Em seu livro ‘Cartas a Théo’, Vincent Van Gogh menciona,
dentre muitos assuntos da sua turbulenta vida, o momento em que ficou especialmente
enamorado de uma moça que, por fim, casou-se com outro. Longe de considerar
esta recusa como motivo de abatimento ele escreve sobre a questão: ‘Quem ama
vive, quem vive trabalha, quem trabalha tem pão’.
Ele narra que o período que esteve apaixonado, mesmo não
correspondido, foi o período que mais produziu em seu trabalho. De fato, o
motor que impulsiona toda e qualquer atividade humana é o amor. Nem sempre
dedicamos amor ao sentido romântico porque ele é tão abrangente que cabe também
em outras instâncias de nosso labor.
Quem ama o que faz produz com tal qualidade que fica, como
Van Gogh, imortalizado para sempre. Quem ama pessoas em situação de risco é
capaz de uma dedicação sem limites a causas humanitárias. Assim também quem ama
sua família. É de se pensar se o argumento do artista vale no sentido oposto.
Será que, quem não produz e enfrenta necessidades (não sendo
estas causadas por situações imprevisíveis como calamidades, sistemas de
governo ditatórias e coisas do tipo) é porque não ama mais?
Quantas pessoas você conhece que, no aspecto econômico não
tem grandes dificuldades, mas que perderam a pulsão da vida, a paixão do viver?
Entregaram-se ao carrasco da depressão e do rancor e são incapazes de uma
alegria e celebração; enxergam no cenário tempestades recorrentes; comentam que
nada vale a pena. Estes perderam o amor, e quando se perde a capacidade de amar
perde-se o sentido para viver e produzir.
Talvez seja por isso que em Apocalipse exista uma advertência
para ‘recuperar o amor’ antes que seja tarde demais. Não se pode fazer-se
prisioneiro de amarguras enquanto o sol brilha e as crianças brincam. Não se
deve maltratar a si mesmo enquanto muitos oferecem ombro e afeto.
Não se pode
morrer de fome enquanto o amor se oferece como o prato do dia. Se você perdeu
vitalidade no que faz examine seu nível de amor próprio e de amor pela vida. E
o mais urgente que lhe for possível volte a amar para não morrer de fome.
Caleb Mattos.
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