Me deparei hoje com esse texto sobre paternidade:
“Eis que, pela terceira vez, estou preparado para partir ao
vosso encontro, e não vos serei pesado; pois não vou em busca de vossos bens,
mas procuro a vós mesmos. Porquanto, não são os filhos que devem poupar para os
pais, mas sim os pais para os filhos” (2ª Coríntios).
Quando eu cursava Teologia tive um amigo que fez um comentário
engraçado. Ainda solteiros nós falávamos do futuro e do que talvez aconteceria.
Ele comentou: ‘Quando eu casar quero ter 11 filhos para que, quando ficar
velho, eles todos me sustentem’. Isso
dito por jovens de 23 anos como nós e ainda não tendo passado pelo matrimonio,
soava mesmo como piada e assim deveria ser encarado.
Porque é o oposto que se espera daqueles que decidem pelo sublime
caminho da paternidade. Paulo, autor do verso acima, fala aos fiéis de uma
igreja que a última coisa de que ele gostaria que acontecesse era se tornar um
peso financeiro e material para aqueles para quem ele se considerava ‘pai
espiritual’ ou ‘pai na fé cristã’. Ele declara que cuida deles não por causa
dos bens que eles possuam, nem por conta de algum beneficio que eles lhe ofereçam,
mas por causa deles: ‘procuro a vós mesmos’.
Ser pai é ver no filho a dádiva maior que Deus oferece aqui
na terra. É tratar essa dádiva com tamanho carinho que em nenhum momento se
torna peso, carga, fardo. Filhos são herança e não força de trabalho. Filhos
são seres que desenvolverão seus próprios caminhos e projetos e nunca deveriam
ser aquilo que não fomos no passado e queremos impor para que sejam. A nossa
maior frustração não pode ser lançada sobre eles, nem nossa maior ambição ser
posta em seus ombros.
Porque são os pais que poupam para os filhos. Ou, eu diria,
são os pais que poupam seus filhos. Em que sentido devem ser poupados?
Poupados de qualquer tragédia que tenha marcado nossa história.
Eles não têm culpa do que aconteceu conosco e é preciso desvincular quem somos
de quem eles são. Filhos devem ser poupados de nossas mágoas e sentimentos
ruins. Não fale nada a eles quando quiser expressar sua raiva. Não diga que
eles aumentam sua ira, que eles diminuem seu tempo, que eles reduziram seus
sonhos. Poupados quando houver uma quebra do vinculo conjugal. Se isso
acontecer não se vingue do seu ex-cônjuge falando mal dele ou dela para seus
filhos. Você poderá não ter mais um marido ou uma esposa, mas sempre será o pai
e a mãe de seus filhos.
Não crie neles o medo do casamento, o medo dos
relacionamentos, o medo do amor. Filhos
sempre aprendem dos pais. Isso nem sempre implica que farão exatamente o que
seus pais fizeram. Existem relatos muito numerosos de superação do abandono paterno
e materno. Filhos que são um modelo de virtude com pais que foram modelo de
descaminho e maldade.
Mas uma coisa é presente: a vida emocional da família se
introjeta nos filhos e é preciso muito tratamento e ajuda para superar marcas
inconscientes que os acompanham até a fase adulta. Se você já é pai assuma esse
principal tripé pedagógico com seus filhos: cuidar, ensinar e prover. Na
questão financeira, emocional e espiritual. Para que seus filhos quando
crescerem não tenham medo da vida porque você lhes deu a melhor riqueza que
existe: o amor que nada espera em troca.
Caleb Mattos.
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