quinta-feira, 17 de abril de 2014
EU e TU .
È atribuída a Jean Paul Sartre a frase: 'O inferno são os outros'.
O que equivale a dizer que eu sou o céu.
A perturbação da ordem reinante em minha vida por intermédio de alguma atitude do outro traz mais do que desconforto, me lança do paraíso da serenidade ao inferno da irritação.
O outro sempre foi, historicamente, um problema. Desde que Deus criou Eva, e ela fez o que não devia incluindo Adão no seu mal feito, passou a ser tida como inoportuna e inadequada para aquela relação, uma verdadeira dor-de-cabeça para um ser que antes estava muito bem solitário.
Caim e Abel foram envolvidos na insuportabilidade da presença do outro. A morte de um é justificada pela falta de tolerância e de convivência do outro.
Esse conflito do Eu e Tu perpassa as histórias sequentes do Antigo Testamento. È um verdadeiro conflito atrás do outro permeado, no entanto, sempre pela introdução de algum atitude de Deus para estabelecer a harmonia e resgatar a amizade.
Até que Jesus vem ao mundo.
A partir daí ele encarna em sua pessoa o lado do problema, a nossa total humanidade, mas permanece com a solução da redenção, por ser divino. Em uma mesma pessoa temos a doença e a cura; o conflito e a paz; a perdição e a salvação. Paulo irá dizer que ele 'se fez maldiçao em nosso lugar'. Embora nunca tenha pecado, carregou todos eles sobre a cruz.
O efeito desta sua obra temos no ato de que a volta para Deus, que é também chamada de conversão, nos ajuda a conviver conscientes da fraqueza mas também da possibilidade. Olhamos agora uns para os outros e enxergamos neles mais de Cristo do que do antigo inferno. De agora em diante o inferno não são os outros mas apenas a indisposição de entender que nós criamos um inferno em nós todas as vezes em que não queremos deixar para lá uma ofensa, não sobrepujamos a agressão com a Graça.
O inferno está em Caim depois do assassinato - a sua incapacidade de lidar com aquilo.
O inferno está em Judas, por não conseguir mais falar com Jesus depois da traição.
O inferno está em você, se não é capaz de levar sua culpa a Deus para obter perdão.
Não, o inferno não são os outros.
O inferno pode ser eu mesmo.
Mas é possivel sair dele.
Basta amar aquele que trouxe perdão para cada ofensa, e paz para cada conflito.
Entre o Eu e o Tu, precisamos da terceira pessoa: Ele.
Somente assim podem vir dias melhores para o grande desafio das nossas relações.
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