quarta-feira, 19 de outubro de 2016

DEIXE OS OUTROS EM PAZ.




  Foi Paulo quem pela primeira vez disse: ‘Eu não entendo nem mesmo o meu modo de agir’. Isso soa como eco daquele antigo filosofo que anunciava a máxima: ‘Conhece-te a ti mesmo’.

 Se juntarmos as duas máximas vamos entender que a vida é uma caminhada rumo á tentativa de conhecer a si mesmo, compreender o que há por trás de nossas atitudes, e escolhermos caminhos em sintonia com aquilo que descobrimos que somos para que haja sempre mais coerência interna e externa.

Mas eu acredito que nosso maior erro é que gastamos tempo demasiado tentando hermeneuticar a vida alheia e decifrar por que as pessoas nos tratam dessa forma ou daquela já que em nossas conexões somos afetados diretamente por este mútuo intercâmbio. 

E porque nossa criança interior faz birra nós a atendemos com uma técnica infantil via de regra defendendo-nos ou atacando.
Ao fazermos isso nos distanciamos do principal que é um mergulho no próprio ser em busca de consciência lúcida e discernimento quanto a si. 

Acredito que o processo de transformação de que Paulo trata em Romanos tenha a ver com a mudança de eixo – uma mente antes voltada para análise de razões pelas quais nos tratam e falam conosco, para uma abordagem de como reagimos e por que; o que há nas nossas entrelinhas e no discurso não verbalizado do nosso inconsciente.

O caminho da paz consigo mesmo exige deixarmos em paz os nossos parceiros de caminhada. Isso quer dizer que se todos estamos, conscientemente ou não, em projeto de descobertas e ratificação de um modelo edênico, o maior serviço que podemos prestar é não sobrecarregarmos a ninguém com culpa, projeção, preconceito, discriminação e o pior, desafeto.

Jesus condenou os religiosos de seus dias por atar fardos pesados sobre as costas dos homens e não ajuda-los a carregar tais fardos. Todo ser humano já nasce sobrecarregado com as memórias de sua gênese familiar e no desenvolvimento da vida adoece em um momento. 

Já lhe pesa em demasia os recalques que ele mesmo protesta contra sua personalidade afora os golpes nada suaves do seu sempre presente Supereu. Não sejamos nós cruéis a ponto de aumentar o peso da sua já não leve vida.

Se pararmos para verificar a realidade constataremos quanto trabalho temos pela frente na remodelagem de nosso ser conforme Cristo. A vida passa muito rapidamente e nossa reserva psíquica pode ser diminuída consideravelmente se reagirmos a tudo e nunca tomarmos na mão o leme da existência. 

Porque todos sabemos que há um ponto final, a meta onde devemos ancorar nosso barco. Desejo de coração que você se concentre nisso com todo foco, e deixe os outros viverem em paz.
Caleb Mattos.

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