Foi Carl Jung quem começou a perceber que algumas palavras
indutoras provocavam reações perturbadoras que revelavam o contato com
conteúdos emocionais ocultos e são estes conteúdos que Jung denominou
“complexos”. Basta tocar em uma palavra associada a um conteúdo emocional e
pronto: surge a noção e vivência de um complexo.
Parece que, dados os últimos acontecimentos que se
estabelecem no País, com a possibilidade do impedimento de Dilma e um ‘novo’
governo de Temer, já aliado aos salvadores da nação de outrora, os tucanos,
parte dos brasileiros enxergam que agora teremos um novo momento, feliz,
próspero, como aconteceu no surgimento do Plano Real. Retornaremos àquela
realidade e conquistaremos de volta tudo que nos foi tirado pelos vermelhos.
Mas outra parte da nação segue desacreditando. Estes são os
que possuem complexo de Brasil. Basta falar qualquer palavra associada ao País
que eles sentem-se mal: educação, saúde, segurança, economia, politica. Muitos
de nossos compatriotas realmente acreditam que a melhor saída para o Brasil é o
aeroporto.
Inocentemente pensam que europeus, asiáticos,
norte-americanos, são a resposta de tudo o que de melhor se espera. O paraíso já
não é mais perdido, como dizia John Milton, o paraíso é qualquer lugar fora do
Brasil. Pode ser até o Caribe ou a Argentina. Mas aqui não há mais a mínima
chance de dar certo.
Eu quero dizer que nunca saí do Brasil, nem a passeio. Não
conheço nem o Paraguai para terem uma idéia. Há lugares no Brasil que ainda não
visitei e nem sei se o farei. Por isso o que escrevo pode ser lido por alguns
como suspeito, vindo de alguém que não conhece as nações tidas como
desenvolvidas e de ‘primeiro mundo’.
Mas eu confesso que sempre desconfiei desta frase: ‘primeiro
mundo’. Porque quem é que estabeleceu isso? De onde surgiram estas hierarquias
de pódio? O que é ser um país de primeiro, de segundo ou de terceiro mundo?
Aliás, de que mundo estamos falando?
Na maior parte das vezes se usa estas categorias como
comparativas. Isto é, o que falta aqui, sobra por lá. E como não podia deixar
de ser o critério de medição é sempre econômico. Julgamos que o melhor país é
aquele em que todos tem acesso a tudo e cuja renda per capita é a maior de
todos os demais.
No entanto eu, como cristão, aprendi que os valores da vida
não se medem pela carteira. Mas sim por realidades que a calculadora não
consegue somar. Se o Brasil é o pior lugar do mundo isso é uma afirmação que se
baseia mais na insatisfação pessoal do que no critério da verdade. Porque os
que não resolveram seus dilemas internos, suas emoções afetadas, é que sofrem
deste ‘complexo de Brasil’.
O pior é que repetimos discursos de outros e não pensamos
mais com nosso próprio raciocínio. È porque ouvimos coisas negativas demais na
mídia sobre a nação que muitas vezes repassamos aos outros a idéia de que tudo
aqui não vale, de que não existe nada de bom, de que este não é um lugar para
se viver.
Mas, você se lembra da Alemanha durante o regime nazista?
Quem diria que lá era um bom lugar para se viver naquele tempo? Ou no Japão
destruído pelas bombas? Ou na Espanha dominada pelo ETA? Ou na Colômbia
apavorada por Escobar? Ou na Irlanda, alvo do IRA? Ou nos Estados Unidos quando
caíram as torres gêmeas?
Quem, naqueles períodos, diria que aquelas nações eram o
melhor lugar do mundo?
Pois é. Eu acho que nós, brasileiros, precisamos amar mais o
nosso País porque ele tem problemas como qualquer outro. Por aqui nossa
Democracia ainda engatinha mas já demonstra sinais de maturidade. Este é o
segundo presidente do País a sofrer impedimento, isso, em menos de trinta anos.
O recente escândalo dos ‘Papéis do Panamá’ jogou na lama, recentemente, países
como Rússia, Islândia, França, Holanda,
Espanha e Austrália.
Mas como? Países europeus também tem escândalos financeiros
e corrupção? Sim, e muitos deles continuam encobertos e desconhecidos da
maioria de nós. O que precisamos saber em tudo isso é que a questão não está no
país, está no ser humano. E onde existirem homens e mulheres o pecado
continuará a fazer estragos.
Por isso, em vez de cuspirmos no prato da nação maravilhosa
que nascemos, o que Deus nos ordena é anunciarmos Cristo ao País, porque, desta
forma as pessoas estarão conhecendo o poder de transformação interior. E quando
pessoas mudam, o País muda.
Eu continuo fazendo isso e acreditando nisso.
Não sofro da ilusão do aeroporto.
Creio que meu trabalho é que vai colaborar com pequenos
movimentos de mudança social.
E eu não quero fazer como Jonas, mesmo porque tenho enjoo de
navio.
Caleb Mattos.
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