‘Quando José chegou, os irmãos lhe arrancaram a linda túnica que ele usava, o agarraram e o jogaram numa cisterna vazia’ (Genesis 37:23)
José
experimenta um processo disruptivo.
O preferido do pai, na segurança do lar, se
acha no campo na companhia daqueles que tem ressentimento na alma. Perde a
túnica vistosa e valiosa e permanece apenas com o básico a cobrir a nudez.
Perde
a cama macia e ganha o poço seco. Os sonhos que lhe vem com abundancia são
interrompidos pela palavra acusatória.
José chegou ali. Junto aos instintos e afetos
nocivos de seus irmãos.
O abraço do pai é coisa do passado. O seu
presente é o empurrão para dentro da vala funda.
Aquilo
que rompe os padrões o atinge e de um instante firmado na estabilidade ele
passa á agonia das horas que se arrastam.
Passa
a caravana. Ismaelitas a caminho do Egito. Negociantes. Dinheiro á vista.
José
é vendido e desaparece atras da ultima duna de areia. Voltam os irmãos ao pai.
Mentira. Dissimulação. Choro fingido.
Estaríamos,
então, nesta vida entregues ao capricho dos sentimentos magoados de outros? Há
que se fechar a boca, reprimir o que se sonha, omitir a essência do ser somente
por medo do que farão com o que representamos?
Será que é verdade mesmo que a inveja alheia é
a foice que espreita nosso descuido?
Acelere
o tempo.
Anos
mais tarde, José governador egípcio. Ninguém compra se ele não vender. Ninguém
vende se ele não comprar.
Na corte de Faraó o garoto do poço é o segundo
na hierarquia. Chegam seus irmãos á terra das pirâmides. Surpresa. Choque.
Vergonha. Culpa. ‘Seremos agora vingados daquele de quem nos vingamos?’
José
traz toda a sua família de origem para morar no Egito, incluindo o pai. Morrem
todos ali unidos e em paz harmônica. A palavra dele: ‘Não tenham medo de mim.
Por acaso sou Deus para castigar vocês? Vocês pretendiam me fazer o mal, mas
Deus planejou tudo para o bem. Não tenham medo. Continuarei a cuidar de vocês e
de seus filhos’.
Sei que é provável que você esteja neste
momento dentro do seu poço. Não entendendo nada. Saiba de uma coisa. Deus
visita poços. A caravana está chegando.
Caleb
Mattos
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