terça-feira, 28 de junho de 2016

QUE DAREI AO SENHOR?





‘Então abriram os seus tesouros e lhe deram presentes...’ Mateus 2:11.
Os magos do Oriente, seguindo a estrela, encontram o Salvador e lhe dão presentes.
Viajam longa distância, dedicam-lhe seu tempo, seus produtos e lucro, sua adoração.

O que me choca é saber que magos fizeram isso e não fiéis.
O que me choca é descobrir que magos ofertaram e não o povo eleito.
O que me choca é perceber que eles vêm para dar, oferecer, doar.
O que me choca é detectar que possuem coração adorador.

Eu me ponho a examinar o que tenho dado a meu Salvador nos últimos tempos. Não. Não estou me referindo ao único critério contemporâneo de ‘oferta’. Não estou falando de dinheiro, de contribuição, de manutenção da obra. Tem gente que nem chega a isso.

Estou falando de algo que a Ele agrada. Porque nem com o ouro Jesus ficou. Se assim fosse seus pais lhe comprariam algo de valor permanente. Mas eu entendo que dar algo a Jesus é ir além da compreensão de mercado.

Oferecer a Ele meu coração integral não dividido, o interesse de amar os que são excluídos, o tempo que possa doar a um coração que chora, o não me esconder do meu semelhante, o chorar com o que chora e o alegrar com quem se alegra. O lembrar do que Ele falou: ‘Toda vez que vocês fizeram isso a um dos meus pequeninos, a Mim o fizeram’.

Confesso que faz tempo que não dou nada a Jesus. Ou se dou, é pouco. Tenho consciência de que as minhas orações tem se tornado pragmáticas demais, utilitárias demais, terrenas em demasia, interesseiras ao extremo. Me vejo com criança mimada ás vezes, pedindo só o pão e me esquecendo do Reino. Comendo migalhas daquilo que o ladrão rouba, a ferrugem corrói e as traças devoram , enquanto surdo, não escuto a voz do coração que me chama para a quietude contemplativa.

Afinal que amor é este que eu digo possuir por Ele que pouco lhe dá, pouco lhe oferece? Que pouco o ouve, que pouco o contempla, que pouco o admira? Preciso me converter de novo e não porque tenha algum medo punitivo, nem em razão de estar sofrendo alguma dor. 

Nem por acreditar neste evangelismo ‘toma-lá-dá-cá’ que lota os templos de pessoas ensimesmadas e cheias de ego.
Preciso me converter de mim mesmo para Ele. Eu acho que este é o primeiro passo para, enfim, começar a dar algo de mim para o Salvador que tanto me ama.
Caleb Mattos.

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Curso de Impaciência.




Vou me inscrever em um curso de Impaciência.
Não sei onde encontra-lo mas preciso faze-lo porque não consigo ainda desenvolver esta formação.

 Sempre aprendi nas melhores escolas a bênção da Paciência, da Tolerância, da Espera, da Passividade. ‘Calma’, era sempre o que me diziam, ‘não perca a paz’.

Mas eu envelheci e no acúmulo dos anos venho assistindo com uma certa resistência ao ‘isso não é comigo’ tudo o que tem acontecido em meu entorno. E dentro de mim grita uma voz que me acusa de omissão, de tolerância ao mal, de conveniência  ao meu conforto.

Preciso ser impaciente com um Estado que não tem mais legitimidade para governar, uma vez que cada um que sobe á cadeira alta corre o risco de cair dela, porque há cupins corroendo o poder desde que esta nação foi chamada de ‘terra da santa cruz’.

Preciso ser impaciente com mães e pais que colocam um filho no mundo e o ensinam a criminar, roubando e doutrinando-o, para depois larga-lo nas ruas á mercê de traficantes, para então, ser morto pela polícia no justo cumprimento de seu dever social.

Preciso ser impaciente com uma população que heroíza funkeiros e quando estes cometem crimes, passam-lhe as mãos na cabeça em nome da fama que esta mesma população ajudou a construir.

Preciso ser impaciente quando o povo da nação luta para comer feijão que vale ouro, enquanto congressistas aumentam sem pudor algum seus próprios salários muito acima da inflação.

Preciso ser impaciente com a televisão que promove reality shows e que chama as celebridades dali de ‘nossos heróis’ que nada mais fazem do que brigar para ganhar o dinheiro prometido no fim da competição, enquanto professores e trabalhadores que realmente constroem a riqueza do País são desmerecidos no salário, agredidos no exercício da função e subestimados como se amassem esta  subcultura.

Preciso ser impaciente com este estúpido ‘tour da tocha olímpica’ pelo País inteiro com recursos do povo para que, com o suposto incentivo ao esporte, amealhar mais dinheiro que beneficia poucos magnatas do entretenimento.

Preciso ser impaciente com todos os políticos de alto, baixo e médio escalão que permitem que os hospitais e os profissionais que ali atuam façam malabarismos de circo, num espetáculo de horrores, tendo que escolher entre os pacientes o que mais provável sobreviverá, a fim de dar a este ‘sortudo’ o leito que precisa e a medicação que lhe é devida.

Se alguém souber onde posso achar este curso, me avise. Prometo que serei o primeiro a fazer a minha inscrição.
Caleb Mattos.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

O que realmente importa.






Já houve dias em que me interessei pela definição. Buscava exatidão em precisar a palavra, em esclarecer o sentido, em significar. Descobri que definir é limitante porque encaixota em um minúsculo compartimento aquilo que é imensurável e por vezes indefinível.

Houve ocasiões em que me dediquei ao comportamentalismo. Eu me esmerava em oferecer a outros a imagem do perfeito, a ânsia do infalível, a fama do herói. Percebi que me neurotizei a ponto de perder a mim mesmo em meio ao titulo em sacrifício do ser. Já não distinguia quem eu era do que eu fazia.

Houve períodos onde me julguei o salvador de outros. Zelava por prevenir tragédias, em evitar conflitos, em preservar a paz a qualquer preço. Acordei em meio a tragédia humana fruto da queda, com homens e mulheres que não careciam de conselhos mas de alma.

Houve épocas em que lutei para manter o que desmoronava apesar de meu empenho. Orei, meditei, jejuei, neguei-me, afligi-me para fazer sobreviver o pouco do que ainda restava do amor que julgava ser real. Despertei doente e, quase sucumbido, vi-me rompido e alijado de anos de submissão. Entendi que ninguém constrói ou mantém nada apenas na força do  próprio braço.

Hoje eu me pergunto: o que realmente importa?
Para mim, a simplicidade de não querer ser mais do que se é.
A honestidade em assumir a debilidade do ‘eu não consigo’.
A leveza daquele que acatou no coração a Graça.
A gratidão daquele que se viu poupado.
A alegria daquele que ainda crê no poder do amor.
A felicidade de redescobrir verdadeiros amigos.
A delicia de viver em paz consigo mesmo.
A dedicação daquele que tem a Cristo como referência.
Caleb Mattos.