Desde muito cedo eu desenvolvi gosto pelos gibis.
Os vídeo-games eram caros e inacessíveis para a maioria das
crianças, só tínhamos mesmo a TV como opção, o que, numa família grande,
representava quase nenhuma opção para menores.
Então eu me divertia lendo os quadrinhos. Uma opção barata,
fácil de achar, além do fato de que perto de minha casa havia um sebo para onde
eu sempre ia troca-los. Tinha também um amigo com o mesmo gosto a poucas casas
de distância. Para lá eu levava meus tesouros e trocava com aqueles que não
tinha ainda desfrutado.
Juntava muitos deles desde os 7 anos o que desenvolveu em
mim o gosto pelas letras. Mais pelos quadrinhos do que pelas letras eu diria.
Coloridos, em branco e preto, de vários gêneros e de diversos lugares e
autores. Sempre fui eclético com meus gibis, nunca optei por apenas uma linha.
Depois passei para o primeiro livro, um desafio de
imaginação já que não havia desenhos, apenas letras. Eu agora tinha que supor a
cena descrita pelo autor. Minha mente viajava do mesmo jeito e a meta era
concluir a obra toda só para começar outro. Confesso que ainda leio os
quadrinhos mas não com a frequência e gosto que tinha antes.
Engraçado, hoje
ele parece maçante e o livro delicioso;
antes o livro me era maçante e o quadrinho surpreendente.
Mas uma coisa nunca perdi – o prazer da leitura que desperta
o sonhar, o imaginar, o viajar para perto e para longe.
Nunca saí do Brasil mas
conheci reinos mitológicos, impérios
antigos, civilizações primitivas e a Terra do Nunca.
Dizem que a leitura nos permite ampliar o tamanho da janela
da vida. Quem lê está sempre trocando de janelas porque sempre precisa de uma
que seja maior. Tem sido assim comigo.
E cada vez mais eu percebo como o mundo
é imenso, quanto mistério ainda existe, quão grande Deus é ao se expressar por simples letras, e quão maravilhoso
é o convívio com as pessoas. È das
leituras e da observação que eu trago tudo isso.
Por isso tenho aquela mania estranha de, ao comprar um
livro, cheirá-lo por dentro. Para mim, são mais do que palavras, há uma
essência, uma vida, um sabor em cada obra.
Deus certa vez disse ao seu profeta:
‘Toma este livro e come-o, o seu gosto será doce ao seu paladar’. Há mesmo um
poder nas palavras porque elas nunca estão isentas de vivências, sentidos,
afetos e ternura.
Um pouco do outro é transmitido para nós quando usamos
palavras, sejam ditas ou escritas. E sempre ficamos mais ricos de alma quando
tudo isso é aceito com simplicidade, num intercâmbio frequente entre autores e
leitores.
Desejo que você também descubra este prazer. Ele não custa
caro e traz benefícios para toda a sua vida.
By Caleb Mattos.