terça-feira, 24 de maio de 2016

Uma pequena história de superação.





No livro bíblico de 1 Crônicas eu encontrei um personagem de nome Efraim.
Descobri que seu nome significa ‘prosperidade’.
Este homem teve dois filhos aos quais deu o nome de: Ezer (meu tesouro) e Eleade( Deus é minha testemunha). 

Tudo lhe corria bem na vida em todos os sentidos, até que uma tragédia iria mudar radicalmente seu coração e sua percepção da história.
Seus dois filhos são atacados numa tentativa de assalto, quando homens de Gate tentam roubar seus rebanhos. Na luta ambos são mortos no mesmo dia.

Efraim, o próspero, está desolado. Chora por muitos dias e mesmo com a presença de seus parentes que tentam consolar, nada muda no seu coração. Ele se entrega á dor e amargura.

Mas em toda história de sofrimento há Deus. E em breve as coisas começarão a mudar mesmo sem nenhuma reação positiva de Efraim. Ele se deita com sua esposa e ela engravida de mais um filho.

Motivo de festa. Tempo de renovo. Hora de jubilo. Fim da tristeza. Certo?
Não.
O homem prospero continua desolado e olhando para o retrovisor da sua vida.
Ao nascer-lhe o filho ele mesmo o batiza com um nome nada agradável: Berias. 

E faz questão de explicar a razão deste nome: ‘porque tinha acontecido uma desgraça em sua família’. O nome Berias quer dizer ‘desgraça’.

Dá para imaginar uma criança, que não tem culpa alguma do que aconteceu com seu pai, receber tal nome de ‘desgraça’? Imagine-a na escola sofrendo bullying apenas por seu nome. Olhe um pouco mais á frente, sua juventude, sua fase adulta. O que será desta criança que carrega na cédula de identidade e no seu coração uma carga negativa de desgraças? O que será de um desgraçado ao longo da sua história?

O tempo passa... Mas passa com a ação de Deus.
Berias conhece uma linda moça e se casa. Nasce o seu primeiro filho e ele lhe dá o nome de ‘Rafá’. Este nome hebraico significa ‘cura’. Deus esteve agindo o tempo todo neste rapaz, o ‘desgraçado’, a despeito da sua herança familiar. Ele se sente curado do seu passado e chama seu filho de ‘cura’, testemunhando o que Deus lhe fez.

Daí para a frente seus netos irão receber nomes significativos: Ladã( por as coisas em ordem), Resefe( recomeço) e Num( futuro).
E  bem lá na frente há um descendente que se chama Josué ( o Senhor salva ).

Eu não conheço a sua historia. Mas pode ser que tenha recebido uma série de palavras ao longo da vida que depunham contra sua possibilidade de ser feliz; que acusavam você de não conseguir ser alguém abençoado; que prometiam que você seria uma desgraça.

Mas eu o convido a esperar a ação de Deus. Ele atua na Historia. È só uma questão de tempo para ele reverter tudo que foi ruim em algo da maior excelência. Confie nele, mas também, faça uma coisa você mesmo.

Não deixe, como Berias, que aquilo que disseram seja seu destino.
Lembre que o desgraçado não viveu uma vida sem graça e sem sonhos.

Ele fez questão de honrar seu primeiro filho com o nome de ‘cura’. E assim ele quebrou toda esta influencia nociva da amargura incurada de seu pai. 

Faça o mesmo por você. E acredite que em pouco tempo você e sua descendência serão bem aventurados porque acreditaram mais nas palavras de Deus do que nas palavras repletas de feridas de pessoas.
Caleb Mattos.

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Comer e viver.






‘Levante-se e coma, pois a sua viagem será muito longa’. 1 Reis 19:7
Elias no caminho da fuga recebe a ordem para comer. O motivo é simples: falta ainda muito para ele viver na sua longa jornada. Para ir até o fim ele precisava cuidar-se. Seu corpo era tão fundamental quanto sua alma. Mesmo sendo um profeta o anjo que lhe traz a comida não considera que lhe basta somente o espírito. O corpo é o invólucro que guarnece o seu bem mais precioso. E comer é o que o mantém funcionando. 

Dizia o poeta que ‘na idade em que estou aparecem os tiques, as manias’. E com estes parece que a fome também aumenta. Luto para comer menos, para manter o peso ideal, foco nas atividades físicas. Mas a fome parece que é mais intensa á medida em que envelheço. Me recordo da minha juventude quando nem tempo arrumava para comer. Alimentação era desnecessária, o tempo era o bem mais valioso e parar para fazer uma refeição decente era inconcebível. 

Comia de tudo, comia na rua, nos antigos hamburgueiros da cidade, aqueles lanches recheados de bacon cujo aroma você podia sentir a quarteirões de distância. Amava as pizzas, a coca-cola, os doces, mas tudo era engolido sem saborear nada. Tinha a impressão que meu estômago nem absorvia  coisa alguma porque o cérebro estava focado não no comer, mas no aproveitar cada segundo, cada minuto. Hoje a vida já não é mais tão corrida como antes e eu sou lembrado o tempo todo para cuidar da saúde porque é o único bem que me permite fazer todo o resto. 

Sem ela não há projeto, nem sonhos, nem sabor. Hoje como menos mas com gosto. Voltei ao prazer do arroz com feijão sempre com farinha de milho. Como feijão até de noite, coisa que nunca tinha feito antes. E durmo bem mesmo assim. Amo as bananas e delas me sacio o dia todo, ás vezes até mais de duas por dia. Estou em viagem, como Elias. O caminho é longo, como o dele. 

Mas eu não faço mais aquelas loucuras da juventude, o ato de comer o tempo e deixar o corpo pagar a conta depois. Meu corpo tem tanto valor quanto minha alma. Nele habita o Santo Espírito. E toda vez que ele pede comida, eu o sirvo com prazer. Aprendi com Salomão esta máxima: ‘Descobri que o melhor é ir tocando a vida, divertir-se e aproveitar ao máximo. Em resumo: comer e beber do bom e do melhor e tirar o que puder do próprio trabalho. Esse é o presente de Deus’. Eclesiastes 3:13.

Agradeço a Deus pelo prazer de comer.
Caleb Mattos.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Complexo de Brasil.





Foi Carl Jung quem começou a perceber que algumas palavras indutoras provocavam reações perturbadoras que revelavam o contato com conteúdos emocionais ocultos e são estes conteúdos que Jung denominou “complexos”. Basta tocar em uma palavra associada a um conteúdo emocional e pronto: surge a noção e vivência de um complexo.

Parece que, dados os últimos acontecimentos que se estabelecem no País, com a possibilidade do impedimento de Dilma e um ‘novo’ governo de Temer, já aliado aos salvadores da nação de outrora, os tucanos, parte dos brasileiros enxergam que agora teremos um novo momento, feliz, próspero, como aconteceu no surgimento do Plano Real. Retornaremos àquela realidade e conquistaremos de volta tudo que nos foi tirado pelos vermelhos.

Mas outra parte da nação segue desacreditando. Estes são os que possuem complexo de Brasil. Basta falar qualquer palavra associada ao País que eles sentem-se mal: educação, saúde, segurança, economia, politica. Muitos de nossos compatriotas realmente acreditam que a melhor saída para o Brasil é o aeroporto.

Inocentemente pensam que europeus, asiáticos, norte-americanos, são a resposta de tudo o que de melhor se espera. O paraíso já não é mais perdido, como dizia John Milton, o paraíso é qualquer lugar fora do Brasil. Pode ser até o Caribe ou a Argentina. Mas aqui não há mais a mínima chance de dar certo.

Eu quero dizer que nunca saí do Brasil, nem a passeio. Não conheço nem o Paraguai para terem uma idéia. Há lugares no Brasil que ainda não visitei e nem sei se o farei. Por isso o que escrevo pode ser lido por alguns como suspeito, vindo de alguém que não conhece as nações tidas como desenvolvidas e de ‘primeiro mundo’. 

Mas eu confesso que sempre desconfiei desta frase: ‘primeiro mundo’. Porque quem é que estabeleceu isso? De onde surgiram estas hierarquias de pódio? O que é ser um país de primeiro, de segundo ou de terceiro mundo? Aliás, de que mundo estamos falando?

Na maior parte das vezes se usa estas categorias como comparativas. Isto é, o que falta aqui, sobra por lá. E como não podia deixar de ser o critério de medição é sempre econômico. Julgamos que o melhor país é aquele em que todos tem acesso a tudo e cuja renda per capita é a maior de todos os demais.

No entanto eu, como cristão, aprendi que os valores da vida não se medem pela carteira. Mas sim por realidades que a calculadora não consegue somar. Se o Brasil é o pior lugar do mundo isso é uma afirmação que se baseia mais na insatisfação pessoal do que no critério da verdade. Porque os que não resolveram seus dilemas internos, suas emoções afetadas, é que sofrem deste ‘complexo de Brasil’.

O pior é que repetimos discursos de outros e não pensamos mais com nosso próprio raciocínio. È porque ouvimos coisas negativas demais na mídia sobre a nação que muitas vezes repassamos aos outros a idéia de que tudo aqui não vale, de que não existe nada de bom, de que este não é um lugar para se viver.

Mas, você se lembra da Alemanha durante o regime nazista? Quem diria que lá era um bom lugar para se viver naquele tempo? Ou no Japão destruído pelas bombas? Ou na Espanha dominada pelo ETA? Ou na Colômbia apavorada por Escobar? Ou na Irlanda, alvo do IRA? Ou nos Estados Unidos quando caíram as torres gêmeas?
Quem, naqueles períodos, diria que aquelas nações eram o melhor lugar do mundo?

Pois é. Eu acho que nós, brasileiros, precisamos amar mais o nosso País porque ele tem problemas como qualquer outro. Por aqui nossa Democracia ainda engatinha mas já demonstra sinais de maturidade. Este é o segundo presidente do País a sofrer impedimento, isso, em menos de trinta anos. 

O recente escândalo dos ‘Papéis do Panamá’ jogou na lama, recentemente, países como  Rússia, Islândia, França, Holanda, Espanha e Austrália.
Mas como? Países europeus também tem escândalos financeiros e corrupção? Sim, e muitos deles continuam encobertos e desconhecidos da maioria de nós. O que precisamos saber em tudo isso é que a questão não está no país, está no ser humano. E onde existirem homens e mulheres o pecado continuará a fazer estragos.

Por isso, em vez de cuspirmos no prato da nação maravilhosa que nascemos, o que Deus nos ordena é anunciarmos Cristo ao País, porque, desta forma as pessoas estarão conhecendo o poder de transformação interior. E quando pessoas mudam, o País muda. 

Eu continuo fazendo isso e acreditando nisso.
Não sofro da ilusão do aeroporto.
Creio que meu trabalho é que vai colaborar com pequenos movimentos de mudança social.
E eu não quero fazer como Jonas, mesmo porque tenho enjoo de navio.
Caleb Mattos.