terça-feira, 28 de janeiro de 2014

SINTONIA.




        'Abençoados são vocês, que puseram em ordem seu mundo interior, com a mente e o coração no lugar certo. Assim, vocês poderão ver Deus no mundo exterior'.  Mateus 5.8.

           Eu nem sempre acredito em mim.
           Porque tenho a mania de fazer leituras muito exageradas sobre determinados assuntos e acontecimentos. A polarização na direção do lado apenas ruim, eu confesso, me assalta de tempos em tempos. 

             Então eu percebo que isso acontece nos momentos em que meu mundo interior está sobrecarregado de desconfiança, pessimismo, medo, insegurança, crítica maldosa e irritação.
          É porque meu interior está assim que eu vejo o exterior de uma forma apenas negativa.

          Os acontecimentos, em si, são neutros. 
          Tenho percebido que algumas pessoas conseguem tirar lições de superação quando as coisas não vão bem, e que elas entendem, de alguma maneira, que Deus tem um propósito por trás das suas lutas.
    
           É isso que me ajuda a fazer como elas - não exagerar no tamanho do problema.
Então, conforme Jesus diz, nós sofremos de uma desesperança e desânimo em alguns momentos não por conta dos eventos que sucedem, mas sim desta desordem interior na nossa alma. 

           Nestas horas é preciso colocarmos nossa mente e coração no lugar certo. O lugar certo é justamente a perspectiva da Redenção de todas as coisas por Cristo. A garantia de que ele reina sobre toda a História e acima de toda a desordem a que estamos sujeitos.

          Em oração com ele eu readquiro a capacidade de enxerga-lo no mundo exterior, nas circunstâncias da vida. Isso então me leva do cansaço à vitalidade. Reacende em mim a vontade de viver e prosseguir. Reforça meus alicerces espirituais e emocionais.

          Convido você a resgatar seu mundo interior desta sintonia desafinada.
         Não é porque a vida está difícil que você está triste.
         É porque seu interior está fora de sintonia com Deus.
         Fale com ele e recupere a capacidade de percebê-lo no seu cotidiano, por trás do cenário de tudo que acontece. As ondas do rádio podem ser transmitidas por uma potente antena. Mas, se não giramos o botão naquela faixa, ouviremos apenas ruídos desconexos.
          Sintonize seu coração a Deus e ouça a melodia que ele produz, que espanta todo o mal e acalma a mente aflita.


terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Rolezinhos.

        







                      O sociólogo polonês, Zygmunt Bauman diz que, durante o tempo dos regimes totalitários, nós, com muita tranquilidade, negociávamos nossa liberdade em troca da segurança. Num mundo, então, dominado pelo espirito da guerra fria, onde ainda se temia a ameaça das armas nucleares e o mau humor imprevisível dos ditadores, era mais importante ter a garantia de sobreviver do que ter o pleno direito de exercer a liberdade em todos os seus níveis.

                  Após a queda do muro de Berlim e a reunificação das Alemanhas, houve uma drástica alteração no cenário. Já não havia mais motivos para tanto medo, não precisávamos de tanta segurança quanto antes, e agora, nós decidimos trocar a segurança pela liberdade. Podiamos fazer o que quiséssemos, dizer o que pensávamos, e soltar as amarras das coisas reprimidas.

                    Esse período coincidiu com o advento da Internet, e gradativamente, o tamanho do mundo ficou menor. Hoje nós vivemos em um mundo pequeno, porque tudo o que acontece na Malásia afeta diretamente as ruas de São Paulo. È a era da explosão dos fenômenos musicais como o coreano 'Psy' e tantos outros que, de uma hora para outra, são conhecido no mundo inteiro, não necessariamente por uma relevante contribuição á melhora social, mas pelo fato de que receberam milhares de compartilhamentos e curtidas nas redes sociais.

             Daí para o atual fenômeno dos 'rolezinhos' em São Paulo e agora já por todo o país.
             Essa juventude que marca os encontros pelo Facebook não tem nada a dizer de importante e que possa mudar aquilo que não funciona no Brasil. Eles não reivindicam a justiça, a ética governamental; não estão denunciando as fraudes, nem clamando pelo fim da corrupção. Não se movimentam em prol dos excluídos e dos miseráveis da nação.  

           Eu assisti á ultima reportagem sobre o fenômeno, onde alguns manifestantes carregavam faixas exigindo o 'fim do apartheid'. Eu só pude rir da ignorância. Ignorância histórica, de confundir o que aconteceu na Africa do Sul com uma justa proibição de baderneiros danificarem a coisa publica.Não há no movimento qualquer plataforma racional e planejada em prol dos direitos humanos. 

      Alguns estão dizendo que os 'poderosos' estão proibindo os 'pobres' de entrar em lugares sofisticados. Mas, veja a foto acima, de alguns integrantes do movimento detidos pela Policia. Estes pares de tênis parecem de gente 'pobre'?

           O que há é apenas o convite para ser fotografado em ação e depois postar isso na rede social. O que há é o desejo de viver a liberdade de ser notado, percebido e comentado, mesmo que por fazer coisas sem qualquer importância. È por isso que a policia não sabe ao certo o que fazer, nem o Estado. Porque não se pede segurança, o que se busca é liberdade. 

             Mas a liberdade sem diretriz alguma se converte em desordem, como aí está o que se assiste.
            Nos tempos sombrios da União Soviética, Lênin costumava dizer: 'Liberdade é bom, mas o controle é melhor'. A pergunta, para aquele cenário, era: ' E quem controla os controladores'?
           A pergunta hoje, eu acho, seria: 'Quem controla a liberdade'?

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Semana-Tranquila: SONHANDO ACORDADO.

Semana-Tranquila: SONHANDO ACORDADO.:             Um dia após a entrada de 2014, como eu procuro fazer todas as noites, caminhava pelas ruas do condomínio onde moro com um gu...

SONHANDO ACORDADO.



            Um dia após a entrada de 2014, como eu procuro fazer todas as noites, caminhava pelas ruas do condomínio onde moro com um guarda-chuvas aberto, acolhendo as gotas de uma chuva suave que caía. Tudo era silencio, em nada semelhante à virada do ano, onde fogos, morteiros e outros barulhos dominavam a cena e calavam o silencio. Passei a refletir então que cada entrada de ano é saudada com muito barulho e não com silencio.

      Que os decibéis são para nós mais relevantes  que a quietude. Porque a festa comemora mas o silencio reflete. A festa coloca para fora nossos medos e nos força parar de pensar. Mas o silencio nos ativa a meditação, a oração com Deus, a descoberta do verdadeiro sentido de tudo e o caminho para encarar a vida de maneira adequada.

       Imaginei uma cena durante a caminhada. Me vi passando o ano novo em uma região do sertão semiárido, a centenas de quilômetros da cidade mais próxima. Um lugar em que não chove durante todo o ano, em que raras são as vezes onde a chuva é saudada com festa.

     Uma família com poucos recursos na mesa. Uma vela acesa na casa, sem eletricidade. Todos conversam sobre como foi o ano de cada um. Há um misto de esperança e ansiedade no ar. A plantação, conseguida com ajuda de recursos de amigos e entidades sociais não oficiais, viceja teimosa no meio do nada - mandioca para fazer farinha. Aliás, a farinha é a principal dieta da casa durante todo o ano. 

         Deixo todos conversando e saio para o terreno. Contemplo um céu cheio de estrelas, no silencio do nada. Percebo que aquele é um solo sagrado, porque ele permite perceber a presença de Deus mesmo na falta, na carência, na repetição da mesma comida. Por incrível que pareça, as crianças da casa estão brincando - correm atrás dos pequenos lagartos que povoam a região. Jogam pedrinhas para ver quem atira mais longe. 

       È a nova geração que cresce por ali, acostumada ao pouco, mas feliz pelo sossego e a percepção da providencia divina. Todos que ali vivem repetem o rito dos antepassados - os bisavós cresceram ali e também fizeram sua vida naquele lugar.

         E as gerações continuam a se estabelecer neste solo esquecido do País. Volto para dentro da casa. Eles estão orando ao Deus Criador, pedindo que 2014 seja um ano em que nada lhes falte. Eles são realistas - não pedem abundância, nem mesmo a chance de que o Estado Brasileiro passe por lá para dar uma ajuda. Eles pedem apenas que eles e seus filhos sobrevivam à seca, à estiagem e as dificuldades inerentes da existência.

          Me despeço, não sem antes lembrar que, há poucas horas eu tinha comido a minha farta ceia de ano novo, tinha ouvido e visto fogos lindíssimos rasgarem o céu. Que tinha abraçado minha família e desejado votos de um feliz ano novo. Mas, estranhamente, meu coração sentia mais a presença de Deus naquele lugar esquecido, abandonado por homens, mas visitado todos os dias pela fiel provisão do Criador.

        Lugar de silencio, de realidade assumida, de coragem para encarar desafios, e, sobretudo, espaço onde Deus é adorado como em nenhum outro lugar.