‘Não
olhamos para aquilo que agora podemos ver; em vez disso, fixamos o olhar
naquilo que não se pode ver’(2 Coríntios 4:18).
Existem
coisas que duram e existem coisas que acabam.
O
permanente tem a característica de não ser afetado por variáveis. O finito,
como o nome diz, tem prazo de validade. Em muitas ocasiões celebramos,
agarramos o que nos foi dado, mantemos sempre por perto, associamos felicidade
àquilo que causou um senso de pertencimento.
Se
ocorrem perdas dizemos que a felicidade foi embora, como se aquilo que era
impermanente tivesse o poder de garantia de um estado absoluto de bem estar.
Confundimos a fonte da paz e da alegria com aquilo que é neutro em si mesmo.
Um
carro é um amontoado de peças bem ajustadas, mas o símbolo que ele carrega nos
faz acreditar que esse objeto é o causador do nosso contentamento. Assim é com
todas as demais coisas.
Nosso
olhar se detém com muita frequência no que é passageiro e faz disso a razão dos
nossos dias. Alguns, diante da inevitável retirada destas coisas não suportam e
sucumbem. Desistem. Ou de algo ou até de tudo.
Outros
parecem já ter aprendido a construir um patrimônio imaterial dentro de si
chamado fé. O primeiro grupo olha somente o exterior. O segundo, embora
considere o exterior, tem ciência de que o interior é o que resiste diante do
sumiço do primeiro.
O
apóstolo Paulo declara enfaticamente: ‘Nunca desistimos’.
E
no texto ele estabelece alguns antônimos interessantes: exterior versus
interior, morrer versus renovar, aflições versus gloria, o que é momentâneo
versus o que dura para sempre, o que se vê versus o que não se pode ver.
Onde
está situado nosso olhar nestes tempos? No que dedicamos mais atenção?
Quanto
mais a ênfase se coloca no exterior maiores são as chances de desanimo,
abatimento e a possibilidade da desistência. Quanto mais amamos o que é
interior, no mundo da fé, maiores são as garantias de sobrevivência a tudo que
acontece.
Carl
Jung dizia: ‘Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta’.
De
fato, quantos sonhos imaginativos construímos com aquelas realidades ‘que
enchem os olhos’, envolvendo emoção em tom elevado, desejo crescente e ansiedade
por apropriação. Como a criança que tem diante dos olhos o presente embrulhado,
dá gritos e pula, não se aguentando de vontade de pôr a mão na dádiva, assim
somos nós. Ansiedade, inquietação, experiencia natural de quem está vivo.
Por
outro lado, quando olhamos para dentro despertamos. Adquirimos senso de
racionalidade e sabemos esperar. Não somos afoitos e nem tomados pelo
desespero. O coração se mantem em estado de gratidão pelo que sabe ser seu, e
se algo a mais vier, será lucro. As coisas da fé são eternas.
Em
comparação, o transitório é roubado, pega ferrugem e a traça come, mas o eterno
dura mesmo depois que a vida aqui diz adeus.
Na
eternidade, tudo que deixava a gente com os cabelos em pé (ou que os fez
caírem), tudo que tirou o sono da noite, tudo que irritou e esgotou a
paciência, será apagado do registro da memória.
Não
haverá choro, nem luto, nem pranto, nem dor. Dirão: ‘ah, mas isso é só para
depois da morte’.
Não.
Quem
vive hoje aquilo que um dia será seu, faz de seu hoje o céu de amanhã.
Caleb
Mattos