‘Correr atrás do vento’ é uma frase muito usada no livro bíblico
de Eclesiastes. O autor do livro narra
todas as coisas que empreendeu na vida como tentativa de encontrar uma razão,
um sentido. Diz que fez muito e experimentou quase tudo. De bom e de ruim. Mas,
anos de tentativas de achar aquilo ao qual pudesse se agarrar e dizer: ‘é isso!”,
foram inúteis.
Porque a longa lista de rumos que deu á sua história o
deixaram numa situação até cômica: ele tentou agarrar o vento. E o vento é
livre, soberano. Não respeita nenhuma direção exclusiva. Ele aparece sem aviso
e some sem cerimonias. Tivemos até uma
Presidente que se propôs a ‘estocar o vento’. Mas duvido que conseguisse.
O vento é liberdade autônoma, própria do único que possui
este atributo. Justamente por isso é que a vida pode se tornar uma ‘corrida
atrás do vento’ como o cavaleiro de triste figura que combatia moinhos de vento
com sua lança. Se não dá para correr atrás do vento, se não é possível estoca-lo,
nem se pode combate-lo, o melhor é se render a ele. Rumar as velas da vida no
sopro que ele dá. Direcionar nossa nau a favor do sopro.
Porque desta maneira somos levados pelo plano mais sábio e
pelo rumo mais certo. Paramos até de ficarmos exaustos na tentativa de fazer
algo importante com o que recebemos de mais valioso. Deixamos que o vento nos
construa e nos conduza para onde ele desejar.
Eu me lembro de empinar pipa com meu filho. Quando o vento
não soprava eu tentava correr desesperado pelo campo para tentar criar um vento
artificial que fizesse voar o brinquedo e alegrar a criança. Mas, via de regra,
a pipa subia e caía no chão. Esforço dedicado para um resultado irrelevante.
Quando vinha o vento era só soltar a linha e lá no alto ela permanecia, bonita
e pequena, mas eficaz porque sustentada pelo sopro que a tudo eleva.
Chega de correr atrás daquilo que não se sustenta apesar de
seus esforços. Deixe o vento fazer o trabalho dele. A vida é pesada para
tenta-la coloca-la no ar. Eleve-se na condução dessa brisa que torna todo peso
em nada.
Caleb Mattos.
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