quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Quando você se torna pai precisa parar de ser criança.



Me deparei hoje com esse texto sobre paternidade:
“Eis que, pela terceira vez, estou preparado para partir ao vosso encontro, e não vos serei pesado; pois não vou em busca de vossos bens, mas procuro a vós mesmos. Porquanto, não são os filhos que devem poupar para os pais, mas sim os pais para os filhos”                   (2ª Coríntios).

Quando eu cursava Teologia tive um amigo que fez um comentário engraçado. Ainda solteiros nós falávamos do futuro e do que talvez aconteceria. Ele comentou: ‘Quando eu casar quero ter 11 filhos para que, quando ficar velho, eles todos me sustentem’.  Isso dito por jovens de 23 anos como nós e ainda não tendo passado pelo matrimonio, soava mesmo como piada e assim deveria ser encarado.

Porque é o oposto que se espera daqueles que decidem pelo sublime caminho da paternidade. Paulo, autor do verso acima, fala aos fiéis de uma igreja que a última coisa de que ele gostaria que acontecesse era se tornar um peso financeiro e material para aqueles para quem ele se considerava ‘pai espiritual’ ou ‘pai na fé cristã’. Ele declara que cuida deles não por causa dos bens que eles possuam, nem por conta de algum beneficio que eles lhe ofereçam, mas por causa deles: ‘procuro a vós mesmos’.

Ser pai é ver no filho a dádiva maior que Deus oferece aqui na terra. É tratar essa dádiva com tamanho carinho que em nenhum momento se torna peso, carga, fardo. Filhos são herança e não força de trabalho. Filhos são seres que desenvolverão seus próprios caminhos e projetos e nunca deveriam ser aquilo que não fomos no passado e queremos impor para que sejam. A nossa maior frustração não pode ser lançada sobre eles, nem nossa maior ambição ser posta em seus ombros.

Porque são os pais que poupam para os filhos. Ou, eu diria, são os pais que poupam seus filhos. Em que sentido devem ser poupados?

Poupados de qualquer tragédia que tenha marcado nossa história. Eles não têm culpa do que aconteceu conosco e é preciso desvincular quem somos de quem eles são. Filhos devem ser poupados de nossas mágoas e sentimentos ruins. Não fale nada a eles quando quiser expressar sua raiva. Não diga que eles aumentam sua ira, que eles diminuem seu tempo, que eles reduziram seus sonhos. Poupados quando houver uma quebra do vinculo conjugal. Se isso acontecer não se vingue do seu ex-cônjuge falando mal dele ou dela para seus filhos. Você poderá não ter mais um marido ou uma esposa, mas sempre será o pai e a mãe de seus filhos.

Não crie neles o medo do casamento, o medo dos relacionamentos, o medo do amor.  Filhos sempre aprendem dos pais. Isso nem sempre implica que farão exatamente o que seus pais fizeram. Existem relatos muito numerosos de superação do abandono paterno e materno. Filhos que são um modelo de virtude com pais que foram modelo de descaminho e maldade.

Mas uma coisa é presente: a vida emocional da família se introjeta nos filhos e é preciso muito tratamento e ajuda para superar marcas inconscientes que os acompanham até a fase adulta. Se você já é pai assuma esse principal tripé pedagógico com seus filhos: cuidar, ensinar e prover. Na questão financeira, emocional e espiritual. Para que seus filhos quando crescerem não tenham medo da vida porque você lhes deu a melhor riqueza que existe: o amor que nada espera em troca.
Caleb Mattos.

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