se casa é enganado pelo sogro, Labão. Ele havia trabalhado sete anos em troca da mão de sua amada. Mas no dia das nupcias, o sogro lhe dá a irmã. Jacó fica irado, mas Labão diz que, se ele quiser Raquel, a amada, terá que trabalhar mais sete anos. E Jacó assim procede. O proprio sogro lhe passou a perna. Labão foi a primeira lixa na vida de Jacó. Mas o proprio Jacó tinha enganado o pai e o irmão para ficar com a benção que não lhe pertencia. A trapaça que ele fez com o irmão, o sogro, anos depois, fez com ele. Essa é a função da lixa - revelar quem é que nós somos de verdade e nos ajudar a mudar o nosso comportamento.

A segunda passagem na vida de Jacó acontece quando ele tem que atravessar uma região chamada Jaboque. Ele passa por um vale sozinho, e no meio da noite um anjo de Deus barra o seu caminho e começa a lutar com ele. A briga vai até o amanhecer. O anjo fere a sua coxa e Jacó sai mancando daquela experiencia. O anjo muda seu nome de 'Jacó'(trapaceiro) para 'Israel'(o que luta com Deus). Por anos Jacó conseguiu fugir do irmão, mas Deus o interceptou e brigou com ele, deixando-lhe uma marca permanente daquele encontro. A segunda lixa na vida de Jacó foi o proprio Deus. Todos nós, cedo ou tarde, temos que nos encontrar com Ele. Este encontro pode ser suave ou doloroso - como dizem, 'por amor ou pela dor' - mas nunca mais vamos nos esquecer daquele dia. E nossa vida vai mudar radicalmente depois deste encontro - porque, quem se encontra com Deus não pode mais agir como trapaceiro, mentiroso e aproveitador.

A terceira passagem na vida de Jacó ocorre quando, depois de muitos anos, ele se reencontra com Esaú. A surpresa, porém, é que Esaú já não quer mata-lo. Ele está pacificado e abraça Jacó, lhe dando um beijo fraternal. Jacó diz que o rosto do irmão é como o rosto de Deus. Os dois fazem as pazes e prosseguem pela vida mais unidos do que nunca. Esta foi a terceira lixa na experiencia de Jacó - ficar cara a cara com o irmão que o perseguiu durante anos até acha-lo. Mas Deus trabalhou, tanto em Jacó como em Esaú. Não há mais ódio, nem desejo de vingança, mas somente amor. 

Ou voce acha que  a lixa vai apenas ferir?  A lixa, na verdade, é uma grande surpresa. De repente pensamos que só estamos sofrendo e sendo feridos, mas um certo dia Deus nos surpreende com a restauração plena de tudo que antes nos atormentava. Depois de lixado Jacó foi trazido por Deus a um novo tempo de paz, sossego e amizade. Não precisava mais fugir, nem viver estressado e amedrontado.

Quando Deus passa a sua lixa em nós é para nos transformar conforme ele deseja. Mas, depois que ele faz isso, vem o tempo da celebração, o tempo do refrigerio, onde vamos dizer que valeu a pena tudo que passamos, porque agora tudo está melhor do que antes.

Se este tempo ainda não chegou para voce, não desanime. Ele está próximo, falta apenas a conclusão daquilo que Deus está fazendo em alguma área do seu carater. Depois, tenha a certeza disso, será o tempo da festa e da alegria plena.



1.    

terça-feira, 3 de abril de 2012

PÁSCOA.

         
                    Todos dizem que na época da Páscoa é momento de lembrar da morte de Jesus e da sua posterior ressurreição. Alguns menos avisados mesclam o paganismo cultural com os fatos do cristianismo e associam o ovo com o renascimento da vida, o ressurgimento de coisas que se julgava perdidas.        

                      Mesmo entre os cristãos a Páscoa pode ficar no nível da mera liturgia. A celebração de um culto que recorde os últimos eventos da vida do Salvador e sua volta corporal à vida depois de três dias. E entre ovos de chocolate, coelhos e outros símbolos, a pessoa de Jesus se torna apenas uma referência de superação: da morte, da desilusão, da tristeza. 

                 Para mim, celebrar a Páscoa não é nada de extraordinário e especial. Talvez porque eu tenho aprendido que, para Deus, todos os dias são iguais e que viver com Ele não é uma questão de marcar datas comemorativas e cultos especiais em dias santos. 

                         Jesus disse, depois da sua ressurreição e antes da volta ao Pai na eternidade, que enviaria o Espirito Santo, sua presença e atuação, para estar para sempre conosco, todos os dias, até a consumação de todas as coisas. Assim, ele sempre está presente todos os dias da minha vida, desde quando eu acordo e durmo, de segunda a segunda. 

                         Dificilmente eu marco um dia especial para agradecer pela sua ressurreição porque, para mim, ele está vivo e presente de maneira tão real, que fica meio sem sentido agradecer por uma pessoa ressuscitar se voce a sente e vive com ela todo dia. Seria como agradecer a meu filho por ele estar vivo e fazer uma festa só por este motivo. Ora, eu comemoro meu filho todos os dias, vivo com ele em todas as horas, durmo e acordo na sua companhia. 

                              Jesus para mim ressuscitou cerca de dois mil anos atrás e, desde então, continua vivo e presente na historia e no mundo. Ele não ressuscita a cada páscoa nem morre a cada sexta-feira santa. Ele tem sido meu amigo e confidente, meu Senhor e mentor, a quem eu sirvo por causa do chamado que Ele me fez desde quando eu tinha cerca de 21 anos. 

                            Desde então, nao se passa um só dia em que eu não fale com Ele, não o sinta nas minhas emoções, não o perceba nos acontecimentos bons e tristes, e não seja renovado diariamente para ama-lo de forma mais madura. Tudo bem se você comemora a Páscoa com celebrações especificas, nada contra.

                       Eu só acho que Jesus é uma pessoa tão real e viva que não tem sentido ficar uma sexta-feira sem comer carne vermelha e em silencio porque 'ele morreu neste dia'. Ele está vivo, para que chorar e deixar de fazer churrasco?

                      Viva na certeza de que ele realmente está presente na sua vida, todos os dias do ano, atuando em cada questão, da mais prazerosa ao momento mais difícil. 

                    O importante da Páscoa não é a data - é a boa noticia de que Jesus continua vivo e disposto a dirigir a vida de todo aquele que descobrir que ele não é uma lenda, nem um simbolo, mas o Filho de Deus que vem nos trazer um modo melhor e mais saudável de viver.