quarta-feira, 25 de abril de 2018

Entre o sonho e a fantasia.



Todo mundo tem um sonho. Mas nem todo mundo consegue realiza-lo.

Eu acho que uma das razões disso é que confundimos Sonho com Fantasia. A frase eternizada por Luther King, ‘I have a dream’ é usada de maneira tão frequente quanto inapropriada.

Ele tinha um sonho que, apesar das grandes barreiras, era plenamente viável, tangível, factual.  

Porque encarnou o sonho de seus irmãos que também estavam historicamente cansados de aceitar passivamente a restrição civil por sua condição de pele.

King foi um catalizador dos sonhos de uma geração inteira. Dito desta forma, ele não tinha um sonho individualista; ele sonhava em bloco, em conjunto, de forma mensurável e perfeitamente concreta.

King também era capaz de mobilizar incontáveis setores da sociedade que igualmente clamavam pelos direitos de inclusão. Não era só o povo da sua igreja que sonhava com ele. 

Era a nação toda. E quando você se junta a centenas e milhares que desejam a mesma coisa é só uma questão de tempo para o sonho virar fato.

Estes três fatores de um sonho: coletividade, mensurabilidade e apoio são, acredito eu, fundamentais e sem eles o que se tem não é sonho e sim fantasia.

Muitos de nós dizemos ter um sonho, quando na verdade o que existe em nossa mente é pura fantasia.

Se aquilo que desejamos não mobiliza a mais ninguém, isso está mais para um surto de narcisismo do que para sonho. Se aquilo que queremos não representa um benefício para além de nós, mas somente um desejo de ser alguém no mundo e obter aplausos, isso é fantasia. Se nossa aspiração interna é movida pela não aceitação de quem nós somos, precisamos de um terapeuta urgente.

Eu acho até arriscado dizer para as pessoas que corram atrás de seus sonhos sem saber ao certo o que se passa na cabeça delas. Sonhar é bom, desde que o sonho conecte você ao mundo real sempre.

 Se, ao contrário, o que você pretende é motivado por sua tristeza, por seu descontentamento, por uma crise circunstancial, o que você precisa não é de uma consultoria e sim de um consultório.

No mais, bons sonhos para você, que não seja fantasia aquilo que você acredita desejar. 

O melhor dos sonhos está mesmo na Padaria.
Caleb Mattos.

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Pare de bater em si mesmo.



O evento da Encarnação é um testemunho do valor humano.

Porque na linguagem paulina, embora Cristo fosse Deus decidiu se tornar homem. O que levou o Criador a desejar se tornar criatura?

Este é um mistério que nem mesmo séculos de Teologia puderam desvendar. Era de fato necessário se tornar um de nós para nos salvar. Mas acredito que o mistério vá além.

A admiração que Cristo produzia nas pessoas revela que todos no fundo projetavam nele seu sonho de ser como ele. A aspiração humana pela transcendência é real e se percebe nas artes, na religião, na contemplação do belo.

Temos a tendência de opor corpo á espirito. E por que? Por sofrermos ainda da dicotomia grega entre espirito e matéria. Ora se o mal prejudica não significa que ele se instale num corpo.

Isso restringiria e limitaria sua atuação, o que, convenhamos, ao mal nem pensar estar confinado a pequeno espaço. E do mesmo jeito que ao mal se busca expansão, ao bem a expansão é inerente.

O mal não se confina ao corpo e por isso o corpo não é mau. Ele é ‘um santuário’ onde Deus decide residir. Assim sendo, odiar o corpo ou odiar quem um corpo tem, detestar a humanidade vendo nela a residência da maldade é no mínimo um esquecimento básico da lei de que ‘Deus criou o homem (ser humano) á sua imagem e semelhança’.

No momento em que amamos a nós passamos a cuidar daquilo que se chama reflexo de Deus. ‘Deus amou o mundo’ diz João, não a esfera geográfica, mas as pessoas que nele moram. Razão pela qual Jesus lembra que é preciso amar a si mesmo.

O que Deus odeia eu odeio. Mas o que Deus ama eu devo amar.

Tenho valor porque embutida no embrião da minha essência está a assinatura do Poeta, que transforma desvalia em pérola, pó da terra em Adões e Evas, indefinidamente.

Caleb Mattos.

terça-feira, 17 de abril de 2018

Se você tem um cachorro bravo, use focinheira nele.



Já dizia o poeta: ‘Uma parte de mim é permanente, outra parte se sabe de-repente’. 

Entre as oscilações de nosso posicionamento na vida estão situações que nos afetam. E umas são mais graves do que outras no quesito emoções. Elas que borbulham o tempo todo são muitas vezes cheias de História.

Marcas profundas que deixaram seu sinal no hoje e que temos intensa dificuldade de impedir que venham á tona. Quero dizer que agimos como agimos porque somos condicionados pelo lastro de quem fomos até hoje e não simplesmente porque queríamos agir desse ou daquele modo.

Para não permitir que o não saudável tenha espaço é que trabalhamos com diagnostico e disciplina.

Com diagnostico para verificar que o que se instalou no inconsciente pode ser memoria de evento que não mais vive e que, portanto, não tem mais existência objetiva. Por outro lado trabalhamos com disciplina para sujeitar nossas emoções e consequente atuação de forma a não produzir sofrimento, nem em nós, nem nos outros.

 Vemos isso em Jesus todas as vezes em que ele era procurado por pessoas angustiadas pela culpa de sua história vivida. Ele dizia a todas: ‘Vá em paz, e não cometa mais esse pecado’.

O primeiro dito, ‘vá em paz’ é o diagnóstico, onde se trabalha a angustia com a libertação deste aprisionamento do ser num ponto próximo ou distante onde a ferida aconteceu. 

È tomar consciência de que se o mal do passado já não existe objetivamente, ele apenas sobrevive no inconsciente. Jesus oferece paz a todo aquele que chora, é vencido pela ira, ou se fechou para o amor.

E o segundo dito: ‘não cometa mais esse pecado’, atua diretamente no que se chama disciplina ajudando cada um de nós a domarmos essa tendência de repetir a agressividade, a perder a paciência, a ofender pela menor irritação, a discutir pelo leite que já derramou. Sem o autocontrole dificilmente venceremos a maior batalha do mundo que é aquela que acontece o tempo todo dentro do nosso ser. 

Lembre-se: o que agrediu você no passado hoje se instalou no seu inconsciente, mas não passa de você lutando contra você. Faça as pazes consigo mesmo. 

E submeta suas emoções descontroladas a disciplina rígida. O maior beneficiado com isso será você mesmo.
Caleb Mattos.

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Reflexões de um atendimento.



Ela se sujeitou muito tempo a um relacionamento abusivo.

Mal compreendendo seu valor e beleza inerentes como filha do Criador aceitou o substituto da grotesca imagem distorcida de si.
Olhava sua interioridade como ruim, digna de punição. 

E impunha sobre si flagelos reais que mais machucavam a sua confusa percepção de si. Sujeita a alguém que punia sem oferecer abrigo foi aceitando como sua a carga de mau trato.

E foi assim que disse que não havia sentido em viver pois morrer daria fim á existência dorida.

Disse a ela que estava enganada. Por si mesma enganando-se e sendo enganada. Que era amada mais do que supunha por origem de nascimento e por admiração de muitos. 

Que a companhia que escolhera era seu espelho oferecendo o que no fundo ela imaginava ser sua parte neste mundo: punição.

Disse a ela para quebrar o espelho: o de dentro e o de fora. Para usar outro espelho que mostrasse suas virtudes, qualidades e valor. O espelho da presença de Deus nela.

Foi uma vez e voltou.

Decidiu não mais procurar o verdugo que fere e que desabriga, expondo-a a tempestades desnecessárias. Espero que assim seja. Oro e aguardo a sua reconstrução. Torço para que um dia acredite no amor maior.
Caleb Mattos

quarta-feira, 4 de abril de 2018

A TURMA DE CURITIBA.



A turma de Curitiba tem incomodado muita gente.

Gente graúda e completamente imersa nos delitos condenáveis contra a res publica.  

A turma de Curitiba já vem trabalhando a tempos com afinco na aplicação justa da lei maior. Porque acredita que se existe Constituição é para ser seguida e não usada como objeto de hermenêutica jurídica.

A turma de Curitiba é formada por gente nova que realmente luta por um Brasil livre da maldita pratica do ‘jeitinho’ que a tantos empobrece e envergonha nossa imagem.

 A turma de Curitiba tem em seu núcleo gente que segue valores que fazem ressonância com o povo brasileiro e tem obtido voz porque mostra que o brasileiro não é aquilo que se diz dele, um povo caricato, mas uma nação de cabeças pensantes e de bolso honesto.

A turma de Curitiba lida com ameaças sem medo porque não se abala por aqueles que desejam lotear a Nação em seus feudos partidários. A turma de Curitiba é feita de representantes que verdadeiramente honram seus postos e os utilizam para o progresso do povo, fim pelo qual trabalham como todos nós.

A turma de Curitiba vai vencer todas as barreiras e ameaças dos socialistas falidos que sugam até a última gota de decência de um país que não está à venda, e que não será repartido entre grandes corporações.

A turma de Curitiba não tem heróis. Tem gente como a gente que sabe que o maior poder é aquele que emana do povo e contra esse nenhuma bandeira ideológica, política ou econômica é capaz de fazer frente. O velho Brasil agoniza em Brasília, um novo está nascendo em Curitiba.
Caleb Mattos

terça-feira, 3 de abril de 2018

TRABALHE SUAS DIFICULDADES.




 ‘A melhor preparação para o sofrimento é cumprir rigorosamente as tarefas de hoje’(Susanna Wesley’).

A história desta mulher é um capitulo á parte e merece outro artigo. Mas esta sua frase, longe de celebrar o sofrimento como virtude, ensina a lidar com ele quando chega.

Sei que você não gosta deste assunto, nem eu. Mas inevitavelmente ele aparece nos intervalos dos bons momentos. Confesso que eu nunca tinha lido nada sobre se preparar para o sofrimento.

O filho de Susanna foi o fundador do movimento metodista. E já pelo nome você deve perceber como esta mulher metódica não esperava o espinho para sentir seu incomodo, mas, tomava medidas prévias para remove-lo quando se instalasse.

O que ela diz é que precisamos continuar fazendo nossas tarefas e deveres todos os dias como se o cenário não se alterasse. A resiliência, a perseverança, nos ajudam a não nos entregarmos ao imobilismo inútil da lamuria.

Pouco ajuda, de fato, chorar pelo deite derramado. O que é preciso é limpar a mesa. Porque a vida é feita de episódios de superação, e a cada momento custoso que respondemos com trabalho atingimos mais um degrau no patamar do nosso desenvolvimento.

Dizem que ‘mar calmo nunca fez bom marinheiro’. Deve ser por isso que a história dos grandes sucessos é escrita por gente marcada por cicatrizes.

Assim como a febre é alerta para algo que não vai bem no corpo, nos levando a uma ação para descobrir lhe a causa e tratamento, a dor na alma serve de impulso para mais um passo. As suas limitações apenas deixam você mais lento, mas não incapaz.

Fica aqui as palavras do grande Martin Luther King: “Se não puder voar, corra. Se não puder correr, ande. Se não puder andar, rasteje, mas continue em frente de qualquer jeito”.
Caleb Mattos

segunda-feira, 2 de abril de 2018

‘TUDO QUE EU QUISER O CARA LÁ DE CIMA VAI ME DAR’


Todas as vezes em que Jesus foi instrumentalizado na História ele desapareceu do cenário da fé pura. Porque antes de iniciar seus milagres e maravilhas Ele ensinou fartamente sobre vida interior, que nós chamamos no Cristianismo de ‘devoção’.
No seu tempo essa palavra e pratica tinham sumido. Havia experiencia religiosa, mas esta não transbordava para a vida, se reclusava dentro dos templos numa fenomenologia absolutamente duvidosa.
O tempo passou e Jesus foi ‘redescoberto’ pela sociedade de consumo como um novo tipo de mentor ou ‘CEO’ de renomada experiencia bem-sucedida em sua área. Bastou dessacralizar a experiencia da devoção e transforma-la em algo utilitário e pronto: Jesus é o nome que mais vende e o mais copiado em termos de comportamento humano.
Houve um tempo em que se discutia a existência do Cristo Histórico em contraste com o Cristo da Experiencia. Para uns, ele de fato é uma figura lendária. Serve como modelo inspirativo, como exemplo de suprema virtude, como guru a ser seguido. Quem não acredita na existência do Jesus Histórico faz uso dele para suas palestras, suas performances, seus livros e suas canções.
Mais uma vez ele é instrumentalizado a serviço do poder e do reconhecimento pessoal. De fato, se você o remove do currículo das abordagens modernas fica difícil colocar outro tão influente no lugar.
A questão é que Jesus de fato existiu, de fato morreu, de fato ressurgiu. Ele veio ao mundo principalmente para nos revelar quem é Deus e reatar o relacionamento perdido com ele. Não se pode nem dizer que o principal objetivo da sua vinda foi morrer na cruz.
Este ato foi consequência de tudo que veio antes. Seu amor pelo Pai, a rendição da vontade dele á vontade de Deus, a obediência de amor ao Pai que gerou compaixão por nós tão intensa que o levou a dar a vida para nos salvar de nós mesmos.
É isso mesmo que você leu.
Ele não veio nos salvar de vícios, de maus costumes, de palavras equivocadas que dizemos, de posturas incorretas quanto ao nosso ‘eu’. Isso tudo é apenas periférico. Ele veio nos salvar de nós mesmos.
Paulo, o apostolo diz que ‘para o homem se perder, basta Deus entrega-lo a si mesmo’. E Pedro, outro amigo de Jesus, disse que ‘Deus nos salvou para uma vida de devoção’. È na devoção que tudo se resolve.
Simples e descomplicado.
O caminho é dado pelo Filho: ‘Entra no teu quarto, fecha a tua porta, ora a teu Pai que te vê, e ele te recompensará’.
Minha oração é por mais devoção e menos técnica. Isso tem funcionado há mais de dois mil anos ininterruptamente. Por favor, não use Jesus para outra finalidade a não ser a devoção. Tenho certeza que ele vai agradecer por isso.
Caleb Mattos