terça-feira, 21 de janeiro de 2014
Rolezinhos.
O sociólogo polonês, Zygmunt Bauman diz que, durante o tempo dos regimes totalitários, nós, com muita tranquilidade, negociávamos nossa liberdade em troca da segurança. Num mundo, então, dominado pelo espirito da guerra fria, onde ainda se temia a ameaça das armas nucleares e o mau humor imprevisível dos ditadores, era mais importante ter a garantia de sobreviver do que ter o pleno direito de exercer a liberdade em todos os seus níveis.
Após a queda do muro de Berlim e a reunificação das Alemanhas, houve uma drástica alteração no cenário. Já não havia mais motivos para tanto medo, não precisávamos de tanta segurança quanto antes, e agora, nós decidimos trocar a segurança pela liberdade. Podiamos fazer o que quiséssemos, dizer o que pensávamos, e soltar as amarras das coisas reprimidas.
Esse período coincidiu com o advento da Internet, e gradativamente, o tamanho do mundo ficou menor. Hoje nós vivemos em um mundo pequeno, porque tudo o que acontece na Malásia afeta diretamente as ruas de São Paulo. È a era da explosão dos fenômenos musicais como o coreano 'Psy' e tantos outros que, de uma hora para outra, são conhecido no mundo inteiro, não necessariamente por uma relevante contribuição á melhora social, mas pelo fato de que receberam milhares de compartilhamentos e curtidas nas redes sociais.
Daí para o atual fenômeno dos 'rolezinhos' em São Paulo e agora já por todo o país.
Essa juventude que marca os encontros pelo Facebook não tem nada a dizer de importante e que possa mudar aquilo que não funciona no Brasil. Eles não reivindicam a justiça, a ética governamental; não estão denunciando as fraudes, nem clamando pelo fim da corrupção. Não se movimentam em prol dos excluídos e dos miseráveis da nação.
Eu assisti á ultima reportagem sobre o fenômeno, onde alguns manifestantes carregavam faixas exigindo o 'fim do apartheid'. Eu só pude rir da ignorância. Ignorância histórica, de confundir o que aconteceu na Africa do Sul com uma justa proibição de baderneiros danificarem a coisa publica.Não há no movimento qualquer plataforma racional e planejada em prol dos direitos humanos.
Alguns estão dizendo que os 'poderosos' estão proibindo os 'pobres' de entrar em lugares sofisticados. Mas, veja a foto acima, de alguns integrantes do movimento detidos pela Policia. Estes pares de tênis parecem de gente 'pobre'?
O que há é apenas o convite para ser fotografado em ação e depois postar isso na rede social. O que há é o desejo de viver a liberdade de ser notado, percebido e comentado, mesmo que por fazer coisas sem qualquer importância. È por isso que a policia não sabe ao certo o que fazer, nem o Estado. Porque não se pede segurança, o que se busca é liberdade.
Mas a liberdade sem diretriz alguma se converte em desordem, como aí está o que se assiste.
Nos tempos sombrios da União Soviética, Lênin costumava dizer: 'Liberdade é bom, mas o controle é melhor'. A pergunta, para aquele cenário, era: ' E quem controla os controladores'?
A pergunta hoje, eu acho, seria: 'Quem controla a liberdade'?
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