quinta-feira, 2 de junho de 2022

UMA CARTA DE GRATIDÃO

Sim, eu já sei a fama que eu tenho. Minhas amigas sofrem da mesma coisa. Para dizer a verdade não sei como é que essa história toda começou. Deve ter sido alguma de nós que tinha problema com a nora. Quem sabe esta sogra numero 1 da história tenha sido indelicada, invasiva, eu não sei. Sei que ser sogra não é fácil.

Antes de me casar eu já tinha ouvido tanto sobre isso que, no meu coração, eu resolvi que não iria, quando tivesse filhos, colaborar para aumentar a má fama. Minha filha, minha joia da coroa, se casou com um pescador. Ele é gente boa. Impulsivo sim. Intransigente, também. Duro e teimoso como ninguém. Mas ele para mim não é genro. Eu o amo como filho.

A gente se dá muito bem, apesar do temperamento forte que ele sempre teve. Tenho notado meu genro mais feliz ultimamente. Ele teve uma fase ruim, quase não pescava nada. O mar parecia ter escondido os valiosos peixes. Mas ele fez um amigo há tempos atrás.  E quando estavam no mar esse amigo o mandou jogar as redes, e eles pegaram tantos peixes que os barcos quase afundam. Esse amigo é da região da Galileia.

Um homem extraordinário. Um coração tão bom que a gente fica até sem jeito diante dele. Eu acredito que ele tem alguma relação muito forte com o Deus que cremos. Porque ele faz a gente enxergar as coisas que nem mesmo sabia estarem dentro do coração. Parece que saber ler os pensamentos e até as intenções. Ele exala confiança, autoridade e principalmente afetividade.

Meu genro já me disse que seu novo amigo o corrige quando ele perde a paciência. Mas que é uma correção diferente. Não é uma bronca azeda. É como se tivesse um espelho na frente refletindo o interior. Meu genro disse que nessas horas ele sente vergonha da própria estupidez e grosseria.

 Semana passada eu comecei a sentir um frio, do nada. Com tanta noticia de uma pandemia que ronda o mundo inteiro, eu pensei: ‘pronto, lá vou eu para a cama ficar de molho’. Justo eu que não gosto de ficar parada. Mas não teve jeito. Caí de cama com uma febre que fazia doer o corpo e que tirou toda as minhas forças.

 Meu genro então, logo que ficou sabendo, foi logo chamar seu amigo. ‘Ah, Pedrinho, você mora no meu coração!’ Então o amigo chegou. Com um sorriso enorme fez umas brincadeiras sobre eu estar deitada na cama àquela hora do dia. Rimos todos porque ele nos deixa á vontade.

Então ele me disse: ‘Dá aqui a sua mão’. Na hora eu que eu segurei a mão dele, sumiu tudo. Fiquei em pé e a febre, o cansaço, e as dores desapareceram. Então eu dei um grande abraço em Jesus. Ele não ia ficar muito tempo porque tinha coisa demais para fazer. Mas eu insisti. Falei para ele sentar que eu ia passar um cafezinho novo e ia servir com um pão caseiro que desenformei ontem. Ficamos todos ali a tarde inteira. Não vejo a hora que ele volte. Amigo assim é como agulha no palheiro.

Caleb Mattos

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